quinta-feira, novembro 13

Na cauda da Europa


Segundo o estudo, divulgado hoje em Bruxelas, pela organização Power Health Consumer Powerhouse, Portugal surge em 26 º lugar numa classificação de cuidados de saúde em 31 países europeus. link
É uma queda em relação a estudos anteriores; em 2006 Portugal surgia na 16ª posição e em 2007 no 19º lugar.
De acordo com o estudo "uma das razões subjacentes ao sistema de saúde português é que o acesso aos cuidados de saúde é um dos piores da Europa". "Portugal ainda não conseguiu resolver o seu problema de acesso e de tempo de espera de tratamento, o que tem graves implicações para os pacientes e a capacidade do sistema em prestar cuidados.", afirmou Arne Bjornberg, director de investigação do Euro Health Consumer Index, inquérito anual dos cuidados de saúde na UE.

Em 1000 pontos possíveis num conjunto de 34 indicadores divididos em 6 categorias, Portugal obtém um total de 507 pontos. É o quarto país da União com pior resultado, à frente apenas da Roménia e Bulgária, da Croácia e da Macedónia (países candidatos à adesão) e da Letónia, última classificada.
Na lista, o primeiro lugar é ocupado pela Holanda (839 pontos), seguida da Dinamarca (820) e Aústria (784).

Publicado pela primeira vez em 2005, o índice é compilado pela Health Consumer Powerhouse, uma organização sueca especializada na informação aos consumidores sobre cuidados de saúde, a partir de estatísticas públicas e de pesquisa independente.
link
Pedro Moreira, com Agência Lusa, Bruxelas

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7 Comments:

Blogger Joaopedro said...

Este tipo de rankings é o que se quiser.
Basta atentar na lista.
A França em 10.º ?
Atrás da Alemanha?
Como é isso possível? !...
Critérios...
Esperem pelo ranking das estrelinhas da ERS para ver...

9:41 da manhã  
Blogger saudepe said...

Consultado o relatório fiquei com sérias dúvidas sobre o rigor das pontuações atribuídas a Portugal. Nomeadamente em relação a:
a) infant dieses vacination
b) MRSA infection
c) e-heath
d) Patients rights and information.

Se dúvidas houvesse sobre os propósitos deste ranking, basta atentar num dos subtítulos:
1.1 Bismarck Beats Beveridge – yet again!

1:39 da tarde  
Blogger rezingão said...

Já agora sabem quem financia esta organização?

3:04 da tarde  
Blogger tambemquero said...

... mas gostaria de saber!

4:19 da tarde  
Blogger rezingão said...

The HCP is a private healthcare analyst and information provider, registered in Sweden and owned by Mr. Johan Hjertqvist.

11:45 da tarde  
Blogger xavier said...

Todos os rankings de uma forma ou doutra comparam coisas incomparáveis.

O "Power Health Consumer Powerhouse" (o titulo sugestivo diz tudo), tem adquirido enorme popularidade entre nós nos últimos anos por razões óbvias.
Consta mesmo que a eng.ª Isabel Vaz mandou emoldurar todos os números desta "revista sueca".
A par disso talvez por deficiente recolha de informação, à primeira vista, parece-nos haver gritantes erros na atribuição das pontuações.

Temos feito significativos avanços em relação ao "e-heath" e à àrea de
"Patients rights and information."
Só a falha na recolha de informação actualizada pode justificar a baixa pontuação conseguida por Portugal nestas rubricas.

12:23 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Tal como outros aqui manifestaram, tenho também desconfiança quanto à isenção da entidade Health Consumer Powherhouse na avaliação dos sistemas de saúde. Esta suspeição reforçou-se quando esta organização não governamental introduziu o Canadá no seu modelo comparativo de serviços de saúde e ignorou o dos EUA. Procurava assim fazer valer méritos dos sistemas Bismarckianos sobre os do tipo Beveridge, omitindo uma situação a que, no limite, pode conduzir um sistema de saúde em que o Estado se afasta em benefício de organismos privados de financiamento e prestação.

Embora de pé a trás quantos às boas intenções da HCP, não se pode deixar de observar com preocupação a queda que anualmente se vem verificando do País no ranking comparativo (16º em 2006; 19º em 2007 e 26º em 2008). Se olharmos de forma descomplexada para a matriz das pontuações, conhecendo o nosso SNS não estranharemos o baixíssimo score que obtemos nas rubricas “informação e direitos dos doentes” e “tempo de espera para tratamento” em que apenas a Letónia consegue pior.

Tal como em muitas outras esferas do desenvolvimento social e económico, o País vai-se afundando nos rankings de desempenho das nações, vendo-se ultrapassado de forma sistemática por países mais pobres, mas com níveis de instrução mais elevados, que vão integrando a CEE. Internamente, as diferenças sociais acentuam-se sendo o fosso entre ricos e pobres dos maiores da OCDE, situação promotora da iniquidade no direito à informação e acesso a cuidados de saúde. Só aos distraídos pode pois surpreender a baixa pontuação conseguida nos parâmetros que compõe estes índices de classificação.

Em boa verdade é difícil para qualquer modelo de saúde provar (não esqueçamos que já fomos o 15º mundial numa avaliação da OMS) quando é alvo de políticas correctoras erráticas, frequentemente contraditórias, porque não discutidas e aprofundadas tendo em vista obter consensos políticos e aceitação social. E, o que se diz para a Saúde é extensivo à Educação, em que o triste exemplo das forças políticas (governo e oposições) e sindicais em confronto ameaçam deixar para as calendas a reforma do modelo público de escola acentuando a tendência para uma Educação a dois tempos: Colégios para os ricos e Escola Pública para os pobres.

Sendo legítima a desconfiança que devem merecer informações emitidas por organizações de pendor neoliberal, não nos devemos refugiar em anátemas mas partir para uma leitura crítica das mesmas.

5:56 da tarde  

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