Hospitais, qualidade e financiamento
Dinheiro dos hospitais ingleses dependerá da satisfação do utente. Por cá, está fora de questão link
Dá entrada no hospital. Espera horas para ser atendido. É recebido com maus modos. Os médicos não lhe prestam atenção nem os cuidados devidos. A limpeza das casas-de-banho é má e a comida deprimente. Em suma, sai do hospital ainda mais doente do que quando chegou. No Reino Unido, cenários como este têm os dias contados.
O financiamento dos hospitais vai passar a ser determinado pelo grau de satisfação dos utentes. Aspectos como as boas-maneiras dos recepcionistas, a limpeza, a qualidade dos espaços da comida podem render, a cada unidade de saúde, um bónus de até 4% do orçamento total. A medida, avançada pelo jornal inglês "The Guardian", vai ser anunciada pelo secretário de estado da Saúde, Andy Burnham, link na próxima quinta-feira e começará a ser implementada através de uma experiência-piloto já na Primavera, na região noroeste do país.
Novas regras em Portugal foram publicadas, ontem, em Diário da República, as novas regras de acompanhamento de doentes nos hospitais. link Até aos 18 anos, os utentes podem ser acompanhados pelos pais ou pessoas que os substituam. A partir dos 16, pode-se optar por acompanhamento ou designar um acompanhante. Deficientes, pessoas dependentes, com doença incurável ou em fase terminal têm direito a ser acompanhadas mesmo em situação de internamento. Alterações que "pretendem melhorar a satisfação dos utentes", reconhece o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes.
Apesar de esforços como este, em Portugal a atribuição de financiamento aos hospitais ainda não depende da avaliação da qualidade e da satisfação dos utentes. Apesar disso, médicos, utentes e administradores hospitalares estão de acordo.
"É preciso implementar uma cultura de qualidade, mas a medida que o Ministério da Saúde britânico ainda está anos-luz da realidade portuguesa", defende o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Pedro Lopes. "Não temos condições imediatas para o fazer e os indicadores de qualidade que são medidos acontecem de forma pontual, vaga e residual", defende. O problema é que a gestão dos hospitais "continua muito centrada na avaliação económico-financeira".
Domingos Alves, responsável pelo Movimento de Utentes da Saúde, concorda que não é fácil importar esta medida, "pelo menos a curto prazo". "A rede de cuidados de Saúde ainda não é suficientemente abrangente e há muitos hospitais a precisar de requalificação do ponto de vista físico para que se melhore o atendimento", explica. Por isso, o responsável defende que "implementar uma medida destas em Portugal está fora de questão". A Administração Central do Sistema de Saúde defende-se e garante que já existe um "inquérito vasto de base anual em todos os hospitais", que são monitorizados regularmente "indicadores de qualidade nos contratos-programa" e que até há incentivos financeiros, atribuídos pelas Áreas Regionais de Saúde desde 2006.
Rosa Ramos, I, 15.09.09
Dá entrada no hospital. Espera horas para ser atendido. É recebido com maus modos. Os médicos não lhe prestam atenção nem os cuidados devidos. A limpeza das casas-de-banho é má e a comida deprimente. Em suma, sai do hospital ainda mais doente do que quando chegou. No Reino Unido, cenários como este têm os dias contados.
O financiamento dos hospitais vai passar a ser determinado pelo grau de satisfação dos utentes. Aspectos como as boas-maneiras dos recepcionistas, a limpeza, a qualidade dos espaços da comida podem render, a cada unidade de saúde, um bónus de até 4% do orçamento total. A medida, avançada pelo jornal inglês "The Guardian", vai ser anunciada pelo secretário de estado da Saúde, Andy Burnham, link na próxima quinta-feira e começará a ser implementada através de uma experiência-piloto já na Primavera, na região noroeste do país.
Novas regras em Portugal foram publicadas, ontem, em Diário da República, as novas regras de acompanhamento de doentes nos hospitais. link Até aos 18 anos, os utentes podem ser acompanhados pelos pais ou pessoas que os substituam. A partir dos 16, pode-se optar por acompanhamento ou designar um acompanhante. Deficientes, pessoas dependentes, com doença incurável ou em fase terminal têm direito a ser acompanhadas mesmo em situação de internamento. Alterações que "pretendem melhorar a satisfação dos utentes", reconhece o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes.
Apesar de esforços como este, em Portugal a atribuição de financiamento aos hospitais ainda não depende da avaliação da qualidade e da satisfação dos utentes. Apesar disso, médicos, utentes e administradores hospitalares estão de acordo.
"É preciso implementar uma cultura de qualidade, mas a medida que o Ministério da Saúde britânico ainda está anos-luz da realidade portuguesa", defende o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Pedro Lopes. "Não temos condições imediatas para o fazer e os indicadores de qualidade que são medidos acontecem de forma pontual, vaga e residual", defende. O problema é que a gestão dos hospitais "continua muito centrada na avaliação económico-financeira".
Domingos Alves, responsável pelo Movimento de Utentes da Saúde, concorda que não é fácil importar esta medida, "pelo menos a curto prazo". "A rede de cuidados de Saúde ainda não é suficientemente abrangente e há muitos hospitais a precisar de requalificação do ponto de vista físico para que se melhore o atendimento", explica. Por isso, o responsável defende que "implementar uma medida destas em Portugal está fora de questão". A Administração Central do Sistema de Saúde defende-se e garante que já existe um "inquérito vasto de base anual em todos os hospitais", que são monitorizados regularmente "indicadores de qualidade nos contratos-programa" e que até há incentivos financeiros, atribuídos pelas Áreas Regionais de Saúde desde 2006.
Rosa Ramos, I, 15.09.09
Aqui temos um tema da Saúde importantíssimo - qualidade do atendimento hospitalar . E um trabalho jornalistico escorreito.
Etiquetas: HH
2 Comments:
Não percebo por que motivo esta e outras medidas de qualidade implementadas pelo NHS não podem ser seguidas também por nós. Pelos vistos nem a ACSS nem os próprios representantes dos utentes, entendem estarmos em condições de seguir as melhores práticas do SNS britânico. Isto apesar de termos provavelmente um parque hospitalar mais novo (é conhecido que muitos hospitais britânicos funcionam em velhos edifícios) e gastarmos uma percentagem bem maior do PIB em saúde; sendo certo que temos um rendimento per capita mais baixo é também verdade que o grau de exigência dos nossos doentes é menor.
Tudo parece pois dever-se ao nosso ingénito receio em sermos avaliados, especialmente quando desse exercício decorrem consequências práticas como sucede com a medida em causa. Nestas circunstâncias argumentamos quase sempre com o atraso do País. Assim, recusando elevar o grau de exigência em relação a nós próprios e aos outros, vamos ficando irresponsavelmente menos responsáveis.
Raramente tive oportunidade de ler um texto, sobre o SNS, tão repugnante, tão distorcido, tão vil, tão carregado de uma insana pulhice.
Trata-se do post do blog "portugal contemporâneo" sob o titulo: "uma organização soviética". link.
Não se trata de maldicência gratuita, de denegrir infundadamente, de "ensaiar" uma tentativa (gratuita) de assassinato.
É a guerra, sem quartel...
Deprimente!
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