segunda-feira, maio 18

Controlo de infecção hospitalar

Segundo o Público link de hoje um recém-divulgado Relatório da Inspecção Geral das Actividades em Saúde refere que 15% dos Hospitais do SNS reconheceram não dispor de “políticas e procedimentos de prevenção e controlo de infecção”.
No sector privado, afirma o mesmo relatório, 25 por cento das unidades não fazem auditorias periódicas para prevenir infecções.

Acrescenta ainda o jornal que “Cristina Costa, da Divisão de Segurança do Doente da Direcção Geral de Saúde, admite que a situação não é óptima, mas realça que tem melhorado muito nos últimos anos.”

Mas então a Inspecção constata que no SNS há hospitais que não dispõem de políticas e procedimentos de prevenir e controlar a infecção e não acontece nada?
E vinte cinco por cento das unidades privadas ignoram o problema da infecção hospitalar e continuam abertas só porque nos últimos anos era ainda pior?


E a Divisão de Segurança do Doente (este título só pode ser mesmo ironia) satisfaz-se com o facto de a situação ter vindo a melhorar?
Repare-se que não estamos a falar da estrutura, que poderia dar origem às desculpas habituais. Estamos muito simplesmente a falar do processo.
Ou seja, da vontade das pessoas em melhorar a segurança dos doentes.

Sr.ª Ministra, se não têm vontade porque não os dispensa?
Brites

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14 Comments:

Blogger e-pá! said...

OS “TIQUES” AUTORITÁRIOS NOS SERVIÇOS PÚBLICOS...

O caso do enfermeiro do Serviço de ORL do H. S. João (Porto), vítima de um processo disciplinar tendo em vista o seu despedimento com justa causa, foi levantado no Parlamento pelo deputado João Semedo à Ministra da Saúde.
Trata-se, de facto, uma decisão administrativa desproporcionada e, como afirmou o deputado “releva uma concepção antidemocrática e totalitária sobre os direitos e liberdades dos trabalhadores e cidadãos”.Quando um cidadão exerce em plenitude os seus direitos, reclamando por carta junto da Administração hospitalar, uma entidade pública empresarial, sobre circunstâncias relativas ao seu exercício profissional no estabelecimento onde trabalha, não pode ficar sujeito a medidas intimidatórias atentatórias desse exercício de cidadania.
Não deve ser incentivada a denúncia maliciosa, perfida, pidesca, mas, ao que me refiro é ao incremento de mecanismos de agilização na comunicação entre os profissionais dos HH's e, entre estes e as Administrações, o mais horizontalizada possível.

A reclamação deveria originar um inquérito interno, de preferência conduzido pelo IGAS, para apurar as circunstâncias relatadas. Apurar as circunstâncias é um acto de averiguação sem sujeito. Só perante o resultado desta diligência prévia, se concebe que possa haver, ou não, lugar a um ou vários processos disciplinares dos intervenientes no caso.

Neste caso, segundo relata a impressa, link (pág. 13) o reclamante foi “ameaçado” com um processo disciplinar que, entretanto, entrou em “banho maria”.

Embora a notícia não seja explícita, a reactivação do processo, entretanto, “adormecido” pela Administração hospitalar, terá ocorrido depois do enfermeiro, no exercício dos seus direitos de cidadania, ter feito uma exposição ao Sr. Presidente da República.

A exposição ao Presidente da República, que a terá encaminhado para o organismo governamental competente, não é nenhum crime, já que se julga ofendido nos seus direitos constitucionais, depois de ter utilizado, sem consequências, a reclamação pela via hierárquica.

Entretanto, o citado enfermeiro, já tinha sido vítima de uma medida sancionatória administrativa – a “transferência compulsiva”.
Poderá dizer-se que as transferências de pessoal no âmbito hospitalar são prerrogativas da administração, mas devem ser exercidas com fundamento na melhoria do funcionamento dos Serviços, na melhor adequação do trabalhador a outra área específica e a pedido do trabalhador. Não devem ser medidas discricionárias. Neste caso, mais parece uma medida “punitiva”, prévia a qualquer averiguação.

Aliás, todo este processo sugere que o trabalhador da Saúde em questão é vítima de um processo disciplinar porque, no uso dos seus direitos, fez este “caso” extravasar os muros do Hospital. Não acatou aquela incrível máxima: “come e cala-te!”

Este caso ganhou dimensão política, mais uma vez porque o trabalhador resolveu estender a sua reclamação aos órgãos do Estado, aproveitando um direito que a Constituição lhe oferece:
CRP - Preâmbulo
Tarefas fundamentais do Estado
Artigo 9.º
São tarefas fundamentais do Estado:
a) ….;
b) Garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do Estado de direito democrático;
Finalmente, resta-lhe ainda o recurso aos Tribunais.
Só espero que no caso de se chegar ao recurso judicial e, se, por acaso, a Administração do Hospital for condenada, por exemplo, a pagar uma indemnização ao reclamante, não o faça – como há pouco tempo foi detectado na Administração Local pelo Tribunal de Contas - com o dinheiro dos contribuintes…

Esperemos, então, a resposta da Srºa Ministra à pertinente pergunta do deputado João Semedo.

12:11 da tarde  
Blogger Clara said...

Todos os anos morrem milhares de cidadãos por infecções contraídas nos hospitais da UE e dos EUA.
No nosso país não há informação sistematizada sobre esta matéria.
Conhecem-se mal as taxas de infecção dos hospitais do SNS.
O que não se sabe, não existe.
O principal responsável por todo este desleixo é indubitavelmente o MS.

1:25 da tarde  
Blogger Hermes said...

1- O Brites toca na ferida (onde nos dói). Quando se destapa uma cratera destas não há consequências nem medidas imediatas anunciadas? Se nada acontecer então estará a sinalizar-se como assunto sem importância.

2- Mas não são apenas as infecções que não são objecto de planeamento, organização e controlo adequados nos nossos hospitais. Toda a qualidade - segurança de pessoas e de doentes, gestão de riscos clínicos, revisão de utilização e auditoria clínica, entre outras áreas -, salvo algumas honrosas excepções, não é objecto de monitorização e avaliação, muito menos de programas de melhoria e compração de resultados e métodos com unidades com boa prática. Nesta área temo que estejamos a afastar-nos do resto da EU, não é preciso ir muito longe basta ver a diferença para os nossos hermanos.

3- Se a qualidade é o mais importante nos hospitais então deve ver-se em:

a) Estruturas e programas nacionais de qualidade, incluindo de auditoria e avaliação (não apenas as despesas e obras classificadas como qualidade e as habituais e piedosas declarações sobre humanização e «colocar o doente no centro»).
b) Orientações da tutela definidno as prioridades, estabelecendo resposnabilidades, fixando metas mínimas a atingir por todos os hospitais - clarificando o papel das diversas entidadse chamadas a garantir o cumprimento dquelas orientações.
c) Obrigatoriedade de plano de qualidade integrado na estratégia, com planos e objectivos anuais, estrutura adequada em todos os hospitais.
d) Auditorias e avaliação periódica com difusão pública de resultados e actuação sobre os hospitais que não cumpram as orientações e os "mínimos" em qualidade.

4- Estamos a pedir muito? Não será um direito dos doentes e da população ver garantidas a qualidade dos cuidados e dos atendimentos? Não é um dever dos dirigentes corresponder a esse direito, afirmando «presente» e «nós garantimos»?

Abraço para o Brites e para os colegas de blogue que vejo muito calados e arredios .

9:35 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Somos de facto um país de brandos costumes. Conseguimos conviver com toda a sorte de atropelos à segurança e bem-estar dos cidadãos, neste caso da Saúde. No SNS Britânico encerram-se serviços, mesmo hospitais, quando caem abaixo de um determinado patamar de qualidade, por cá nem regras mínimas de prevenção de risco estão a ser tomadas por unidades públicas e privadas.
As “misérias” do sistema vão sendo conhecidas por notícias avulsas, geralmente vindas de fora quando as coisas tomam proporções incontidas, como a do recente surto de infecção por Clostridium difficile no Hospital de Faro. Do topo á base do nosso sistema de saúde há de facto um deficit clamoroso de “accountability”, o que explica que quase nunca rolem cabeças por boas razões. É mais fácil ter-se um processo disciplinar à perna por questões menores, como seja a de delito de opinião, como parece ser o caso relatado da carta enviada ao Presidente da República por um enfermeiro, que por incumprimento de regras obrigatórias de prevenção ou tratamento da doença. Assim dificilmente sairemos deste atavismo que se nos cola à pele como um sinapismo.

11:05 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

Segundo julgo saber a DGS estabeleceu um Protocolo com o SUCH "visando o desenvolvimento de uma parceria para a implementação do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção Associada aos Cuidados de Saúde (PNCI),
assumindo o SUCH o título de sponsor exclusivo." linkOs protagonistas destas tristes histórias são sempre os mesmos.
Ninguém actua porque todos têm culpas no cartório.

12:15 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Despacho n.o 14.178/2007

aprovo o Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Infecção
Associada aos Cuidados de Saúde (PNCI), e determino que:

a) Seja criada uma rede nacional de registo de IACS;

b) A coordenação nacional do PNCI e da rede nacional de registo
de IACS fique sob a responsabilidade directa da Direcção-Geral da
Saúde, que apresentará relatório anual ao Ministro da Saúde;

c) Sejam criadas comissões de controlo de infecção (CCI) nas unidades públicas de prestação de cuidados de saúde integradas na rede nacional de prestação de cuidados de saúde hospitalar, de cuidados continuados e cuidados de saúde primários e nas unidades privadas, de acordo com o enquadramento do Programa ora aprovado e cujo modelo de organização será definido em circular normativa da Direcção-
Geral da Saúde;

d) O licenciamento de novas unidades de saúde tenha em consideração o cumprimento do Programa ora aprovado;

e) O cumprimento do PNCI fique sob a responsabilidade directa dos órgãos de gestão das unidades de prestação de cuidados de saúde, pelo que será imperativo, em cada uma delas, o desenvolvimento de um plano operacional do controlo da infecção;

f) A avaliação da execução do PNCI, independentemente das medidas
de avaliação contínua interna, deverá ser efectuada por organismo
externo no final do primeiro quinquénio de vigência do novo
Programa.

1 de Junho de 2007.—O Secretário de Estado da Saúde, Francisco Ventura Ramos.

As alíneas e) e f) não deixam dúvidas sobre a responsabilidade dos órgãos de gestão dos hospitais sobre esta matéria.
Será que a Ministra da Saúde não vai fazer nada?
Ou desta vez vai reagir como a situação o exige.

Precisamos de sair deste bananal!

12:36 da manhã  
Blogger Olho Vivo said...

Desânimo…

Desabafa o Hermes enviando um …”abraço para o Brites e para os colegas de blogue que vê muito calados e arredios”…proclama o Dr. Feel Good …”Precisamos de sair deste bananal”…
É verdade que já nem apetece (por vezes) escrever neste espaço que, tantas vezes nos traz à reflexão tantos e tão extraordinários textos…É que estamos num tempo de desistência, de moleza, de preguiça ronceira que nos faz recuar aos piores tempos da estagnação do sistema. Como diria o escritor “nada pasa”… Um programa especial aqui, uma medida acolá, um sinal de cedência e de complacência com as diferentes vontades corporativas e a energia a esfumar-se cada dia que passa na contagem decrescente para o fim do ciclo político.

1:54 da manhã  
Blogger Hospitaisepe said...

Desta vez, acho que não tem razão o olho vivo.
A coisa continua animada.
Na nossa aldeia, a parolada do costume, continua a fazer das suas.
Enquanto o ex ministro e candidato europeu, Correia de Campos se pavoneia pelos mais diversos foruns a expor a sua teoria da reforma, alguns dos seus homens que ficaram no terreno, continuam a desbaratar a parca herança, como mais este oportuno relatório do IGAS é disso exemplo.
Para o dr. Francisco George a distribuição de 30 mil folhetos sobre a gripe A aos peregrinos de Fátima é mais importante e compensadora do que a dinamização da "Divisão de Segurança do Doente" da DGS.
FG não deixará de lamentar, neste fim de semana, como uma bem sucedida operação de marketing, pode ser, assim, desbaratada pelos chatos da IGAS.

12:56 da tarde  
Blogger cotovia said...

E aos responsáveis dos Conselhos de administração dos HHs que sabotaram o sistema de avaliação IGAS neles.

6:55 da tarde  
Blogger vida nova said...

Vejo que este assunto mereceu, a atenção do blogue, e ainda bem porque é importante.

O que se não percebe é o silêncio que caiu sobre este assunto.

Então os directores clinicos e os enfermeiros directores não são responsáveis por assegurar que os processos de cuidados aos doentes tenham qualidade e por que se previnam os erros clínicos no hospital? Aquilo que reconheceram, depois do Despacho que saiu há um ano, não é motivo para vassourada? Que mais têm de fazer, ou de não fazer ,para lhes ser dado o devido descanso? Os restantes membros dos conselhos de administração, por omissão ou conivência, merecem acompanhar aqueles no referido repouso.

O silêncio do bastonário e da ERC sobre este assunto também dão que pensar. Então não lhes compete defender a qualidade dos cuidados e garantir que o doente é bem tratado?

Ninguém tem coragem para actuar sobre quem não cumpre em defesa dos interesses do mexilhão (doente)? Chamem a ASAE.

11:08 da tarde  
Blogger SNS -Trave Mestra said...

Quando até o bastonário da OM parece apostado em espantar hábitos antigos (não tinha outra solução), o MS fecha-se em copas.

.../ a situação não é óptima, mas realça que tem melhorado muito nos últimos anos.Afinal quantos anos vão ser precisos para cumprir a lei.

No bananal somos todos uns porreiraços.

11:55 da tarde  
Blogger Antunes said...

Há mais casos de Clostridium difficile presentemente?
O número de casos de infecção por Clostridium difficile tem vindo a aumentar no mundo inteiro (NHS)1 e Portugal não foge à regra. Esta bactéria é um problema nos doentes cada vez mais idosos e debilitados devido ao aumento da esperança de vida.
Uma das principais razões para este aumento do número de casos é o facto de os hospitais estarem, actualmente, melhor preparados para o seu diagnóstico.
Por outro lado, existem Comissões de Controlo de Infecção que estão
permanentemente atentas a esta questão, permitindo o registo atempado dos casos e a implementação de medidas de prevenção e controlo da situação.

Esclarecimento sobre Infecção por «Clostridium difficile»
Divisão de Segurança do Doente Direcção-Geral da Saúde14.05.2009

Segundo o relatório do IGAS, dos 68hospitais e centros hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, dez instituições, que representam 15 por cento do total, reconheceram que não dispõem de "políticas e procedimentos de prevenção e controlo de infecção", apesar de apenas duas não possuírem uma Comissão de Controlo da Infecção (CCI). In JP

Pelos vistos esta divisão de segurança da DGS não sabe a quantas anda.

12:07 da manhã  
Blogger ochoa said...

Especialistas dão consultas nos Centros de Saúde

Especialistas do Porto dão consultas gratuitas em concelhos de Bragança. Ortopedia, Dermatologia, Urologia e Ginecologia são as especialidades levadas ao Interior. link

12:47 da manhã  
Blogger PhysiaTriste said...

Queixa-se o Hermes que os colegas do blogue estão muito calados e andam arredios, mas já todos tínhamos saudades dos seus textos magníficos.
Infelizmente, parece-me que Olho Vivo tem razão.
É um tempo de muitos silêncios.
É preciso animar a malta.
Abraço.

6:15 da tarde  

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