sexta-feira, dezembro 12

Verbo, verbas, política (2)


Vimos como o estudo não analisou a qualidade, não fez adequada comparação com os hospitais e não explicou porque “presumiu que o HFF cumpriu, ao longo destes anos, as exigências de qualidade…». Neste ponto a surpresa aumenta sabendo nós que eles sabiam que a ARS não sabia qual era a qualidade – pág. 12: «o acompanhamento e a fiscalização da ARSLVT foram limitados, ao longo dos contratos, excepto em matéria de prestação de contas». Nos restantes pontos a surpresa não é menor porque os autores sabiam que houve problemas de qualidade – pág. 61: «(2004)… foi feito diagnóstico que reconheceu a deterioração dos padrões históricos de qualidade e de nível de serviço, para além da degradação reconhecida na motivação dos profissionais».

Verbas: uso da informação
Abundam exemplos de práticas e análises dispensáveis. Referir-me-ei apenas a 3.

1. Não fizeram o trabalho sobre os aspectos essenciais num hospital, sobre a comparabilidade da informação e menos o fizeram no que concerne ao carácter público – articulação e cooperação, garantia de equidade e não discriminação, etc. Então que atenção nos pode merecer a análise financeira feita para justificar os benefícios do modelo? Como aqui mostrou o Saudepe, nenhuma, tanto mais que o valor pago (encargo da comunidade) será semelhante ao do HSMaria, que deveria ser muito mais caro, porque mais complexo, diferenciado, com maior sofisticação e disponibilidade de serviços, com maiores problemas de gestão – até há pouco SPA, com graves problemas de excesso pessoal e rigidez de recursos.
O resultado financeiro é importante mas o objectivo principal de um hospital público não é o lucro e portanto mesmo que o lucro fosse maior (para a sociedade) sempre se perguntaria:
Quanto se poderia «lucrar» adicionalmente se tivesse havido muito mais 1ªs CE, CA e partos no HFF?
Quanto se lucraria em produção e qualidade se houvesse menos precariedade e rotação do pessoal?
Quanto se lucraria se a qualidade fosse maior (menos infecções, quedas, úlceras de pressão, etc.)?

2. Os autores terão consumido muita energia em:
Apresentar as linhas estratégicas 2005-2008, não o tendo feito para períodos anteriores, e não provando que são mais que intenções. Ex.: «Máxima qualidade; Máxima satisfação de utilizadores; Máxima satisfação de profissionais; Máxima eficiência; ...» etc. (a realidade não acompanha as intenções).
Trabalho longo e pormenorizado sobre o acompanhamento pela ARSLVT que lhes permitiu concluir (pág. 16): «custo global do contrato do HFF … terá sido certamente agravado se tiverem sido consumido custos desproporcionados (quanto?), em medidas de acompanhamento excessivas (quais?) (por multiplicação ou sobreposição) (onde?), em litigância (processo não justificados) (quais?) e em consultadoria ineficaz (outputs errados e/ou enviesados)». (quais?) (pergunto: os autores concluíram isto tudo? Após ler todos os relatórios, estudos e processos do período? Depois de terem entrevistado os principais autores?)

3. A apresentação de informação não é completamente escorreita.
Volume de produção não é eficiência, ainda que tomado por período inferior ao ano (ex. doentes por dia) – sê-lo-á se a produção for relacionada com um recurso usado (ex. consultas/ hora médico). Na fig. 10, dos 5 indicadores 3 não são eficiência. (já agora: «produtividade aumenta em todas as especialidades»; são actividades, conjuntos de produtos finais idênticos produzidos por Serviços (frequentemente) com várias especialidades.
É essencial usar os conceitos normalizados no País e na Saúde, operações (= doentes operados) o HFF apresenta intervenções e doentes daí não ser possível calcular a % doentes CA. Outros ex.s: a) Figuras 15 a 20: não se indica o ano; b) Quadro 12 nada diz sobre a unidade e sobre os valores (constantes, nominais).
Na pág. 53 era forçoso reconhecer que a margem é boa: 1º Por comparação com a dos EUA (e HFF foi entregue sem investimento); 2º Só num ano foi negativa e o sistema de pagamentos propiciou um fundo de maneio negativo de 1995 a 2005 (tal como os hipermercados da Sonae); 3º Só «… numa 2ª fase de 2005 recorreu a melhoria contínua …para reduzir custos…», pág. 27, se o tivessem feito antes a margem seria maior). (Alternativa: comparar o financiamento do HFF com os preços propostos pelo Mello para o H Braga).
«(2004)… diagnóstico que reconheceu a deterioração … » (pág. 61). Porque não se publicou a evolução dos diversos indicadores de qualidade e da área operacional antes e depois?

4. Fiabilidade da informação
Há dois valores diferentes da % 1ªs CE para 2007 (quadro 8, fig. 18). O próprio relatório aponta problemas (ex. ETC, quadro 6).
O quadro 12 coloca em causa o sistema de informação do HFF. Os custos, mesmo para 2003, são «estimados»? Quererá isso dizer que os custos não estão conferidos e adequadamente compatibilizados com a CG?
A fig. 13 diz-nos, aparentemente, que até 2003 não houve doentes de Subsistemas (salvo CE). Sendo verdade será mau: se foram tratados “como SNS”, os contribuintes pagaram e não deviam; se o não foram como pode um hospital público do SNS (HFF) discriminar esses doentes no acesso?
O quadro 12 mostra, de 2003 a 2007, redução continuada dos custos unitários na urgência e no internamento médico em valores nominais (depreendemos) que atingem 19,8% (SU pediátrico). Estará a informação correcta e, no caso afirmativo, a que se deve tal diminuição? Maior eficiência, menor qualidade e/ou diferenciação?
A composição do doente padrão do HFF é influenciada por menor % CA (estarão no internamento?) e maior % de SU. Como o custo do SU vem a cair é de supor que a diferenciação será menor que a média, daí ganhar na conversão pelos custos médios dos hospitais.

Política
Fazem-se acusações (name, blame, shame) pouco fundadas, “não havia necessidade”. Perpassa no texto a noção de que o modelo não correu melhor apenas devido à ARS. Tal singularidade (na culpa) e linearidade (da conclusão) parecem-nos estranhas, porque:
a) Todos sabemos que o contrato inicial era demasiado vago e incompleto, prestando-se a diversas interpretações e dando expectativas e direitos às partes (recusar alterações?). Segundo o estudo as alterações ao contrato foram positivas (pág. 11) mas insuficientes para evitar vários conflitos abertos (posteriormente).
b) Os problemas reportados pela ARS mereciam a cooperação da MS e eram importantes (pág. 14):
«Insuficiente identificação de doentes; divergências na classificação de episódios clínicos;
Dificuldades de apuramento e reembolso das parcelas variáveis da remuneração; pedidos de reposição do equilíbrio financeiro; Outras: contabilização indevida de actos médicos, ausência de registos clínicos, ….»
c) O estudo reconhece que o HFF “não estava bem” (pág. 61, 60, 59, 58): «(2000 a 2004) deterioração dos padrões históricos de qualidade e de nível de serviço, para além da degradação reconhecida na motivação dos profissionais e na situação financeira»; «em 3 anos (2000 a 2005) a SG conheceu 3 CE»; «sequência de greves em 2004…»; «mal-estar generalizado…»; HFF não assegurou SU Obstétrico mais que uma vez.
d) O estudo reconhece que várias entidades confirmaram a justeza da posição da ARS (pág.13, 15, 59): TC em 2 auditorias (2005; 2006) «dados financeiros da empresa não são fiáveis nem definitivos por não ter havido acerto de contas desde 2002 …»; Inspecção conjunta da IGF e IGS «implicou a suspensão das actualizações… veio confirmar as dúvidas da ARS». Finalmente o estudo parece reconhecer, pág. 76, a “culpa” da Mello Saúde: «o que falhou, claramente, no projecto do HFF foi a reconhecida incapacidade de criar uma relação construtiva com o Estado …».

Várias afirmações, incluindo a da página 16 já citada, não terão sustentação bastante. Dever-se-ia antes atentar na dificuldade de controlar uma empresa tão complexa como é um hospital, sobretudo com contrato inadequado.
Estranha é também a ligação que o estudo faz (pág. 79), depois de reconhecer que o acompanhamento foi apenas de «prestação de contas»: «desconfiança na capacidade de monitorização dos contratos pelo Estado significa que, nas PPP em saúde, só os riscos estritamente financeiros ficarão salvaguardados…». Esta afirmação (e ligação) leva à questão: porque não concluíram então que nestas condições não se deveria avançar para PPPs?

A politização das apreciações continua (pág.s 75, 58): «… hostilidade política latente à gestão de um hospital público por uma entidade privada»; «…agravado pelo ambiente político dominante da área geográfica em que o HFF se encontra implantado.». As Câmaras são rosa e laranja, como as da esmagadora maioria dos concelhos (?!).

Orapronobis

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11 Comments:

Blogger SNS -Trave Mestra said...

Quanto terá custado este estudo à JMS?
Talvez uma verba semelhante à que o Estado pagou pelo estudo das PPP à Universidade do Porto.

Independentemente da qualidade do estudo, valeu a chancela da U. Nova e os títulos dos jornais para trazer às primeiras páginas esta matéria.

Esta análise do Orapronobis vem comprovar que afinal, uma vez mais, o rei vai nu.

Mas a "imagem" dos muitos milhões de poupança do Estado à custa da gestão exemplar da JMS vai perdurar.
A verdade fabrica-se. Mesmo que para isso seja necessário dispender uns largos milhares de euros na aquisição de um estudo sofrível.

1:32 da manhã  
Blogger Hospitaisepe said...

GATO por LEBRE
Fica-nos a ideia, depois de ler esta análise do Orapronobis ( alguém muito estreitamente ligado ao processo do HFF), que se impõe a efectuação de um estudo independente (mais isento)sobre a experiência da gestão privado do HFF.

Haverá muita coisa por desvendar.

O conhecimento aprofundado desta experiência é da máxima utilidade para o processo de tomada de decisão futuro sobre os modelos de gestão do SNS com melhores vantagens para os utentes e contribuintes.

1:52 da manhã  
Blogger ochoa said...

Quanto valerá esta análise brilhante do Orapronobis a preços de mercado ? (Jornal Público, DE, Expresso. Aqui o peso das vedetas também se fará certamente sentir).

Disponivel no saudesa, graças à generosidade do autor, sem encargos de edição/publicação e a acessibilidade que a internet permite.

A internet, outro portentoso meio de realização da democracia, veio incomodar (e de que maneira)determinados sectores de informação (defensores de interesses essencialmente corporativos e muitas contas para pagar) que terão de procurar novas fórmulas para se adaptarem à nova realidade.

2:17 da manhã  
Blogger tambemquero said...

«o que falhou, claramente, no projecto do HFF foi a reconhecida incapacidade de criar uma relação construtiva com o Estado …».

Fulcral este ponto da análise desta experiência.
Quem conhece o patrão Salvador de Mello, compreenderá melhor a dimensão desta conclusão.

2:23 da manhã  
Blogger ochoa said...

A solução encontrada para saldar as dívidas vencidas da Saúde só resolve a questão a curto prazo. O receio é dos gestores hospitalares, que não sabem como vão os hospitais começar a pagar a horas se até agora não conseguiram.

É a questão que se coloca depois de finalmente ser conhecida a dívida crítica do Serviço Nacional de Saúde, avaliada em 908 milhões de euros, 891 dos quais relativos aos hospitais (727 só nas unidades com gestão empresarial - EPE). O problema desta dívida é que não foi saldada no prazo de 90 dias acordado com os fornecedores: os pagamentos demoram, em média, um ano. E foi para essa que o Governo alterou o Fundo de Apoio ao Sistema de Pagamentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com o qual garante pagar o devido até ao fim do ano.

A ideia é os hospitais EPE depositarem nesse fundo parte de capitais que tenham disponíveis, para depois os que precisarem solicitarem ajuda. E reembolsarem em 180 dias, com juros. Ora, se até agora os hospitais não conseguiram pagar a tempo e horas aos fornecedores (de medicamentos e dispositivos médicos), a pergunta é como vão conseguir fazê-lo ao fundo. "É a questão central. Não sei", respondeu, ao JN, um administrador hospitalar que prefere guardar o anonimato.

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) também diz que "é uma questão que é preciso esclarecer". No entender de Pedro Lopes, o fundo criado pelo Governo (que contará com 800 milhões de euros, 200 já existentes e 600 depositados pelas unidades EPE) vem, "mais uma vez, procurar resolver a questão numa perspectiva conjuntural e não estrutural, dilatando o problema para mais tarde". Há coisas a resolver antes: a eficiência da gestão e o desperdício.

"Das duas uma, ou o dinheiro não chega, ou não está a ser bem gerido", diz o ex-administrador hospitalar. E se não chega - ousa avançar, admitindo a "heresia" da proposta" -, o problema tem de ser resolvido "como ninguém o quer resolver neste momento: através de reforços orçamentais". Como acontecia antes de os hospitais se terem transformado em entidades públicas empresariais.

Perante o quadro, Pedro Lopes prefere antever só "o primeiro momento" da solução apresentada pelo Governo. Ou seja: os hospitais vão pedir dinheiro ao fundo e sabem que isso vai ter um determinado custo. O resto é uma incógnita. "As unidades estão a fazer o melhor que podem, de tal forma que algumas têm resultados positivos", garante o presidente da APAH. Este ano, haverá onze hospitais sem prejuízo, contra sete no ano passado. "Mas todos sabemos que há alguns que não estão a trabalhar tão bem".

Questionado pelo JN quando deu conta dos 908 milhões devidos, o secretário de Estado adjunto e da Saúde admitiu esperar que "a contínua melhoria da gestão" dos hospitais - verificada há três anos e que, diz, não deixou que a dívida crescesse - permitisse a entrada das contabilidades nos eixos. E disse acreditar que, pagando dentro do prazo, as administrações poderão negociar contratos de fornecimento mais baratos.

Certo é que os valores apresentados não convencem a Oposição. O deputado do PSD Carlos Miranda acusa o Ministério da Sáude de esconder sistematicamente a dívida e de só apresentar parte do valor devido. Nos 908 milhões de todo o SNS, diz, não cabem sequer os 770 devidos pelos hospitais à indústria e os 350 que os fornecedores de dispositivos médicos têm a receber. Valores estes que reflectem a divida total.

JN 09.12.08

11:41 da tarde  
Blogger aidenós said...

Aidenos said…

Se o Orapronobis me pudesse garantir que a excelência dos professores da U. Nova, a começar pelos que integram a ENSP, habilitava, só por si, com a capacidade de rigor, de justeza e de fundamentação da análise que ele próprio nos proporcionou corria já hoje a inscrever-me para a próxima época. Infelizmente não é assim. Os autores do estudo em análise talvez tenham recebido excelentes ensinamentos, mas, para a análise que fizeram, pouco mais trouxeram do que o nome da U. Nova, quando o que se exigiria seria profundidade, clareza e rigor, ou seja, que se mostrasse, sem margem para dúvidas, o nexo de causalidade entre a informação analisada e cada uma das afirmações que produziram. Dito noutros termos, conhecimento específico do que estava em causa (um hospital inserido no SNS e não uma qualquer empresa), esforço persistente na selecção e recolha e na interpretação da informação capaz de traduzir esse desempenho específico, não eram dispensáveis no trabalho que empreenderam.
Se o esforço para adquirir esse conhecimento e seleccionar a informação relevante foi feito, o mínimo que podemos dizer é que não transparece: nos casos em que alguma da informação foi recolhida, o que parece é que o esforço terminou no ponto em que se chegou a uma leitura que suportasse a conclusão preestabelecida, mesmo se outras podiam e deviam ser feitas, como a análise do Orapronobis demonstrou proficientemente.

Por isso, pouco mais fica para dizer:

- Como era de esperar, o Relatório de Avaliação, longe de ser um trabalho independente – foi encomendado e pago pela HAS-SG-Hospital Amadora-Sintra, Sociedade Gestora, SA – é marcadamente apologético. De outro modo, certamente a HAS-SG, que tem interesse confessado na realização de lucro (actual e futuro), não aceitaria de bom grado pagar os honorários estipulados;

- Essa característica esperável, exigiria dos seus autores profundidade, clareza e rigor de análise e de argumentação que eliminasse aquela suspeição e criasse credibilidade para ambas as partes envolvidas – a U. Nova e a JMS – mas o que surpreende é que se apresentem tantas e tão graves fragilidades como as que foram referidas. Designadamente, no que respeita à organização e gestão – pag. 30 e seguintes – até duvidámos se os autores se não limitaram a reescrever documentos que lhes foram facultados;

- O rigor do doente padrão foi posto em causa pelo Orapronobis: “A composição do doente padrão do HFF é influenciada por menor % CA (estarão no internamento?) e maior % de SU. Como o custo do SU vem a cair é de supor que a diferenciação será menor que a média, daí ganhar na conversão pelos custos médios dos hospitais.” Parece-me, no entanto, que devem ser levantadas sérias reservas ao próprio processo utilizado na conversão de CE, CA, HD ou SU em equivalentes dos internamentos. Dir-se-á que o HAS não foi o criador deste processo, mas a verdade é que o utilizou para demonstrar superioridade sobre os outros, sem atentar nas limitações que o mesmo apresenta. Ora, como se compreende, as respectivas medidas de equivalência para essa conversão são válidas apenas no âmbito restrito de cada Hospital, e mesmo assim, com cedências de rigor e exactidão. Dependem de uma multiplicidade de factores, desde a política de afectação de recursos, à diversidade oferecida, passando, obviamente, pela produtividade conseguida por cada um dos HH. Sabendo quão pouca fiabilidade merece a nossa contabilidade analítica – o HAS até foi dispensado de a apresentar, o que muito me surpreende! – parece forçoso concluir que utilizar o custo do doente padrão na análise de desempenho financeiro comparado tem escasso poder demonstrativo; sobretudo, não pode permitir estabelecer rankins e extrair as conclusões com que conclui o Relatório.

11:46 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

A sociedade gestora conhecedora da fraqueza do Estado preocupou-se apenas em segurar os riscos financeiros . Quanto à desnatação, up-coding, problemas de qualidade e classificação de actos, etc. passava tudo.
Confirmada a fraqueza do Estado nos treze anos de exploração do HFF, permitiu aos Mellos a aventura da baixa abrupta de preço em relação ao concurso do Hospital Universitário de Braga.

A propósito não é demais lembrar que os Mellos apresentaram a este concurso uma proposta inicial de 1.019 milhões de euros, 14.1% abaixo do Custo Público Comparável (1.186 milhões de euros).
Na 2.ª fase do concurso baixaram para 794 milhões de euros (menos 225 milhões, ou seja, 22% abaixo do CPC).
Até onde poderá ir a irresponsabilidade.
E o MS, o primeiro ministro, José Sócrates, aceitaram com sorrisos esta situação.
A começar assim podemos facilmente antever o que vai acontecer na exploração do contrato deste grande hospital.

11:29 da manhã  
Blogger Clara said...

Depois desta péssima experiência do HFF e o que se passou com o concurso do hospital de Braga com descontos de 225 milhões, a assinatura do contrato de PPP efectuada no passado dia 07 Dez é a demonstração que o Estado não aprendeu nada e que persiste em lançar o SNS no abismo.

10:19 da tarde  
Blogger cotovia said...

Chegou a vez dos médicos

Na semana passada, os sindicatos ficaram a conhecer a proposta do Ministério da Saúde para a revisão da(s) carreira(s) médica(s). O SIM chama-lhe «disparate», a Fnam vê nela o propósito de criar um «conflito indesejável». Pode dizer-se que o documento provocou um calafrio generalizado entre os dirigentes médicos, tão revolucionário se apresenta (ver.
Que curso tomarão os acontecimentos? Assistiremos a um calafrio colectivo, se é verdade que, historicamente, só é possível unir os médicos contra algo? O tempo dirá que consequências vai ter a proposta ministerial que, aliás, não constitui total surpresa – acumulavam-se sinais indiciantes que os dirigentes médicos treinados bem interpretaram. Também porque estamos perante o recurso a uma velha táctica, a de, por via de um ataque que no imaginário da opinião pública se confunda com rasgo justiceiro, se distraiam atenções ou obtenham ganhos a jusante ou a montante. Não é novidade na área da Saúde; lembramo-nos de como os médicos (e os militares) cimentaram, contrariados, duas maiorias absolutas nos anos 80. A táctica exige a rotação dos corpos sociais visados. Chegou a vez dos médicos.

TEMPO MEDICINA 2008.12.15

Depois dos professores será que chegou a vez dos médicos?

12:03 da manhã  
Blogger e-pá! said...

Caro Cotovia:

Não chegou a vez dos médicos, tal como muita gente julga, porque os sindicatos médicos e a sua Ordem, não vão repetir percursos, nem parecem dispostos a encaixar o jogo de cintura governativo, que é sempre o mesmo: pôr os utentes contra os que contestam... apresentá-los como improdutivos, prosmiscuos nas realções de trabalho e desonestos na aquisição de benefícios materiais, etc..
Já conhecemos como profissionais a táctica, o País começa a ficar saturado de ouvir o estilo aleivoso, repetitivo, habitual da candura governamental e os pérfidos intuitos dos cidadãos... que em princípio deviam estar a servir.

Mas, na realidade, o que parece suceder é exactamente o contrário.
Parece que o Governo tem contas a ajustar com toda a gente: professores, enfermeiros, militares, médicos, magistrados,... parece um macabro jogo de um contra todos..
Ou então um novo desígnio de Sócrates - o justiceiro!.
Só que as quatiúnculas permanentes com os todos grupos profissionais vão acabar por cansar os portugueses, enquanto cidadãos, e virar-se-ão contra o actual Governo... por generalização de conflitos sociais.

Bem. Daqui a menos de 1 ano chega a vez dos cidadãos ajustarem contas.
O ciclo político é este.
Nao é o da rotatividade dos corpos sociais a visar, a estrangular, a debilitar, a domesticar, a retirar capacidade económica, a proletarizar,...
Senão, essa rotatividade seria aleatória e tão deversificada que o Governo acabaria metido num vespeiro!
Na verdade, factos semelhantes a esta pacífica submissão a uma rotatividade rotatividade (aparentemente dependentes do arbitrio divino) sucederam no processo histórico. Mas, hoje, numa sociedade laica, nem a submissão será mansa, nem o processo pacífico.

Então aquela histótia da re-qualificação dos médicos de 5 em 5 anos - que penso por uma questão de equidade que este governo utiliza à outrance para se justificar - deve ser extensível a todos os grupos profissionais (engenheiros, advogados, economistas e gestores, etc), resolveria muitos problemas do País.

Por exemplo, as qualifificações do Engº Sócrates que ao fim de 8 (?) anos de deputado e 5 (?) no governo (só daqui a 1 ano sabemos quantos serão na totalidade) cairiam automaticamente na rua, já nem vou referir por questões de conhecimento e desempenho profissional, mas pelo não exercício da actividade específica, por desvio de funções...

Ou então, porque não investigar também sobre a qualificação dos economistas e gestores portugueses que estão por detrás da crise económico - financeira que actualmente abala o nosso País e o Mundo?

Na verdade, valia de pouco.
Para além de muitos não serem economistas, nem gestores, mas simplesmente advogados (licenciados em Direito com experiência em gestão de empresas) a grande parte pertenceria a uma nova classe e brilhante grupo profissional:
de ex-Ministros ou ex-secretários de Estado!
Grupo este que têm tanta aversão a qualquer "requalificação", isto é, submeter-se a novos veredictos eleitorais, como Maomé ao toucinho...
A sua qualificação é o dinheiro. E as suas re-qualificações são anuais - para os mais afortunados saiem na revista Forbes...

Ah! Há sempre a possibilidade de criar excepções para os políticos, que devendo ser raras e esparsas, começam a ser cada vez mais frequentes em democracias como a nossa.
Isto é, nas democracias onde o capital capturou o Poder e insidiosamente pôs ao seu serviço o aparelho de Estado.

9:51 da manhã  
Blogger saudepe said...

Uma excelente e certeira análise do "estudo" da Nova sobre os treze anos de Gestão dos Mellos do HFF.
Uma experiência em que o gestor privado teve quase como única preocupação o êxito finançeiro da mesma.
Estou certo que a ministra da Saúde, Ana Jorge, terá feito, ou terá mandado fazer, ou ter-lhe-ão feito chegar, uma cópia do excelente trabalho do Orapronobis .

5:21 da tarde  

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