segunda-feira, novembro 28

Acede quem pode!

«Eu, que me licenciei em 1969, quando olho para o gráfico da mortalidade neonatal vejo algo que era impensável nessa altura. O mesmo se passa com os dados referentes às doenças infecciosas. O caso da tuberculose ou, mais recentemente, do VIH/sida.
Tais resultados, incluindo a maior esperança de vida, foram obtidos à custa do aumento de actividade — «consultas externas, por exemplo» —, bem como da qualidade — «quando me licenciei, os partos eram predominantemente feitos no domicílio, sem assistência, e hoje 99,8% ocorrem em estabelecimentos de saúde».

Se os indicadores melhoraram, os custos também cresceram. «As pessoas da minha geração, algumas mais novas, perguntarão se chegámos ao fim do sonho. Designadamente o da construção de um sistema com acesso universal, equidade e tendência progressiva para a melhoria qualitativa»

«Estamos, ou não, no limiar de termos de decidir quem acede aos cuidados? Esta limitação de acesso, particularmente nos casos de terapêuticas ou metodologias diagnósticas de custo muito elevado, é inevitável? Se sim, quando é que vai ser introduzida? Com que critérios? E, sobretudo, quem a determina?»

Correia da Cunha, presidente do conselho de administração (CA) do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), TM 28.11.11

A despesa da Saúde prevista no OE/2012 é de 8.157 mil milhões para uma dotação de 7.957 mil milhões . O ministro da saúde admite, assim, "à partida", um défice de 200 milhões de euros.

O corte do financiamento da saúde, as medidas previstas para o início do próximo ano como o aumento das taxas moderadoras, corte da comparticipação dos medicamentos, MCDTS e transporte de doentes, determinarão uma alteração brutal das condições de acesso aos cuidados de saúde.
Basta esperar pela reforma do Mendes Ribeiro (livre escolha, PPPs) e a coisa faz-se.