domingo, junho 7

Politização das administrações


Para Manuel Delgado, «há aspectos que não correram bem, um deles, foi a politização das administrações, que, em determinados períodos da nossa vida democrática, tem sido escandalosa.»
A «politização das administrações» hospitalares tem sido uma constante ao longo dos anos. «Mas há períodos, na nossa história recente, em que isto foi por demais evidente. Eu diria, por demais impressionante e chocante. Aliás, com incompetências visíveis nos resultados conhecidos».
link TM, 08.06.09
MD, é um conhecedor profundo desta matéria.

A receita do Brites
link

Os Ministros da Saúde estão muito condicionados na escolha dos gestores hospitalares. Um bom instrumento de avaliação ser-lhes-ia muito útil.
Desde logo, porque a sua existência seria dissuasora de algumas candidaturas. Depois, porque a sua aplicação, consistente, iria remeter as escolhas para o campo da meritocracia.

Os primeiros beneficiados seriam os próprios Ministros. Afinal, quem os julga é o País e não o “aparelho” do partido.

Etiquetas:

14 Comments:

Blogger Horácio said...

Perplexidades…

…”Para Manuel Delgado, «há aspectos que não correram bem, um deles, foi a politização das administrações, que, em determinados períodos da nossa vida democrática, tem sido escandalosa.»
A «politização das administrações» hospitalares tem sido uma constante ao longo dos anos. «Mas há períodos, na nossa história recente, em que isto foi por demais evidente. Eu diria, por demais impressionante e chocante. Aliás, com incompetências visíveis nos resultados conhecidos». link TM, 08.06.09
MD, é um conhecedor profundo desta matéria.
A receita do Brites link
Os Ministros da Saúde estão muito condicionados na escolha dos gestores hospitalares. Um bom instrumento de avaliação ser-lhes-ia muito útil.
Desde logo, porque a sua existência seria dissuasora de algumas candidaturas. Depois, porque a sua aplicação, consistente, iria remeter as escolhas para o campo da meritocracia.
Os primeiros beneficiados seriam os próprios Ministros. Afinal, quem os julga é o País e não o “aparelho” do partido”…
…/…
Os dois textos acima referidos remetem-nos para o fantástico, surpreendente e espantoso domínio da perplexidade. Como é possível branquear o passado, fazer tábua rasa da experiência e postular como se tudo tivesse começado ontem e nenhum dos actores tivesse responsabilidade no que se passa.
Nos últimos vinte anos qual foi o papel de MD enquanto AH e (persistente) presidente da APAH na luta contra as nomeações “políticas”? Quantas nomeações deste tipo foram aceites por MD e por dezenas de AH’s que integravam a respectiva APAH? Qual o papel de MD e da APAH (nos últimos vinte anos) na exigência de implementação de um (qualquer) modelo de avaliação que apostasse na meritocracia?
Por outro lado será que o problema da gestão hospitalar, em Portugal, se resume a uma questão de avaliação dos CA’s? Qual o lastro de experiência e de responsabilidades de muitos do que hoje se permitem expender teses e teorias sobre esta questão? Será que já ensaiaram algum exercício (ainda que de auto-reflexão) sobre o seu contributo concreto, o que fizeram e como deixaram cada uma das unidades onde foram tendo responsabilidades? Será que o problema não residirá também no facto de as diferentes “tutelas” nunca terem investido num modelo de desenvolvimento e de gestão estratégica da rede hospitalar pública? Com efeito à excepção do consulado de LFP cuja agenda era clara e explícita – desmantelar, desintegrar e privatizar o que temos visto são gabinetes “dominados” por muitos “decisores” oriundos da área da AH em grande parte treinadores de bancada cuja experiência concreta, no terreno, na maior parte das vezes é, pura e simplesmente, inexistente.
A área hospitalar é muito complexa e tem especificidades únicas. No entanto nos fundamentos da gestão não se distingue, em muitas áreas, de outros sectores empresariais requerendo autonomia, descentralização, responsabilização nos resultados, liderança e gestão estratégica. Para tal precisa que a “tutela” tenha um pensamento claro quanto à estratégia, o modelo e os meios. A seguir tornar-se-á muito fácil encontrar os protagonistas certos para encabeçar os processos de mudança e de gestão.
Se persistirmos a confundir “gestão” com “administração hospitalar”, se continuarmos a ter tutelas que se limitam a pôr “panos quentes”, a minorar e a ocultar problemas, a proteger dirigentes que se eternizam nos lugares sem qualquer tipo de avaliação ou de juízo sério sobre o resultado do seu trabalho continuaremos a fazer dos hospitais públicos uma coutada de emprego protegido para dirigentes sem preparação nem qualidade para promover o hospital público e garantir a sua sustentabilidade e mesmo até a sua existência. Caso contrário, caminharemos, inexoravelmente, para um imenso mar de PPP’s geridos por engenheiros, economistas e advogados de escolha livre pelos accionistas (se forem privados) ou de nomeação política (se forem do Estado do tipo CGD HPP).

11:05 da manhã  
Blogger Hospitaisepe said...

Excelente comentário do Horácio.
A acertar em cheio. A tocar na ferida.
A Administração Hospitalar tem sido até hoje, salvo raras excepções, um faz de conta cheio de sofisticação. Um brinca na areia. Uns meninos e meninas de gabinete sem experiência, sem conhecimento, nem jeito. A rodar segundo os mais diversos circulos de interesses.
Uma espécie de amadorismo refinado.
É por isso que aconteceu, o que aconteceu, com a supervisão/fiscalização do Contrato do Amadora Sintra.É por isso que se prepara novo desastre com a supervisão/fiscalização dos contratos das PPP´s.

Quanto ao MD, nós conhecemo-lo bem, sempre teve muita lata.

1:17 da tarde  
Blogger saudepe said...

SOMOS TODOS UNS GAJOS PORREIROS

1.º Os prejuízos dos 37 hospitais Entidades Públicas Empresariais (EPE) atingiram os 192,7 milhões de euros em 2008, um aumento de 35,6% face ao ano anterior. Para Francisco Ramos, segundo referiu na altura, estes números são «normais», uma vez que os hospitais «precisam de tempo» até obterem resultados económicos positivos.

2.º- Três meses depois:
Os hospitais empresa fecharam o primeiro trimestre (2009) numa situação pior do que a apresentada há um ano. Tanto o resultado operacional como o líquido foram negativos - queda de 19,4% e 44,3% (para 106,5 milhões de euros), respectivamente - com a subida dos custos a não compensar a dos proveitos.
DE 04.06.09

Para FR, embora não o dissesse desta vez, estes números devem continuar a ser normais. Os Administradores Hospitalares com excelente desempenho. Ambos a precisar de tempo para os resultados aparecerem.
E nós a precisar de muita paciência para aturar esta pândega.
O Jesualdo Ferreira não faria melhor?

1:54 da tarde  
Blogger Antunes said...

A comprovar o que o Horário e Hospitalepe referem, basta comparar o desempenho do Alberto Campos Fernandes (talvez o melhor e mais surpreendente de todos os gestores hospitalares)e do Manuel Delgado (uma eterna promessa sempre adiada).

4:17 da tarde  
Blogger cotovia said...

O Adalberto Campos Fernandes é talvez a derradeira esperança de sobrevivência da nossa rede de Hospitais Públicos.

4:21 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

É NECESSÁRIO RESPONSABILIZAR

É necessário questionar o sub secretário de estado, Francisco Ramos, porque razão o sistema de avaliação aos dirigentes dos hospitais não avançou?link

A rapaziada dos hospitais quer continuar folgada.
Os resultados estão à vista.

4:30 da tarde  
Blogger Joaopedro said...

.../Imenso mar de PPP’s geridos por engenheiros, economistas e advogados de escolha livre pelos accionistas (se forem privados) ou de nomeação política (se forem do Estado do tipo CGD HPP).

Interessnte este trecho do Horácio.
Efectivamente, as PPP´s da Caixa nada mais fazem do que reproduzir o sistema de nomeações do modelo público, naquilo que ele tem de pior.

5:58 da tarde  
Blogger e-pá! said...

A repetitiva estória da avaliação e, agora com MD, da politização das administrações hospitalares, quase parece um transtorno obsessivo-compulsivo.

Onde se viu - neste País - gestores de empresas públicas avaliados fora dos resultados publicitados?
Que, até, podem não concordar com os realmente obtidos..., mas isso é a criatividade contabilística!
Só no tempo em que foi preciso "preparar" as empresas públicas para as privatizações e os resultados passaram a ser programados (torturados).

Nesses tempos, era com agora.
Quanto pior, melhor!

Estaremos à beira de novo período de privatizações?

10:07 da tarde  
Blogger PhysiaTriste said...

“… se continuarmos a ter tutelas que se limitam a pôr “panos quentes”, a minorar e a ocultar problemas, a proteger dirigentes que se eternizam nos lugares sem qualquer tipo de avaliação ou de juízo sério sobre o resultado do seu trabalho continuaremos a fazer dos hospitais públicos uma coutada de emprego protegido para dirigentes sem preparação nem qualidade para promover o hospital público e garantir a sua sustentabilidade e mesmo até a sua existência.”
Por pensar que não deve ser assim é que escrevi:
“Os Ministros da Saúde estão muito condicionados na escolha dos gestores hospitalares. Um bom instrumento de avaliação ser-lhes-ia muito útil.
Desde logo, porque a sua existência seria dissuasora de algumas candidaturas. Depois, porque a sua aplicação, consistente, iria remeter as escolhas para o campo da meritocracia.”
Pensei que se tratava duma afirmação simples, clara e com grande probabilidade de ser consensual.
Parece que se trata afinal dum texto que remete “para o fantástico, surpreendente e espantoso domínio da perplexidade.”
Quem diria!

2:24 da tarde  
Blogger e-pá! said...

"Desde logo, porque a sua existência seria dissuasora de algumas candidaturas. Depois, porque a sua aplicação, consistente, iria remeter as escolhas para o campo da meritocracia.
Os primeiros beneficiados seriam os próprios Ministros. Afinal, quem os julga é o País e não o “aparelho” do partido”…


!!!, ???

Alguém - mesmo que seja ministro -vai a votos, logo, poderá vir a ser julgado pelo País sem passar pelo crivo do aparelho partidário?

Vivemos em Portugal onde os partidos propõem cidadãos e cidadãs a serem eleitos exclusivamente em listas partidárias, ou num País - como na GB - onde os eleitos respondem directamente, e a qualquer momento, perante os seus eleitores?

Logo, o "aparelho" partidário só deixará submeter-se ao julgamento popular quem quiser. Ou, mais explicitamente, quem for pacato, cordato, obediente e reconhecido (ao partido). Os "Manéis Alegres" são excepções que só confirmam a regra...

O mérito, se e quando for necessário, é para ser contratualizado em consultorias, assessorias, etc. e, pago, principescamente.

Esta a causa remota da origem da perplexidade com que se lê a argumentação...

Todas as receitas esturram...!

7:13 da tarde  
Blogger SNS -Trave Mestra said...

MD pronunciou-se contra a politização dos hospitais muitas vezes no tempo do LFP e, no meu entender, tem toda a legitimidade para dizer o que disse.
De vez enquando desatamos a bater a eito sem ver a quem.
Eu já tenho saudades de MD, que tem outra classe .

7:27 da tarde  
Blogger PhysiaTriste said...

Um candidato com mau desempenho. Um primeiro-ministro desgastado. Mas também a inabilidade política de Maria Lurdes Rodrigues, de Jaime Silva, de Rui Pereira, de Manuel Pinho, a incapacidade de Alberto Costa, a angustiante inoperância de Nunes Correia, o confrangedor espectáculo de quem "jamais" deveria ter sido ministro.

De muitas parcelas se faz a soma que determina uma derrota.

O País não julga os Ministros? Ai não que não julga.

11:56 da manhã  
Blogger Hermes said...

1- No plano dos partidos e da luta partidária...

Creio que o Brites acertou no alvo. Acabou a validade de vários ministros: figurinhas, erros de casting ("este TAMBEM não é o meu ministério")e malabaristas, esgotados, inábeis que ficaram moucos (loucos).
Quanto à queda é de questionar: se alguns já caíram perante toda a população (cadáveres políticos?) se o 1º não devia tirar TAMBEM essa conclusão agora (ao invés de ser arrastado pela vaga lá para o outono)

2- ... no plano do país e do futuro dos nossos filhos...

Estas eleições deixaram um quadro surrealista para a formação de governo, que terá que ser estável e sólido, tais são as dificuldades com que o país se vai defrontar. Mas:

Á direita temos uma minoria pequena (40?) que não permite governar
À esquerda não há parceiros credíveis e que queiram governar
Para o centrão os protagonistas dos 2 partidos não se entendem (parece que se odeiam e que são incapazes de conversar).

Então o que fica? O benfica não é que também anda pelas ruas da amargura ...

1:59 da tarde  
Blogger e-pá! said...

Caro Brites:

O País julga tudo o que é vísível.
O poder executivo - o Governo - como julga o Poder Local - as Câmaras, como julga o Poder Judicial - O MP e Tribunais, etc.

O País julga o funcionamento das instituições democráticas.
E aí, sim, poderá identificar os responsáveis pela administração do aparelho de Estado.
Mas, o País julga com a percepção política e com a carteira. Em determinados momentos - e os tempos de crise são um deles - é difícil distinguir a fonte do julgamento.

O País não desce ao pormenor de preocupar-se com os organismos intermédios do exercício de poderes.
Só em casos pontuais de conflitos específicos...

Mesmo assim, o julgamento popular pode ser errático e parcial.
Pense em Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro, Isaltino, etc...

O País não julga os Ministros como prevaricadores.
Pune nas urnas a sua inépcia. A visível, i. e., a política.

Por detrás dos julgamentos populares permanece silenciosa a "máquina" partidária, que nomeia, que discrimina, que erra, mantem-se discreta e silenciosa.

Atenção: disse a "máquina" e não os dirigentes...que muitas vezes coincidem com os Ministros enquanto estão no Governo ou como Administradores de grandes empresas quando cessam funções...

Caro Brites: Quer um exemplo? siga o trajecto de CC...

8:28 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home