domingo, julho 26

Segurança dos Doentes


A substância activa bevacizumab, AVASTIN®, utilizada há vários anos, off-label, por iniciativa dos médicos oftalmologistas de todo o mundo, tem estado envolta em polémica, uma vez que a Genentech tem sido acusada de querer " fazer negócio" com uma outra apresentação da mesma droga, Lucentis ®, esta com indicações para o tratamento da degenerescência macular. A empresa tem vindo a contestar estas acusações, tendo publicado em Dezembro de 2008 uma informação acerca de vários casos de efeitos adversos em doentes em que foi aplicada: 361 casos reportados e 32 com sérias reacções inflamatórias intra-oculares. Portanto se para nós leigos, esta questão é agora objecto de discussão para a comunidade oftalmológica ela não é desconhecida.

Os recentes acontecimentos ocorridos no Hospital de Santa Maria, com a utilização desta substância, colocam no centro da discussão a "Segurança dos Pacientes" e a sua importância no processo de qualidade total das nossas organizações.

É importante que mesmo que apuradas as circunstâncias (?), enquadradas na informação reportada e publicada a nível mundial, se façam várias perguntas: a Comissão de Farmácia e Terapêutica do HSM aprovou a droga? os doentes tiveram conhecimento e aceitaram ser tratados com uma droga que não estava aprovada para este fim pelo INFARMED ?

A todos não posso deixar de perguntar, e se este "acidente" não tivesse envolvido o Hospital de Santa Maria, um serviço universitário dirigido por um professor universitário, teriam sido o Hospital e os médicos tratados com tanta tolerância por parte da imprensa, dos políticos da oposição e teriam recebido tanta solidariedade por parte dos pares, SPO e OM. Se a situação tivesse ocorrido noutro Hospital, não se teria já pedido a demissão do Ministro da Saúde, do Director do Hospital, etc. Que esta situação nos faça pensar a todos, primeiro nos doentes e nos seus direitos e depois na sua segurança.

haquim avicena

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1 Comments:

Blogger tambemquero said...

Doentes do Santa Maria têm oito dias para recuperar visão

27.07.2009, Maria Lopes




O prognóstico para três dos seis doentes internados no Hospital de Santa Maria que ficaram cegos na sequência de um tratamento oftalmológico é complicado: se não melhorarem nos próximos oito dias muito dificilmente conseguirão recuperar a visão.
A conclusão é de António Travassos, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, que está a colaborar com a equipa do Santa Maria. Na conferência de imprensa de ontem, contou que não foi ainda possível perceber qual o grau das lesões provocadas pelo medicamento injectado - nem mesmo que medicamento foi usado.
"Há três doentes com prognóstico mais reservado porque não sabemos se a droga injectada provocou danos celulares irreversíveis ou se se trata apenas de um episódio em que as sinapses que enviam a informação captada para o cérebro estão bloqueadas pela droga." Ou seja, na primeira hipótese a cegueira é irreversível, na segunda há esperança.
Anteontem foi operado um dos doentes e os restantes cinco estiveram no sábado e no domingo em jejum desde a meia-noite até ao princípio da tarde, o que indicava que seriam também alvo de intervenção. A equipa médica desmente tal conclusão e contrapõe que operou "devido ao agravamento do estado clínico" - retirou quase todo o líquido vítreo da cavidade ocular - e decidiu não fazer as outras de imediato por ter notado que "a terapêutica forte está a dar frutos". Notaram "melhorias consideráveis num doente" (já identificou um objecto vermelho e outro amarelo), "significativas noutro" (tem percepção luminosa), e há ainda um terceiro que alega perceber alguns movimentos. Os restantes três estão a recuperar anatomicamente, mas isso não implica recuperar a visão. "Todo o esforço titânico que está a ser feito é para recuperar a função [visão], mas também é importante manter a anatomia."
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JP 27.07.09

2:36 da tarde  

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