Felizmente,
Cá não é assim ...
«In another sign of the economy’s toll on the nation’s health care system, some hospitals say they are seeing fewer paying patients — even as greater numbers of people are showing up at emergency rooms unable to pay their bills. link
While the full effects of the downturn are likely to become more evident in coming months as more people lose their jobs and their insurance coverage, some hospitals say they are already experiencing a fall-off in patient admissions.» NYTimes 06.01.08
Ter que escolher entre pagar a comida e a electricidade ou fazer uma operação é triste...
While the full effects of the downturn are likely to become more evident in coming months as more people lose their jobs and their insurance coverage, some hospitals say they are already experiencing a fall-off in patient admissions.» NYTimes 06.01.08
Ter que escolher entre pagar a comida e a electricidade ou fazer uma operação é triste...
Com o aumento do n.º de falências de empresas questionamo-nos:
a) Quantas vezes se multiplicarão estas \"livres escolhas\"?
b) Quantos hospitais irão à falência? (num tempo em que deveriam contribuir para a estabilidade e coesão social...)
c) O novo presidente vai a tempo de evitar danos maiores na saúde e na equidade de acesso?
a) Quantas vezes se multiplicarão estas \"livres escolhas\"?
b) Quantos hospitais irão à falência? (num tempo em que deveriam contribuir para a estabilidade e coesão social...)
c) O novo presidente vai a tempo de evitar danos maiores na saúde e na equidade de acesso?
hermes
Etiquetas: Hermes
7 Comments:
Caro Hermes:
No meio da crise económico-financeira que foi gerada no seio e pelo core financeiro mundial (Wall Street) - não me canso de repetir esta evidência para estar sempre referenciado - sou invadido no meu écran, com um artigo oriundo da Medical University of Charleston, South Carolina (USA), produzido para o grupo Oxford Journals e escrito por um cirurgião cardio-torácico (uma espécie de Manuel Antunes de lá...), debruçando-se sobre questões éticas, o planeamento centralizado dos serviços (nos países com sistemas de saúde), o mercado livre e, naturalmente, a reforma dos cuidados de saúde...
FOUNDATIONAL ETHICS OF THE HEALTH CARE SYSTEM: THE MORAL AND PRACTICAL SUPERIORITY OF FREE MARKET REFORMS
Robert M. Sade
V Journal of Medicine and Philosophy 2008 33(5):461-497.
link
ABSTRACT
Proposed solutions to the problems of this country's health care system range along a spectrum from central planning to free market. Central planners and free market advocates provide various ethical justifications for the policies they propose. The crucial flaw in the philosophical rationale of central planning is failure to distinguish between normative and metanormative principles, which leads to mistaken understanding of the nature of rights. Natural rights, based on the principle of noninterference, provide the link between individual morality and social order. Free markets, the practical expression of natural rights, are uniquely capable of achieving the goals that central planners seek but find beyond their grasp. The history of this country's health care system and the experiences of other nations provide evidence of the superiority of free markets in reaching for the goals of universal access, control of costs, and sustaining the quality of health care.
O citado artigo incide sob um aspecto pouco explorado da Saúde, mas que é fundamental, na definição dos conceitos bioéticos, que se tornam fulcrais - fundamentalmente nos períodos de crise - na reformas dos sistemas de Saúde:
Medicina & Filosofia.
Na crise profunda, torna-se ainda mais relevante toda esta teorização doutrinária e o uso de uma sofisticada e manipulada retórica, dada a morte anunciada da equidade - "escolher" entre: comida, electricidade ou fazer a operação- e a emergência de discriminações, exclusões, medidas selectivas,etc).
Já nem falo da universalidade..., nem das gritantes necessidades de cuidados preventivos...
Vale a pena espreitar uma amostra (o abstract) de tão peculiar artigo
e, confrontá-lo com a situação actual , ou o seu previsível agravamento, nos EUA e em todo o Mundo, para ficar com uma pálida ideia do pensamento desta elite médica e do suporte institucional que a envolve (Indústria Farmacêutica, Hospitais, Fundações, Institutos, grupos Editoriais, etc.).
É espantosa a persitência e incansável teimozia dos teorizadores e defensores das doutrinas neo-liberais lá, como cá.
Só que lá não é no DE - ela é canalizada em prestigiados e especializados grupos editoriais como o Oxford Journals...Dirige a outros nichos de profissionais... aos que gravitam - como borboletas à volta da luz - os centros de decisão.
Se não conseguirmos atrender alguma coisa com esta megacrise (financeira e económica) sou tentado a recorrer a um ditado popular:
podemos limpar as mãos à parede...
Destes núcleos de resistência à reforma dos cuidados de Saúde, organizados, com suporte político-económico pouco visível, muito discreto, condicionado por elites dispersas mas coesas (indústria farmacêutica, seguros, organismos corporativos,?) facilmente, compreendemos a dimensão e as dificuldades dos problemas que Obama tem pela frente na área de uma reforma dos cuidados de saúde nos EUA.
A dimensão do negócio é gigantesca, mesmo em tempo de, mais do que certa, recessão económica...
Esperamos que Barack Obama privilegie, num primeiro tempo, uma resposta política para não ser torpedeado como foi, há largos anos, Hillary Clinton.
Hoje, o Mundo está diferente.
Apostila:
Como é hábito nestas publicações, de difusão em círculos restritos, o artigo citado é anterior ao rebentar da "bolha imobiliária".
Mas estão lá todos os ingredientes que contribuíram para fabricar a referida "bolha".
Estou convivcto que a prossecução desta filosofia (neo-liberal) levará ao rebentar de uma nova "bolha" que está a entumecer há alguns anos: - a dos credit cards.
Que também atingirá as instituições de saúde norte-americanas...onde o cartão de utente é o credit card (golden, de preferência).
As longas listas de espera encarregam-se de cavar tão ou mais graves injustiças no que concerne ao acesso dos cidadãos portugueses aos cuidados de saúde.
País de GAJOS PORREIROS!
Desde a saída de CC, o saudesa parece ter perdido certo elan na defesa do nosso SNS. Talvez por termos acreditado, erradamente, na redução dos riscos potenciais.
Erro crasso.
Como o comprova a recente aprovação do contrato PPP do novo hospital de Cascais (visto) pelo Tribunal de Contas.
O que significa que, dentro em breve, uma importante fatia do Serviço Público vai ser privatizada, com o aval do Estado, em regime de monopólio, concedido a um grupo privado (internacional) por dez (gestão) e trinta anos (exploração do edifício). Com todos os custos e prejuízos daí inerentes já aqui largamente analisados.
O recente exemplo da grave miopia (mais correctamente: cegueira total) do Banco de Portugal na fiscalização da actividade bancária, é mais um exemplo do que irá acontecer com a fiscalização do contrato PPP do novo hospital de Cascais.
Vamos estar atentos à actuação da estrutura nomeada pelo Estado, para a fiscalização de tão inédito contrato da nossa administração pública.
Pois é!
Temos andado um tanto distraídos.
Isto agora parece mais o SaudeObama.
Para que se perceba que níveis de insensibilidade social pode atingir a ideologia neoliberal. Aqui deixo o pensamento de um dos nossos gurus de economia em saúde (Pita Barros) sob conceitos de equidade e acesso, num debate promovido pela ERS.
Foi à roda da questão do papel das taxas ditas moderadores que andou a troca de ideias entre Manuel Delgado e Pedro Pita Barros, num debate em que Álvaro Almeida referiu, mais uma vez, que há discriminação de utentes do SNS pelo sector privado convencionado.
«Temos taxas moderadoras não para moderar a demanda, mas que funcionam como co-financiamento.» Foi com esta explicação sobre o modo de financiamento do sistema de Saúde em Cabo Verde, que, tal como em Portugal, tem como financiador e prestador maioritariamente o sector público, que Artur Jorge Correia, representante cabo-verdiano na 3.ª Conferência de Gestão Hospitalar dos Países de Língua Portuguesa, animou a discussão que se seguiu à mesa sobre «Os modelos base de financiamento da Saúde e as formas de pagamento aos hospitais: em busca da eficiência e da sustentabilidade», que decorreu no Taguspark, em Oeiras, no dia 31 de Outubro.
Da plateia, Manuel Delgado, presidente do conselho de administração do Hospital de Curry Cabral, elogiou a sinceridade do representante de Cabo Verde ao admitir que as taxas servem para ajudar a financiar os custos com a Saúde, já que «cá não se consegue assumir isso». Para o administrador hospitalar, em Portugal não se percebe se as taxas moderadoras servem apenas para «moderar o consumo» ou «também ajudam a financiar» o Serviço Nacional de Saúde (SNS). «Ainda bem que todos em Cabo Verde sabem», ironizou.
Por outro lado, Pedro Pita Barros, professor de Economia da Universidade Nova de Lisboa, desvalorizou o papel das taxas moderadoras no SNS, lembrando os «45% de isenções formais» e que a verba arrecadada por esta via não supera «1% do total da receita» dos hospitais.
Outra afirmação de Artur Jorge Correia que mereceu comentários foi a revelação da existência, no arquipélago, de um «escalonamento de pagamento, de acordo com o rendimento das pessoas».
Manuel Delgado questionou se essa diferenciação não pode ser perniciosa, admitindo o «risco» de um gestor dar prioridade no atendimento a doentes que mais contribuem.
Álvaro Almeida, presidente da Entidade Reguladora da Saúde (ERS), era o moderador do debate e tomou a palavra para lembrar que as investigações levadas a cabo pela ERS concluíram que «este é um problema que existe em Portugal», relacionado com o facto de as instituições privadas e convencionadas terem várias fontes de financiamento e tabelas diferentes para os utentes do SNS, dos subsistemas ou dos seguros de saúde. «Como as tabelas do SNS são mais baixas, os utentes [deste sistema] acabam por ter o seu acesso limitado ou mesmo recusado», explicou.
Situação que parece não ser demasiado perturbadora para Pita Barros, uma vez que, tirando as situações de urgência ou emergência, não lhe causa estranheza questionar-se «porque é que um doente que paga mais não deve ser atendido mais rapidamente». Afinal, esse doente vai contribuir para que quem paga menos também possa ter acesso aos cuidados de saúde.
Além disso, Pita Barros acredita que essa diferenciação já existe «implicitamente», quando se assume que nem toda a população frequenta o mesmo restaurante e que quem paga mais tem um acesso mais rápido e para quem paga menos tudo é mais lento.
Álvaro Almeida não resistiu à metáfora do economista e respondeu: «Não vamos todos ao mesmo restaurante, mas não sei se se aceitaria que no mesmo restaurante nos passasse à frente outra pessoa só porque esta fez uma despesa maior.»
Fonte – Tempo Medicina
UNIDADES ESTÃO A RECUSAR DOENTES INCURÁVEIS POR FALTA DE CAMAS
Profissionais criticam casos de "obstinação terapêutica e abandono" dos doentes.
Centros de Saúde vão ter equipas domiciliárias a dar apoio.
Na primeira unidade de cuidados paliativos do país, a funcionar no Hospital do Fundão, "o aumento enorme de doentes a precisar de cuidados paliativos" tem levado a que alguns sejam recusados. "A capacidade está esgotada em termos de internamento", diz o director do Serviço de Medicina Paliativa da unidade, Lourenço Marques. Muitas vezes, quando voltam a ter lugares, "o doente morreu, ou já não [se consegue] contactar".
O médico, que gere um serviço com dez camas, conta que 25 por cento dos doentes ali internados chegam menos de cinco dias antes de morrerem. "É de terceiro mundo. Quando estão moribundos, é que vêm", diz. "Alguns morrem a caminho, na ambulância."
Os cuidados paliativos servem para aliviar o sofrimento físico (com o uso de fármacos) e emocional (a equipa inclui psicólogos) de pessoas com doença incurável e progressiva. Os principais destinatários são quem sofre de cancro e de doenças neurológicas degenerativas e graves, entre outras.
"É horrível dizer que não"
Lourenço Marques sublinha que um doente que nunca foi tratado para a dor já não responde facilmente às terapêuticas. "Os sintomas ficam totalmente descontrolados e sofrem até ao final. Estes doentes não surgem de repente. A responsabilidade é da equipa de saúde que os assiste", defende, criticando os casos de "obstinação terapêutica e abandono" que diz existirem. "A continuidade de cuidados é obrigatória." Só este ano, morreram no serviço 100 doentes. Desde a sua criação, em 1992, morreram 1200, a que se juntam outros 100 que estavam a ser seguidos por apoio domiciliário.
O responsável diz que o hospital é "a única solução" em cuidados paliativos na área de Castelo Branco e Guarda. Neste momento, calcula que tenham oito doentes à espera de iniciar cuidados paliativos.
Jorge Maria Carvalho, médico coordenador da equipa domiciliária de cuidados paliativos da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão, no distrito de Setúbal, tem o mesmo problema: "Temos imensos pedidos mas não temos capacidade para mais." Esta equipa, que faz parte da Rede Nacional de Cuidados Continuados, dá apoio a um máximo de 30 pessoas mas tem muitas vezes que dizer que não - "é horrível dizer que não".
Aos doentes que ficam de fora resta-lhes ir às urgências quando se agravam os sintomas, ficam "numa situação de pingue-pongue". O objectivo da equipa domiciliária da Santa Casa que junta médicos, psicólogos, assistentes sociais e fisioterapeutas é prestar apoio para que os que queiram possam morrer em casa.
Listas de espera
Adna Gonçalves, directora da Unidade de Cuidados Paliativos do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, refere que "o serviço está sempre cheio" e só é possível dar resposta aos doentes do hospital. Mesmo assim, as 20 camas disponíveis não são suficientes e, no IPO, há doentes a receber cuidados paliativos noutras enfermarias. "Um terço dos que morrem com cancro beneficiaria com cuidados paliativos." Nos doentes que entram pela consulta externa, "há algumas semanas de espera".
Emília Fradique, enfermeira da equipa intra-hospitalar de suporte em cuidados paliativos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, sublinha que, além de "as ofertas não serem assim tantas e haver listas de espera, nos hospitais também se sentem outros problemas".
"Há falta de sinalização dos próprios médicos" quanto aos doentes a precisar de cuidados paliativos, alerta. A profissional de saúde refere-se a " clínicos que praticam obstinação terapêutica". "Investem mal nos doentes até ao fim. Estão preparados apenas para curar e não percebem as necessidades evidentes destes doentes e familiares."
Luís Capelas, professor do Instituto Superior de Ciências da Saúde da Universidade Católica, fez estimativas baseadas nas mortes em Portugal em 2007 e chegou à conclusão de que a cobertura nesta área não chega a um por cento das necessidades. "A grande falha no sistema são as equipas comunitárias móveis que vão às casas e aos lares. No que toca apenas ao número de camas, a cobertura é maior e chega aos dez por cento: existem cerca de 80 camas, seriam precisas 800. Cerca de 21 por cento das mortes em Portugal são por cancro e 60 por cento terão necessidades de cuidados paliativos", nota o especialista.
A coordenadora nacional da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (que inclui os paliativos), Inês Guerreiro, diz que na rede há 71 camas para paliativos. Até ao final do ano aponta-se para 150 camas de internamento e quer-se que todos os centros de saúde venham a ter equipas domiciliárias que também darão apoio nesta área. Para Inês Guerreiro, contudo, mais importante do que ter unidades específicas é levar a cultura dos cuidados paliativos a todo o sistema - com todos os profissionais empenhados no alívio de sintomas e apoio emocional. Por isso, estão a apostar na formação.
10%
O número de camas existentes apenas cobre dez por cento das necessidades: existem 80 quando seriam precisas 800.
Catarina Gomes in PUBLICO, 09.11.2008.
Nota de rodapé:
Infelizmente, parece que vivemos esta triste situação.
Precisamos de conhecer os fluxos de procura diferenciados (cuidados curta duração, média, longa e paliativos).
Estes fluxos devem determinar os eixos de desenvolvimento e de investimento deste diversificado tipo de cuidados.
Não gostaria, como qualquer português, de voltar a assistir ao triste espectáculo de, perante os protestos da população (p. exº.: contra o fecho de um SAP), serem oferecidos ad hoc cuidados continuados integrados e, até, unidades de cirurgia de ambulatório.
Sendo de louvar o trabalho já feito nos Cuidados Continuados - não é isso que está em causa - começamos a sentir que há necessidade de planear investimentos e gerir os recursos recursos disponíveis do MS e do MSST, tomando como base dados mais concretos, actualizados e reais.
Patamares de cobertura de 10% das necessidades, nem devem ser citados, porque de facto não têm qualquer significado (nem estatístico)
Finalmente, a rede de cuidados continuados e do cuidados paliativos de ser estruturada tendo um âmbito nacional, com pressupostos demográficos, epidemiológicos, nosológicos que são diferentes no Norte, no Centro e no Sul.
Sem querer retirar o mérito e o pioneirismo, ao IPO/Porto que precocemente avançou nesta área, em termos organizativos, i. e., na situação em que nos econtramos de building a network não faz qualquer sentido estratégico - os IPOs ou quaisquer outros HH's - custearem a sua "unidade privativa"....
Controlar os custos chavão tão repetido na gestão do SNS é, também, organizar, planear, investir em cuidados eficientes, sem se curvar aos caciquismos provincianos e/ou cosmopolitas que perduram na área da Sáude.
Pessoais ou Institucionais - têm o mesmo efeito deletério.
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