O poder do chip…
O país vive acantonado num beco sem saída cansado da política e dos políticos e, sobretudo, deste governo e deste primeiro-ministro a quem ninguém, no país, já atribui um pingo de crédito.
O governo arrasta-se num penoso deambular de avanços e recuos. Vemos o desgastado Ministro das Finanças aos gritos, no parlamento com um deputado do partido comunista, evocando a falta de dinheiro para justificar o corte nas prestações sociais e nas progressões da administração pública. Mas não será este mesmo Ministro das Finanças que usou o dinheiro público à tripa-forra, durante quatro anos, iludindo e disfarçando a crise e que apenas “descobriu” o buraco orçamental na semana a seguir às eleições legislativas? Não será este mesmo Ministro que pactuou com a capitulação na questão dos professores e que vai fechando os olhos à demagógica assunção de encargos futuros com as corporações da saúde?
E que dizer do desventurado Ministro das Obras Públicas feito Ministro apenas por ter escrito um ou dois artigos a defender o indefensável (obras públicas e endividamento sem limite) e que agora se vê enredado numa sucessão de tristes figuras no avança e recua, no diz e desdiz, na trapalhada dos chips e das SCUT’s fazendo o papel de um dos “passarinhos” que o PSD se vai entretendo a fritar neste governo em lume brando?
O deplorável espectáculo a que estamos a assistir com os famigerados chip’s e as SCUT’s mostra o que de pior tem a política “rasca” do diz que disse, da mentira, da desonestidade moral, da pantominice reveladora da mais absoluta falta de respeito pelos cidadãos. Valeria a pena esmiuçar esta “obsessão” dos chips e reconstruir o circuito legislativo e, sobretudo, produtivo. Talvez assim se compreenda tanto empenho neste processo…
Na saúde temos como certa a destruição do SNS universal e geral. A ausência de governação está a conduzir à degradação dos hospitais, ao acantonamento das USF’s e à maior “embrulhada” de que há memória nos cuidados de saúde primários com os ACE’s. Na área do medicamento prossegue o bricolage legislativo e o casuísmo decisional. O sub-financiamento dos hospitais agrava o seu estrangulamento e a respectiva capacidade de solver compromissos com fornecedores. Entretanto as corporações profissionais aguardam, com tranquilidade, o disparo do tiro de partida para as novas grelhas remuneratórias já comprometidas e negociadas na surdina dos gabinetes.
O défice do SNS fechará este ano na plenitude do seu máximo garantindo um recorde histórico. Mas o pior serão os próximos anos quando as SCUT’s da saúde começarem a ser, de facto, percepcionáveis (encargos com as PPP’s, dívida rolante, novos encargos com remunerações, etc). Nessa altura, tal como hoje, o PSD, compungido dirá que nada pode fazer, que apenas lhe resta corrigir o desvario e a irresponsabilidade socialista e que aos portugueses nada mais restará do que pagar, muito mais, pelos cuidados de saúde, sendo certo que os duros co-pagamentos serão, fatalmente, inevitáveis.
Nem que, para tal, seja necessário falar com o secretário de Estado Paulo Campos para este mandar fazer um chip para colocar em cada cidadão permitindo assim cobrar os cuidados de saúde, na imensa rede de portagens em que se transformará o novo SNS criado por este governo e, gentilmente, cedido ao novo governo laranja.
É esta a herança PS na saúde na legislatura cujo fim se aproxima a passos largos .
O governo arrasta-se num penoso deambular de avanços e recuos. Vemos o desgastado Ministro das Finanças aos gritos, no parlamento com um deputado do partido comunista, evocando a falta de dinheiro para justificar o corte nas prestações sociais e nas progressões da administração pública. Mas não será este mesmo Ministro das Finanças que usou o dinheiro público à tripa-forra, durante quatro anos, iludindo e disfarçando a crise e que apenas “descobriu” o buraco orçamental na semana a seguir às eleições legislativas? Não será este mesmo Ministro que pactuou com a capitulação na questão dos professores e que vai fechando os olhos à demagógica assunção de encargos futuros com as corporações da saúde?
E que dizer do desventurado Ministro das Obras Públicas feito Ministro apenas por ter escrito um ou dois artigos a defender o indefensável (obras públicas e endividamento sem limite) e que agora se vê enredado numa sucessão de tristes figuras no avança e recua, no diz e desdiz, na trapalhada dos chips e das SCUT’s fazendo o papel de um dos “passarinhos” que o PSD se vai entretendo a fritar neste governo em lume brando?
O deplorável espectáculo a que estamos a assistir com os famigerados chip’s e as SCUT’s mostra o que de pior tem a política “rasca” do diz que disse, da mentira, da desonestidade moral, da pantominice reveladora da mais absoluta falta de respeito pelos cidadãos. Valeria a pena esmiuçar esta “obsessão” dos chips e reconstruir o circuito legislativo e, sobretudo, produtivo. Talvez assim se compreenda tanto empenho neste processo…
Na saúde temos como certa a destruição do SNS universal e geral. A ausência de governação está a conduzir à degradação dos hospitais, ao acantonamento das USF’s e à maior “embrulhada” de que há memória nos cuidados de saúde primários com os ACE’s. Na área do medicamento prossegue o bricolage legislativo e o casuísmo decisional. O sub-financiamento dos hospitais agrava o seu estrangulamento e a respectiva capacidade de solver compromissos com fornecedores. Entretanto as corporações profissionais aguardam, com tranquilidade, o disparo do tiro de partida para as novas grelhas remuneratórias já comprometidas e negociadas na surdina dos gabinetes.
O défice do SNS fechará este ano na plenitude do seu máximo garantindo um recorde histórico. Mas o pior serão os próximos anos quando as SCUT’s da saúde começarem a ser, de facto, percepcionáveis (encargos com as PPP’s, dívida rolante, novos encargos com remunerações, etc). Nessa altura, tal como hoje, o PSD, compungido dirá que nada pode fazer, que apenas lhe resta corrigir o desvario e a irresponsabilidade socialista e que aos portugueses nada mais restará do que pagar, muito mais, pelos cuidados de saúde, sendo certo que os duros co-pagamentos serão, fatalmente, inevitáveis.
Nem que, para tal, seja necessário falar com o secretário de Estado Paulo Campos para este mandar fazer um chip para colocar em cada cidadão permitindo assim cobrar os cuidados de saúde, na imensa rede de portagens em que se transformará o novo SNS criado por este governo e, gentilmente, cedido ao novo governo laranja.
É esta a herança PS na saúde na legislatura cujo fim se aproxima a passos largos .
pagador de impostos
Etiquetas: Crise e politica de saúde
5 Comments:
Nos estudos sobre uma eventual revisão constitucional que o maior Partido da Oposição tem em curso, considera-se a possibilidade de eliminar da Constituição da República Portuguesa o direito à gratuitidade da educação e da saúde que, nos termos constitucionais, qualquer cidadão hoje tem. É matéria melindrosa que requer uma reflexão.
Vivi uns tempos nos países nórdicos, pelo que conheço relativamente bem o sistema de gratuitidade hoje existente nos países escandinavos, em particular na Finlândia, onde é um direito de cidadania, sem que tal tenha impedido que a Finlândia tenha sido o maior caso de sucesso económico e social europeu dos últimos vinte anos. É de resto surpreendente que sendo o modelo social europeu a grande referência de vanguarda do modelo de desenvolvimento económico e social adoptado na Europa no pós-guerra, se estude a sua eliminação de uma constituição europeia, sem prejuízo de se saber que se procuram soluções em toda a Europa para aperfeiçoar o actual modelo, dados os desequilíbrios e dificuldades que a Europa hoje vive. Acho que se confunde o essencial com o acessório.
Uma coisa é discutir-se o eventual envolvimento do sector privado na garantia do direito público à gratuitidade e, nisto, penso que havendo algumas divergências quanto às formas e intensidade da contribuição de soluções privadas e mistas, é hoje genericamente aceite que a eficiência do sistema pode melhorar com o envolvimento do sector privado, quer na área da educação, quer na área da saúde. Isto é o acessório. Outra coisa é pôr em causa o inalienável direito público à gratuitidade, independentemente de quem o presta, desde que a garantia seja constitucional e assumida pelo Estado. Isto é o essencial.
Direi que numa altura em que um modelo de desenvolvimento liberal como o norte-americano adopta uma política social de aproximação ao modelo social europeu, é na Europa que se "testam" soluções para o seu abandono ou flexibilização. A meu ver a questão tem de ser posta ao contrário, ou seja, como os países nórdicos em devido tempo a equacionaram: o direito à gratuitidade é uma questão inalienável de cidadania, competindo aos decisores políticos, económicos e sociais encontrarem o modelo de desenvolvimento que garanta a criação de valor necessária para o sustentar: investindo na inovação e criatividade, na qualificação dos cidadãos, na investigação e desenvolvimento e na internacionalização, potenciando as suas vantagens comparativas nos mercados vocacionais, como os nórdicos fizeram com sucesso.
Todos sabemos que é mais difícil este caminho, mas é o único que permite traçar o caminho correcto, e não perder o norte quanto ao que é essencial e acessório, sem abandonar assim o que é prioritário.
Francisco Murteira Nabo
DE 24.06.10
O mais paradoxal nesta questão do pagamento das SCUT é o significado da abreviatura: Sem custo para o utilizador. Está-se mesmo a ver!
Será mesmo que teremos de vir a usar também chips na Saúde? Aí meus amigos rebelo-me. Um chip vá que não vá, agora um par de chips é que ninguém me convence.
HOMO EX MACHINA
Hoje, na baralhada parlamentar sobre os chips, poderá ter sido dado o 1º. passo para o desmontar do arraial.
Na verdade, paira no ar um odor pestilento. Um ambiente [político, económico, financeiro, social, cultural, etc.] que, para além de irrespirável, tresanda a necrotério.
"Todas-as-Oposições" [sem sentirem necessidade de invocar diferenças ideológicas] compreenderam a necessidade de isolar o Governo, tornando-o um objecto réprobo.
Chamar a esta instintiva convergência - será uma evidência [?] – uma “coligação negativa” é sonhar com tempos idos, onde crédulos [e incautos]personagens esgotaram-se a terçar armas em volta de posicionamentos políticos [ideológicos e doutrinários], retirando desses referenciais [valores] todas as consequências daí decorrentes.
Tempos remotos… [quase da I República].
Na situação actual, o pragmatismo utilitarista serve para tudo [uma “nova” panaceia política e económica] e serve-se de todos [os contribuintes].
O governo, representado pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações [MOPTC], corporizado no factótum António Mendonça e no acaciano Paulo Campos, pretendeu – mais uma vez sob o pretexto da crise – transformar o País numa gigantesca reserva [coutada] onde, no seu interior, se movimentavam todos os especímenes devidamente anilados [“chipados”].
Na verdade, prevaleceu outro tipo de reserva: a da vida privada dos cidadãos ou, se quisermos, a que preserva [e dissocia] o Homem da Máquina.
O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu, esta sexta-feira, a extinção da Entidade Reguladora da Saúde, que pretende aplicar multas no valor de quase 200 milhões de euros por incumprimento do prazo de marcação de consultas da especialidade.
Ouvido pela TSF, Pedro Nunes explicou que, desta forma, a ERS coloca em causa a vida de muitos doentes, uma vez que assim são desviadas verbas que deviam estar ao serviço dos pacientes.
Este bastonário ficou ainda estupefacto por a «ministra da Saúde ainda considerar a hipótese de pagamento seja do que for à ERS», ainda para mais num clima de «crise económica» e de «fecho de clínicas pediátricas, porque não há dinheiro para pagar horas extraordinárias».
«Estamos a cortar nos medicamentos para doenças graves, como a oncologia, porque estamos numa crise económica grande», acrescentou Pedro Nunes, que não concebe que num clima como este se pague 200 milhões a uma «entidade rigorosamente inútil».
Para Pedro Nunes, «o que é de exigir imediatamente ao Governo é que extinga a ERS, porque é uma entidade inútil que perturba o funcionamento do sistema de saúde e neste momento leva os hospitais a uma incapacidade efectiva de tratar doentes».
O bastonário adiantou ainda que «quem tem a obrigação de fazer com que não haja atrasos nas marcações são os proprietários dos hospitais e dos centros de saúde, que continua a ser o Governo».
«Quando os hospitais e os centros de saúde não funcionam bem quem tem que levantar a questão é a oposição no Parlamento. Isto é um sistema democrático. A ERS é uma entidade que não é do nosso sistema democrático e que portanto não serve ao nosso sistema», insistiu.
Pedro Nunes acusou ainda esta entidade reguladora de «retirar dos hospitais dinheiro que é essencial para comprar medicamentos e tratar das pessoas», algo que enetende ser «inaceitável».
TSF 25.06.10
A edição do Expresso na sua primeira página faz luz sobre o aqui escrito: ...Valeria a pena esmiuçar esta “obsessão” dos chips e reconstruir o circuito legislativo e, sobretudo, produtivo. Talvez assim se compreenda tanto empenho neste processo…
Este PM e os seus "rapazes" deixam uma herança de destruição do país e do PS.
Enviar um comentário
<< Home