segunda-feira, novembro 30

Até na gripe ...

Há uns mais iguais que outros...
Estou de quarentena. Gripe é-o pela certa, qual dos HN me calhou na rifa falta saber.
Com sintomas gripais há 48 horas, mas não impossibilitado de trabalhar, dirigi-me à subunidade da gripe da urgência do meu hospital para saber se seria recomendável fazer a despistagem da gripe A. Aconselhado a fazê-lo, a colega recomendou-me que colocasse uma máscara e aguardasse num pequeno compartimento pela colheita do material para análise.

Entretanto, entra uma empregada de limpeza “outsourcing” que me dá os bons dias enquanto despeja o caixote do lixo. Como não usasse qualquer protecção (máscara ou luvas), perguntei-lhe se já se tinha vacinado. Que não senhor, que não havia vacinas para elas que eram como “carne para canhão”. Quando chegou a enfermeira, que delicadamente me zaragatoou a garganta depois de me ter enfiado uma cotonete numa narina, perguntei-lhe se todos profissionais que trabalhavam naquele sector tinham sido vacinados. Disse que nem todos pois alguns teriam recusado, mas só médicos e enfermeiros pois os restantes não estavam incluídos no plano de vacinação do MS.

Resolvi então consultar o site electrónico da DGS sobre o assunto. Na circular normativa de 13/11/09 pode ler-se que:
«Os critérios para selecção de profissionais para a primeira fase de vacinação são a especialização e especificidade da actividade desenvolvida e a dificuldade para a sua substituição, caso venham a adoecer. São ainda considerados prioritários os profissionais que prestam cuidados a doentes de alto risco.»

Bem sei que as empregadas de limpeza não se enquadram nos critérios definidos. Faz porém algum sentido que profissionais que trabalham em áreas de rastreio de infecção, lidando com material contaminado, sejam discriminados no plano de vacinação? Não serão estas novas formas de appartaid social?

Tavisto

Nota: As melhoras para o tavisto que, por esta altura, já deve ter terminado a quarentena.

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14 Comments:

Blogger Tavisto said...

As melhoras chegaram finalmente mas já não me lembro de ter uma gripe tão intensa. Os sintomas começaram por ser ligeiros mas intensificaram-se obrigando-me a permanecer em casa até hoje. O mais curioso é que os testes foram negativos para o H1N1, parece que o número de falsos negativos é elevado.
Recomendo aos meus amigos que se vacinem, esta coisa não é pêra doce.

12:05 da tarde  
Blogger tambemquero said...

“A OMS sai muito chamuscada desta situação”

Não concorda com a vacinação em massa contra a gripe A e acredita que as decisões de comprar milhões de doses foram meramente “políticas”. António Vaz Carneiro, director do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, defende que a posição da Organização Mundial de Saúde (OMS) é “errada”.

Diz que discorda da vacinação em massa da população contra a gripe A, mas não da vacinação dos grupos de risco. Porque é que acha que esta campanha não faz sentido?
Defendo apenas a vacinação de grupos de risco muito selectivos. Fundamentalmente porque acho que esta doença não tem gravidade suficiente que justifique a vacinação maciça. Entendo que, como neste momento o impacto global da doença na população portuguesa, comparando com outras, não é tão importante como isso, então a despesa envolvida não se justifica. É só nesta altura que uso o argumento do dinheiro. Há quem calcule que o gasto [todos os custos com a doença] já ascende a 67 milhões de euros. Não é razoável. Então os portugueses continuam a morrer tranquilamente de doenças cardiovasculares e estamos todos preocupados com a gripe?

Acha, portanto, que o investimento que se fez nesta vacina (45 milhões de euros) não se justifica?
Na minha opinião, não. A verdade é que a maior parte dos governos nos países ditos civilizados aderiram a uma vacinação em massa.
Porque terá isto acontecido, então?
Este é o case-study mais interessante que os media podiam e deviam estudar. Os governos reagiram hipervalorizando o risco. Foram decisões políticas.

Mas foi a OMS que declarou a pandemia de gripe e a sua posição foi determinante para que se chegasse ao cenário actual.
Sim, mas a OMS, na minha opinião, sai muito chamuscada desta situação. A posição da OMS é insustentável, errada. O impacto desta doença é pequeno e os recursos são escassos. Então vou eleger como prioritário, como problema central da minha política, o problema da gripe? Agora, quando todos os governos decidem comprar maciçamente vacinas é muito difícil que o Governo português não o faça também. A minha crítica é que isto vai provocar uma disrupção na comunidade, o que é inaceitável.

E o papel das autoridades de saúde?
As autoridades não foram capazes de desdramatizar a situação, entraram num comboio que não conseguiram parar e neste momento há problemas fascinantes como o da França – que encomendou 90 milhões de doses – e está a tentar desesperadamente colocar no mercado mundial 45 milhões de doses, porque só 50 por cento dos franceses se vão vacinar.Entraram por um caminho sem retorno.

Na base da posição da OMS podem ter estado interesses da indústria farmacêutica?
Recuso-me a acreditar nisso. A OMS foi incompetente em termos científicos (ignorou a ciência), mas não acho que seja corrupta. A indústria chega a muitos sítios, mas à OMS tenho muitas dúvidas.

Seja como for, agora que a vacina está disponível em quantidade, como é que se compreende que a maior parte dos profissionais de saúde continue a não se querer imunizar?
O argumento de que os profissionais de saúde podem contagiar os doentes é muito falacioso. A percentagem de risco acrescida pode ser evitada, não com vacinação, mas sim com cuidados extra de higiene, com a lavagem das mãos, o uso de máscaras. Com as precauções devidas, a probabilidade extra de contágio é negligenciável. O que me preocupa são as infecções nosocomiais [hospitalares] provocadas por outros microorganismos. Mais: o pool de vírus não está no hospital, o pool de vírus está cá fora, na comunidade.

Não se vai vacinar, portanto?
A minha posição é irrelevante aqui. Eu nunca me vacino para a gripe, desde há 15 anos.

JP 24.11.09

O AVC pelos vistos aconselhar-nos-ia a não vacinar.

2:03 da tarde  
Blogger joana said...

After three weeks of panic, pandemonium and politics, the initial swine flu pandemic in Ukraine has peaked.

Today the government is expected to end a nationwide ban on public gatherings, lift travel restrictions and order the reopening of parliament, schools and universities in all but 11 regions.

But the country, with its anemic health-care system, is still reeling from having 1.6 million people fall sick with the flu, resulting in the hospitalization of 97,000 people and the deaths of 388 in three weeks.

At the height of the frenzy, tens of thousands were becoming ill each day, dozens were dying and the Ukraine navy said it could not carry out combat duty because of a lack of manpower.

The National Security & Defence Council said there were constitutional prerequisites to declare a state of emergency and politicians briefly talked of postponing presidential elections, scheduled for Jan. 17.

A rising death toll added fear to the emotions rattling Ukraine as it ran out of essential medicines and supplies.

Pharmacies looked like Soviet-era shops with long lines of customers queuing for nonexistent surgical masks and cold medicines. The Health Ministry's stock of Tamiflu, an anti-viral designed to slow the spread of influenza, was used up in days and people began to hoard lemons and garlic for homemade cures.

Ukraine's fragile health system was soon paralyzed and rumours proliferated that people were dying of a new, more lethal strain of influenza virus.

As the World Health Organization rushed a nine-member outbreak assessment team to Ukraine in early November, politicians rounded on each other, predicting mass illness and death.

President Viktor Yushchenko declared his country had been hit simultaneously by two seasonal flus and the "California" (swine) flu, and blamed his political arch-rival, Prime Minister Yulia Tymoshenko for failing to prepare for the outbreak.

Ms. Tymoshenko, who is running for president, provided daily television updates on the pandemic and appeared in public swathed in hospital gowns and wearing a surgical mask. She criticized her rivals for hindering her efforts to end the pandemic.

When parliament voted to spend US$125-million to fight the flu, Mr. Yushchenko refused to authorize it, saying it would fuel inflation. Instead, he launched his own appeal for foreign aid.

Not to be outdone, presidential frontrunner Viktor Yanukovich, a former prime minister and leader of the Regions' Party, pledged to use election campaign donations to buy flu medicine and 20 million surgical masks.

"Ukrainian politicians, including the two main presidential candidates, do not really care about the fate of their people," columnist Kateryna Grushenko wrote in the Kyiv Post. "They allowed themselves to turn the H1N1 epidemic into a PR show during days when educational, medical, and society-oriented coverage should have been provided to the population."

As the pandemic entrenched itself, straining hospitals and emergency rooms to the breaking point, Ukraine's panic grew. With no authoritative explanation for what was happening, bloggers and conspiracy theorists suggested the country was in the grip of a mysterious, more lethal virus.

The government and WHO were deliberately playing down the pandemic's death toll, some suggested.

But the WHO is recommending 10% of Ukraine's 46 million people be inoculated by January. link

Como não se deve gerir uma epidemia. A lição ucraniana (gripe net)

4:42 da tarde  
Blogger PhysiaTriste said...

Caro Távisto:

Antes de mais os meus votos duma rápida recuperação da inoportuna gripe.
No seu comentário relata uma cena da vida real dum hospital que tem a ver com o, aparentemente, comezinho problema da limpeza, efectuada em regime de outsourcing.

Comecemos então por analisar, genericamente, o problema da subcontratação.
O outsourcing nasceu no mundo empresarial por razões de racionalidade económica.
Faz todo o sentido que a empresa se dedique a fazer o que sabe melhor e se concentre no “core” da sua actividade, recorrendo a outras firmas para a realização de serviços periféricos.
Trata-se duma decisão que pode trazer valor acrescentado pela redução de custos e possíveis ganhos de eficiência, resultantes da maior focalização na actividade principal.
Mas não pode admitir-se o recurso à subcontratação por meras razões de corte nos custos, descurando as responsabilidades corporativas, nomeadamente a segurança.

O que aconteceu com a Petrogal é paradigmático.
Alguns anos atrás ocorreu uma explosão num pipeline do Terminal Petrolífero do Porto de Leixões. A ocorrência verificou-se no decorrer de trabalhos de manutenção/ melhoria das instalações, que estavam a ser realizados em regime de subcontratação.
O Relatório da Comissão de Averiguações, posteriormente apresentado pelo Ministro do Ambiente, referia, entre muitas desconformidades, o total desconhecimento dos trabalhadores que executavam as tarefas sobre as propriedades físicas da nafta química.
Aconteceu que os trabalhadores constataram a fuga dum líquido incolor (a nafta) e partiram do princípio que seria água usada na lavagem prévia do “pipeline”. Houve, então, uma explosão de que resultariam pesadas consequências. Se bem me lembro, terá havido uma vítima mortal e alguns feridos graves.
Estivessem os operários suficientemente alertados para os riscos da operação, conhecessem razoavelmente os fluidos que circulam no “pipeline”, facilmente saberiam do que se tratava e tomariam as medidas convenientes.
Este acidente não teria provavelmente ocorrido com pessoal pertencente aos quadros da empresa.
Passada a agitação e as pomposas declarações de circunstância, novo acidente se registou, desta vez na própria refinaria. As televisões mostraram-nos os impressionantes rolos de fumo e a azáfama de Bombeiros e Ambulâncias que combateram o incêndio e socorreram novos feridos. As razões parecem ter sido idênticas mas a imprensa não referiu que alguém tivesse sido responsabilizado.

Voltemos, agora, aos hospitais e à história da subcontratação. Nos anos 80 tivemos um Secretário de Estado que repetia à saciedade que mandar fazer era sempre melhor que fazer.
Os gestores mais respeitadores da “voz do dono” apressaram-se a cumprir aquela máxima sem analisar as consequências.
Como as funções que viriam a ser subcontratadas (alimentação, tratamento de roupa, limpeza) eram executadas em grande parte por pessoal do quadro, que não foi obviamente despedido, até pode ter acontecido, digo eu, que durante algum tempo, alguns hospitais tenham aumentado os seus custos.
E terão melhorado a qualidade?
Restringindo-me à limpeza não penso que isso tenha acontecido. Hoje, é evidentemente mais económico recorrer a fornecedores externos. Nem sequer se põe o problema de voltar ao passado.
Mas tenhamos consciência que, se as firmas de limpeza conseguem realizar o trabalho, com menos custos, não é por melhor gestão; é, sobretudo, à custa de baixos salários, trabalho precário, reduzidos ou nulos custos de formação e pouco rigor no cumprimento dos contratos.
Há empresas, nesta área, que são capazes de recrutar uma empregada, ou um empregado, colocando-o a trabalhar num hospital sem qualquer tipo de formação.
A cena que descreveu mostra que pode ter sido o caso. E é evidente que a senhora trabalha sem a segurança exigida a quem manuseia resíduos hospitalares.
Apetecia-me perguntar como é que estas coisas continuam a escapar às Comissões de Infecção Hospitalar.

Um abraço

7:14 da tarde  
Blogger Tavisto said...

O curioso é que a ministra polaca tomou a mesma atitude do colega ucraniano e, sendo países vizinhos, o surto de gripe está a ter comportamento distinto nos dois países. Vá-se lá perceber estas idiossincrasias!

8:27 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Last spring, when 2009 H1N1 influenza first came to our attention, my patients were in a panic. Our clinic was flooded with calls and walk-in patients, all with the same question: "When will there be a vaccine?" link
It was all so new then, and we didn't have an answer. That lack of answer seemed to fuel anxiety to a fever pitch. A substantial cohort of my patients continued calling, almost on a weekly basis, to ask about the vaccine.
These, of course, were the same patients who routinely refused the seasonal flu vaccine. Each year we'd go through the same drill: I'd offer them the flu shot. I'd explain the clinical reasoning behind this recommendation. I'd strongly encourage vaccination.
"No, thanks," they'd say. "The vaccine makes me sick." Or "My brother had a bad reaction." Or, simply, "I don't do flu shots."

NEJM 25.11.09, "The Emotional Epidemiology of H1N1 Influenza Vaccination"

11:30 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Elucidativo

Cavaco Silva premeia o seu fiel "spin doctor", o protagonista (ou simples pau mandado?) da inventona do verão passado sobre uma alegada "vigilância do Governo sobre Belém", explorada sem escrúpulos pela imprensa contra o PS e o Governo, até ser desmascarada, para vergonha dos seus promotores e beneficiários.
Poderá haver duas interpretações para este gesto?!link

Vital Moreira, Causa Nossa

12:01 da manhã  
Blogger joana said...

No universo de 60 mil grávidas apenas cinco mil foram vacinadas. Admitindo que é um número baixo, a Direcção Geral de Saúde atribui os números da vacinação às “notícias alarmistas” lançadas pela comunicação social, voltando a garantir que a morte fetal não tem relação com a vacina.

Por outro lado, a vacinação nas crianças entre seis meses e dois anos correu de forma diferente. Oito mil crianças foram vacinadas numa semana. link

DN 26.11.09

9:52 da tarde  
Blogger Tavisto said...

Mais uma frase lapidar de Isabel Vaz em entrevista ao Diário Económico:

Portugal tem o pior de dois mundos. Tem gastos em saúde dos países que têm liberdade de escolha, ou seja, gasta já imenso, e não tem liberdade de escolha.

Como se o PIB nacional fosse comparável ao dos países onde há mais liberdade de escolha. Ou como se tivéssemos montada uma estrutura de regulação que permitisse uma concorrência saudável entre sectores. Ou, como se o País não tivesse memória do que se passou com a gestão privada do Amadora-Sintra.

Uma entrevista a valer a pena ler na totalidade. A crise das seguradoras, ligada à diminuição da capacidade aquisitiva de seguros de saúde, vai tornando a sobrevivência grupos económicos privados cada vez mais dependente dos orçamentos públicos. O problema é que estes são cada vez mais magros e têm de alimentar cada vez mais bocas. Numa conjuntura de baixo crescimento económico, as falências serão inevitáveis. Com uma divida pública galopante, o que se recomenda são medidas para melhor a eficiência do SNS e concentrar neste cada vez mais a despesa pública em saúde. A bem da equidade e justiça social.

12:03 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Dois pacientes portadores de uma mutação do vírus H1N1 morreram em França, anunciou o Instituto de Vigilância Sanitária.

"Trata-se de uma mutação recentemente assinalada na Noruega", que pode "aumentar a capacidade do vírus de atingir as vias respiratórias baixas e, nomeadamente, atacar o tecido pulmonar", diz o Instituto de Vigilância Sanitária (InVS).

Os pacientes não tinham qualquer relação conhecida. Morreram em cidades diferentes, acrescenta o InVS. Num dos pacientes, escreve a edição online do jornal "Le Monde", foi detectada "uma outra mutação" que confere ao vírus do H1N1 "resistência ao oseltamivir [o Tamiflu].

Esta resistência ao Tamiflu tainha, também, sido detectada em partes do Reino Unido.

JN 27.11.09

4:25 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Gripe A: ministra da Saúde apela a médicos para actuarem segundo “boas práticas”

“Pedia que esses colegas médicos e enfermeiros lessem, estudassem o problema com as outras pessoas que têm maior conhecimento científico, que reflictam sobre isso e que façam aquilo que são as boas práticas clínicas”, afirmou hoje Ana Jorge, à margem da inauguração do novo centro de atendimento da Abraço, no Porto. “Se uma das grávidas a quem foi aconselhado não fazer a vacina tiver um problema, de quem é a responsabilidade, pelo menos, a responsabilidade moral e ética?”, questionou a ministra da Saúde, acrescentando que “devia ter-se consciência de que, apesar da gripe na grande generalidade ser benigna, existem grupos muito sensíveis que podem ter complicações”.

Em declarações aos jornalistas, Ana Jorge reforçou “o apelo a todos os profissionais de saúde” para ponderarem “todas as indicações em função daquilo que é o conhecimento científico das reacções adversas da vacina”, lembrando que “o acto de fazer a prescrição é sempre um acto médico, mas a responsabilidade de a tomar é dos pais, que confiam nas indicações dos profissionais de saúde”. A ministra da Saúde considerou que “neste momento, faz sentido reforçar a importância da vacinação”, afirmando que, pela primeira vez, “uma pandemia tem, em tempo real, uma vacinação eficaz e segura”.

Ana Jorge admitiu haver “pelo menos mais uma ou duas grávidas nos cuidados intensivos, que já tiveram as suas crianças, que foram partos pré-termo, que não foram vacinadas e correm risco de vida”.

Na passagem pelo Porto, a governante considerou que “por ser uma situação evitável, custa muito mais”, apelando também aos grupos de risco, sobretudo às grávidas, para contactarem os centros de saúde para serem vacinadas. “Temos que apelar à consciência de todos, sobretudo, aos grupos de risco, às grávidas, que são um grupo de maior sensibilidade para desenvolver a forma grave desta doença”, lembrando que já há “neste momento duas grávidas que falecerem e ficaram, pelo menos, dois recém nascidos órfãos”.

A ministra da Saúde reforçou a total confiança na vacina para a gripe A, destacando que “as reacções adversas são iguais a todas as outras vacinas”. “Temos a Organização Mundial de Saúde a garantir que é seguro e penso que é suficiente para todos ponderarmos”, acrescentou.

Além das grávidas, Ana Jorge insistiu na vacinação das crianças até aos dois anos, reforçando que “há vacinas disponíveis para os grupos de risco”.

JP 28.11.09

5:08 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Em relação à relutância das mulheres grávidas tomarem a vacina do H1N1

Dr. SCHUCHAT: I shouldn't have been surprised, but I have been surprised about this disproportionate toll that it's taking in pregnant women. I think I'd never lived before a pandemic before, and I actually hadn't seen the really sorry and just the tragic stories of healthy pregnant women coming down with such difficult diseases.
So that's been hard to take as a public health expert, and, of course, a reason that we strongly recommend pregnant women who have cough or fever, respiratory symptoms, to take that seriously and seek care and get antiviral medicines and, of course, to be vaccinated before they get such symptoms. National Public Radio, interview November 25, 2009 link

5:47 da tarde  
Blogger helena said...

Nova dinâmica

Na semana em que retomou funções de ministra da Saúde, Ana Jorge virou também a sua atenção para os hospitais, como era desejável (págs. 2, 4 e 6). Agora é a vez destas unidades, que conheceram profundas transformações na sua gestão, quando passaram a sociedades anónimas, primeiro, e a entidades públicas empresariais, depois. Controversas mudanças, que continuam a alimentar a acusação de que o primado da gestão passou da clínica para a economia, senão mesmo para o economicismo, mas cujo sucesso os números oficiais de desempenho atestam.
A criação de novos CRI representa um novo patamar na organização dos serviços, e ficámos na semana passada a saber que são três os que se encontram em vias de obter aquele estatuto: o Centro Hepato-Bilio-Pancreático e de Transplantação do Hospital de Curry Cabral, a Cirurgia Cardiotorácica do Hospital de Santa Marta e o Serviço de Urgência do Hospital de Santa Maria. A decisão decorre do facto de, como tem sido sublinhado por administrações hospitalares, os esforços de racionalização comandados desde o topo terem limites; estes limites obrigam a descentralizar a gestão, responsabilizando os directores dos serviços, e a fórmula do CRI, até agora solitariamente adoptada pelo Centro de Cirurgia Cardiotorácica dos HUC, exibe virtualidades que, neste caso, ultrapassam a competência do seu director.
Esta nova dinâmica, que passa pela criação de CRI ou outros modelos de gestão interna mais autónomos, tem igualmente na origem a convicção manifestada pela ministra de que é necessário criar «condições diferentes» de trabalho para os profissionais, que passarão a ter «responsabilidades acrescidas». Decifrando o discurso, percebe-se que Ana Jorge está consciente de que os profissionais, para dedicarem plenamente o seu tempo ao hospital, devem ser pagos em conformidade.

Tempo de Medicina 30.11.09


Os CRIs parecem ser a nova fórmula mágica da política de saúde de Ana Jorge.
Como foram no passado esperança e fracasso rotundo.

12:56 da manhã  
Blogger Tavisto said...

Os CRIs parecem ser a nova fórmula mágica da política de saúde de Ana Jorge.
Como foram no passado esperança e fracasso rotundo.



Cara helena,

Os CRI não têm passado, a não ser no papel. Ou melhor, actualmente existe apenas o do Serviço de Cirurgia Torácica dos HUC, uma espécie de cavalo de Tróia, que, podendo ser alvo de críticas, tem sido uma réstia de esperança de novos modelos organizativos hospitalares e o oposto de “um fracasso rotundo”.
A criação de três novos CRI hospitalares é, em meu entender, a melhor notícia de política de saúde do actual Governo. Esperemos que esta medida não seja só para “epater” mas traduza uma real vontade de alterar a orgânica hospitalar em geral e rapidamente alastre a outras unidades. Sem mais autonomia, maior responsabilização e maior dedicação profissional, o SNS hospitalar continuará a perder relevância e qualidade, pelo menos nas áreas em que o sector privado se afirmar como concorrencial.
É evidente que a criação dos CRI irá trazer outro tipo de problemas, nomeadamente o do risco do hospital perder coerência interna podendo, de alguma forma, “balcanizar-se”. Ou o da selecção adversa, seleccionando as patologias melhor pagas ou os doentes menos graves, uma vez que o financiamento por patologia não tem em conta o factor risco. Haverá pois que evoluir para formas de financiamento que tenham em linha de conta estas realidades, para processos de comparação de custos de CRI afins, para processos de auditoria que detectem eventuais desvios ás melhores práticas clínicas.
Não sendo gestor nem tendo competência na área, nada disto é novo sendo seguramente o que se faz por essa Europa fora independentemente do modelo de saúde. Há pois que acelerar o passo se queremos que o nosso modelo público não soçobre ao peso da obsolescência e dos interesses instalados.

1:06 da tarde  

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