Tese revolucionária
... A tese é revolucionária: se todos os hospitais públicos conseguissem afinar o seu desempenho pelo nível de eficiência dos melhores do país, seria possível poupar mais de 760 milhões de euros. Melhor: se o custo médio do doente-padrão descesse em todas as regiões para o nível do mais baixo registado (na região Norte), a redução de custos potencial ascenderia a quase 1300 milhões de euros. Em teoria, não seriam assim necessários os cortes brutais decretados para os próximos anos nos hospitais portugueses. Parece um milagre, mas são cálculos efectuados pelos peritos que assinam o relatório sobre a reforma hospitalar, em discussão até ao final deste mês. link
O que fez o Norte
Mas que caminho foi feito pela região Norte, afinal? "Depois de muita guerra, conseguimos centralizar urgências de várias especialidades - pediatria, psiquiatria, oftalmologia, urologia, entre outras", exemplifica Fernando Araújo. As médias de internamento são mais baixas porque se apostou na rede de cuidados continuados (pelo contrário, LVT é a região com menos camas destas, por isso é que os doentes permanecem mais tempo internados nos hospitais). O Norte investiu também de forma intensiva nos centros de saúde. Tem actualmente mais de metade das Unidades de Saúde Familiar (USF) do país, o que permite aliviar as urgências. Também faz mais cirurgia de ambulatório (sem internamento) - 41% das operações na região em 2010, contra apenas 29% em LVT.
Um experimentado administrador hospitalar do Sul reconhece que a ARS do Norte desenvolveu uma gestão competente ao longo dos últimos, "ao contrário" do que aconteceu com a ARS de LVT. Que não fez, exemplifica, a reforma das urgências na região nem avançou com outras medidas necessárias. Resultado: hoje tem 16 maternidades "quando bastavam oito", "e mais unidades de cardiologia de intervenção por habitante do que a região de Nova Iorque".
"A ARS do Norte tem tido políticas mais próximas das necessidades da população talvez porque está mais afastada do poder central", corrobora Pedro Lopes Ferreira, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde. E na capital há "mais promiscuidade entre o público e o privado [médicos que trabalham nos dois lados em simultâneo]", observa. Mas defende que é necessário ter cuidado com a retirada de conclusões quando se apresentam "contas muito agregadas" como acontece no estudo do grupo para a reforma hospitalar liderado por Mendes Ribeiro-
Esta é, aliás, a principal crítica efectuada por três especialistas de LVT contactados pelo PÚBLICO - que pediram para não ser identificados. Discordam de forma categórica dos cálculos e das extrapolações efectuadas no relatório. "Essas contas enfermam de uma grande superficialidade. A região Norte é bastante mais eficaz mas não nessa dimensão. Não foram tidas em conta [no estudo] variáveis de procura e de tipologia da procura", afirma o administrador do hospital da região lisboeta. Basta ver, diz, que LVT recebe quase todos os casos provenientes dos países africanos de língua portuguesa e que é Lisboa que trata o grosso dos doentes com sida, responsáveis por uma fatia considerável da despesa. ...
JP 18.12.11
--------------------
A campanha de marketing continua. Para não deixar morrer o power-point.
Desta vez a AC exagerou: "Tese revolucionária". "Parece milagre, mas são cálculos", senhor. Um naco próprio de certa docente e consultora em comunicação estratégica e de saúde SA que ultimamente me tem enviado mails rascas com insultos e ameaças.
O que fez o Norte
Mas que caminho foi feito pela região Norte, afinal? "Depois de muita guerra, conseguimos centralizar urgências de várias especialidades - pediatria, psiquiatria, oftalmologia, urologia, entre outras", exemplifica Fernando Araújo. As médias de internamento são mais baixas porque se apostou na rede de cuidados continuados (pelo contrário, LVT é a região com menos camas destas, por isso é que os doentes permanecem mais tempo internados nos hospitais). O Norte investiu também de forma intensiva nos centros de saúde. Tem actualmente mais de metade das Unidades de Saúde Familiar (USF) do país, o que permite aliviar as urgências. Também faz mais cirurgia de ambulatório (sem internamento) - 41% das operações na região em 2010, contra apenas 29% em LVT.
Um experimentado administrador hospitalar do Sul reconhece que a ARS do Norte desenvolveu uma gestão competente ao longo dos últimos, "ao contrário" do que aconteceu com a ARS de LVT. Que não fez, exemplifica, a reforma das urgências na região nem avançou com outras medidas necessárias. Resultado: hoje tem 16 maternidades "quando bastavam oito", "e mais unidades de cardiologia de intervenção por habitante do que a região de Nova Iorque".
"A ARS do Norte tem tido políticas mais próximas das necessidades da população talvez porque está mais afastada do poder central", corrobora Pedro Lopes Ferreira, do Observatório Português dos Sistemas de Saúde. E na capital há "mais promiscuidade entre o público e o privado [médicos que trabalham nos dois lados em simultâneo]", observa. Mas defende que é necessário ter cuidado com a retirada de conclusões quando se apresentam "contas muito agregadas" como acontece no estudo do grupo para a reforma hospitalar liderado por Mendes Ribeiro-
Esta é, aliás, a principal crítica efectuada por três especialistas de LVT contactados pelo PÚBLICO - que pediram para não ser identificados. Discordam de forma categórica dos cálculos e das extrapolações efectuadas no relatório. "Essas contas enfermam de uma grande superficialidade. A região Norte é bastante mais eficaz mas não nessa dimensão. Não foram tidas em conta [no estudo] variáveis de procura e de tipologia da procura", afirma o administrador do hospital da região lisboeta. Basta ver, diz, que LVT recebe quase todos os casos provenientes dos países africanos de língua portuguesa e que é Lisboa que trata o grosso dos doentes com sida, responsáveis por uma fatia considerável da despesa. ...
JP 18.12.11
--------------------
A campanha de marketing continua. Para não deixar morrer o power-point.
Desta vez a AC exagerou: "Tese revolucionária". "Parece milagre, mas são cálculos", senhor. Um naco próprio de certa docente e consultora em comunicação estratégica e de saúde SA que ultimamente me tem enviado mails rascas com insultos e ameaças.
Nota: Mérito reconhecido do Fernando Araújo que devia ter sido nomeado para coordenar este trabalho.
Etiquetas: Mendes Ribeiro
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home