terça-feira, novembro 29

A equação está cada vez mais impossível.

1.Como foi possível elaborar um orçamento, sem primeiro enquadrar o financiamento do sector público no memorando de entendimento, conhecido que o universo dessas empresas não se podia financiar no mercado, pressuposto esse imposto pela Troika. Este ponto deveria ter sido renegociado antes da elaboração do O.E. Mas ainda mais preocupante é que, mesmo depois do P.M. ter reconhecido publicamente essa necessidade, não tivesse uma posição pro activa e debatesse essa questão primordial, no âmbito dos encontros, com a referida Troika.
Esta não solução vai marcar de forma extremamente negativa toda a execução do Orçamento de 2012.
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As afirmações do chefe da missão do FMI são no mínimo caricatas (para evitar classificativos mais apropriados).Considera que mais prazo para reduzir o défice não é possível porque esse objectivo “depende da economia”. O Senhor em causa não deve ler os relatórios da Instituição que lhe paga o salário. Se analisar as previsões de crescimento para as economias para onde exportamos e o cenário de crise internacional que se instalou, verá facilmente que o impacto negativo sobre as nossas exportações não permitirá que o nosso crescimento se resolva pela procura externa. Há uma “ frase mortal” na sua entrevista que convêm ter em conta: ”mas se a economia afundar mais, poderemos ter que reconsiderar o ritmo da consolidação orçamental”.Com conselheiros destes, pagos por nós a preço de ouro, temos o destino traçado.

Há nessa entrevista (1) uma frase ainda mais traumática que convêm registar: ”queremos evitar ser um cão atrás da própria cauda, no sentido em que uma economia mais fraca precisa 9999de mais austeridade, o que por sua vez agrava a recessão, etc…”De acordo com o referido “técnico” haverá uma “resposta rápida da oferta” que nos deve deixar mais descansados. Mas sobre a procura o seu silêncio é “mortal”. Como as medidas assumidas por este orçamento são fortemente penalizadoras do consumo interno e as previsões da procura externa são extremamente negativas, resta-nos esperar pela inoportuna “história do cão”.
Até lá temos a evidente rigidez do MF que resolve todos os problemas com cortes e novos impostos e a inabilidade de um PM que antes de falar pede licença para o fazer.

5.Sentimos que já nos cortaram a esperança. Que já nos cortaram tudo. E como diria o nosso poeta do desassossego: ”sem esperança não temos propiamente vida”
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1.Entrevista de Poul Thomsen ao Expresso,19.11.2011
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Carlos Oliveira Cruz, blog sedes, 29.11.11