quarta-feira, janeiro 12

Portugal, little pig, destemido

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2 Comments:

Blogger xavier said...

O Economist resolveu ser um estraga-festas. Diz que a procura de dívida pública portuguesa foi boa, mas a taxa de juro conseguida continua a ser demasiado elevada. Segundo a revista britânica, dado o nível da dívida pública portuguesa, seria necessário que o custo de financiamento descesse muito mais para evitar uma situação de incumprimento - ou o recurso ao fundo FMI/UE.

Quem lê tal artigo poderá questionar-se: se a taxa de juro hoje obtida não serve, qual é a taxa de juro que serviria? O Economist não responde, tal como nunca responderão os economistas dos jornais da noite.


Por um lado, é extremamente difícil, nas condições actuais, estimar a taxa de juro que seria necessária para que as finanças públicas fossem sustentáveis a prazo. Para além de algumas dificuldades técnicas que poucos terão analisado em detalhe (e.g., a estrutura temporal da dívida actualmente existente), a sustentabilidade das contas públicas depende essencialmente do crescimento da economia na próxima década. Mas o crescimento da economia não é independente do que o Economist e os economistas dos jornais da noite consideram ser necessário fazer para 'convencer' os mercados (ou seja, mais austeridade). E aqueles que consideram que a austeridade tem de ser mantida e reforçada sabem que tal implicará menos crescimento - o que, por sua vez, implica menor capacidade de pagar a dívida. Logo, menor capacidade de 'convencer os mercados'. Estas causalidades cumulativas tornam extremamente difícil estimar a taxa de juro dos títulos da dívida compatível com a sustentabilidade das finanças públicas.


Mas há uma questão ainda mais relevante. Tanto o Economist e como os economistas dos jornais da noite veêm como desejável o recurso ao fundo FMI/UE, na medida em que permite o acesso ao financiamento em condições mais baixas. No entanto, como as experiências grega e irlandesa demonstram, a diferença entre as taxas de juro praticadas 'nos mercados' e a taxa de juro dos empréstimos obtidos no quadro da intervenção FMI/UE não é significativa. Assim, quem considera que o custo de financiamento tem de ser muito inferior ao do conseguido com o leilão hoje realizado, se conseguisse fazer as contas, dificilmente chegaria a outra conclusão que não a óbvia: recorrer ao fundo FMI/UE não elimina a perspectiva de incumprimento.


Não é a infelicidade do porquinho que apoquenta os porcos grandes. Estes só querem garantir que são os primeiros a receber as bolotas que restam. O porquinho é que não precisa de entrar nesse jogo.

Ricardo Paes Mamede

12:21 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

Quem espera desespera

Perante o desmentido da tragédia anunciada em mais uma ida do Estado português aos mercados da dívida, os catastrofistas profissionais não conseguiram disfarçar o seu desalento. Foi ver os "especialistas", nas televisões, rádios e blogues, num dos seus raros momentos de ponderação. Se cada má notícia era o anúncio certo da desgraça, agora temos de passar a ler as reações dos mercados com cautela. Se antes se encomendava uma missa pelo finado, ontem pedia-se calma. De faces fechadas e semblantes pesados, recebiam o que só pode ser visto com alguma, pequena que seja, satisfação, como se tratasse de um revés.

Há dois processos psicológicos que levam a este momento de normalização hormonal dos nossos catastrofistas. Um é apenas primário: depois de venderem uma tese querem que ela se confirme. Até porque, de cada vez que não se confirmam as suas tonitruantes certezas, é o mito da sua neutralidade técnica que é posto em causa. O outro é mais assustador: a vinda do FMI e do FEE, que, de facto, pode perfeitamente vir a acontecer, seria vista por alguns deles como uma excelente notícia. Porque a ideia de que precisamos de uma mão de ferro que não dependa deste povo atrasado ainda faz escola. Ela permitiria impor a agenda que este povo, refastelado no Estado Social, não está preparado para apoiar.

A verdade é esta: o dia de ontem correu bem. Mas não nos salva da desgraça. Assim como os dias anteriores não são a prova acabada de que já morremos e ainda ninguém nos avisou. Os catastrofistas profissionais terão de esperar mais um pouco. E a dificuldade que eles têm em disfarçar a impaciência.

Daniel Oliveira, Expresso Online

10:16 da tarde  

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