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Recuperar o estatuto moral dos EUA
Na sua primeira entrevista depois de ser eleito para a Casa Branca,
Obama mostra-se empenhado em recuperar a "estatura moral" do país
Há certas alturas do dia em que Barack Obama pensa: "Por onde começar para fazer avançar as coisas?" O desabafo foi feito na primeira entrevista desde que foi eleito Presidente, a 4 de Novembro. Mas Obama não está perdido, e as suas prioridades ficaram bem definidas: apanhar Osama bin Laden, fechar Guantánamo e tirar os Estados Unidos da crise.
A entrevista que o Presidente recém-eleito e a sua mulher, Michelle, deram ao programa 60 Minutes, da CBS, pode ser resumida assim, como fez a BBC: Obama está empenhado em recuperar a "estatura moral [dos EUA] no mundo". Isso implica cumprir algumas das suas promessas eleitorais, como por exemplo fechar o centro de detenções de Guantánamo, símbolo das grandes falhas de George W. Bush na "guerra contra o terrorismo" e dos atropelos aos direitos humanos em nome da segurança. E acabar com a tortura.
"Digo várias vezes que a América não tortura. E vou assegurar-me de que não torturamos."
Há outra promessa que tenciona cumprir assim que entrar na Casa Branca, a 20 de Janeiro. "Disse no decorrer da campanha, e mantenho essa posição, que assim que entrar em funções chamarei o estado-maior e os responsáveis da segurança nacional, e lançaremos um plano de retirada das tropas", garantiu. O plano é retirar o essencial em 16 meses, para deixar no terreno apenas as forças encarregues da luta antiterrorismo, recorda a AFP, ou seja, um prazo ainda mais curto do que o que ficou acordado no texto assinado ontem entre Washington e Bagdad, que prevê a retirada total até 2011.
Na lista das prioridades também está a continuação das buscas por Osama bin Laden, algo considerado "fundamental" para a segurança nacional americana. "É uma das grandes prioridades acabar de uma vez por todas com a Al-Qaeda", afirmou Obama, "particularmente à luz dos problemas que temos tido no Afeganistão, que continuaram a piorar."
O próximo chefe da Casa Branca adiantou que leva muito a sério as informações de que terroristas poderão estar a preparar um ataque. "Acho importante ter uma equipa de segurança nacional operacional, porque os períodos de transição são alturas de potencial vulnerabilidade a um ataque terrorista."
Aumentar a dívida
Foi o próprio quem voltou a reconhecer: "Os desafios que enfrentamos são enormes e múltiplos. E por isso há alturas do dia em que se pensa: 'Por onde começar para fazer avançar as coisas?'"
Na véspera, Obama afirmara que os EUA enfrentam "o maior desafio económico da nossa era". Ao longo da conversa, foram feitas comparações entre a actual situação económica e a grande depressão da década de 1930, com Obama a rejeitar um paralelismo: apesar de tudo, 30 por cento da população não está no desemprego.
Consequentemente, também não concorda com uma solução New Deal (programa de reformas económicas de Franklin D. Roosevelt para lidar com a crise). "Recriar o que existia nos anos 30 no século XXI acho que seria falhar esta oportunidade", afirmou.
"O princípio básico é que o Governo tem um papel a desempenhar em dar um impulso a uma economia que bateu no fundo... Este é um sistema de mercado livre, que funcionou para nós, que cria inovação e implica riscos, e acho que esse é um princípio a que temos que nos agarrar também", afirmou Barack Obama.
Mas o Presidente recém-eleito também garantiu que não terá medo de aumentar a dívida pública norte-americana para criar empregos. "Temos de fazer o que for preciso para pôr esta economia de novo a andar", assumiu. "E não nos devemos preocupar com o défice no próximo ano, nem no ano seguinte. A curto prazo, o mais importante é evitar o aprofundamento da recessão."
JP 18.11.08
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