sábado, dezembro 17

Já ninguém acredita

...«Passos chegou ao poder e disse tudo o que estava mal. Não referiu uma única coisa que estivesse bem. Aliás, Passos carrega sempre nas tintas. Se pensamos que 2012 vai ser um ano péssimo, ele acrescenta que será dramático. Se consideramos que as coisas estão más, ele acrescenta que vão ficar piores. Passos não motiva os cidadãos nem aumenta a sua confiança. Pelo contrário, acrescenta desalento ao desalento, desânimo ao desânimo, fraqueza à fraqueza e instila em todos nós um sentimento de culpabilidade pelo que nos está a acontecer.

Passos está obcecado - e muito bem - pelo cumprimento do acordo com a troika. Mas não faz a gestão emocional da crise, nem nenhum esforço para manter as tropas moralizadas. Passos dá sempre a impressão de estar mais do lado dos credores do que do nosso. Não se preocupa minimamente em transmitir otimismo e esperança, nem em mostrar a luz ao fundo do túnel.
Desde que chegou ao Governo, fez várias promessas importantes que desdisse. E numa situação destas isso é um erro dramático. Quando agora afirma que não haverá novo aumento de impostos em 2012, já ninguém acredita. E é por isso que Passos corre dois enormes riscos. O primeiro é levar-nos a todos para um lugar de miséria e desesperança. O segundo é descobrir que está sozinho quando necessitar de tropas para a batalha.

NS, expresso 17.12.11 link

Assim, não vamos lá!
O que mais me impressiona é a insuportável leveza intelectual, combinada com arrogância saloia, deste lider pacotilha que na adolescência não curtia rockandroll (verdadeiro stright) nem arriscava, ao menos, uma travadela à Clinton.

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4 Comments:

Blogger tambemquero said...

Não foi preciso esperar muito para ver alguns fazedores de opinião a dizer que Passos Coelho não passa de um "embuste". Antes, como bem recordarão os leitores, havia grandes opinion makers a reverem-se no frentismo das alianças espúrias e a lançar apelos à direita para se juntar à esquerda, incluindo a "caviar", para derrubar o Governo socialista.

Há dias atrás, li um texto de um conhecido articulista da área do PCP/Bloco a dizer que Passos Coelho está a fazer o que criticava a Sócrates, mas com a agravante de o fazer pior. Não posso estar mais de acordo, mas lamento a chegada tardia de lucidez bastante para o erro se tornar evidente.

Denuncia-se já o novo primeiro-ministro como homem que revela vocação para maltratar a sinceridade e recorrer à desculpa fácil. Enquanto não chegou a lucidez, crucificaram e incriminaram o anterior primeiro-ministro, José Sócrates, mas o "sniper" do actual Governo, Paulo Portas, ainda não perdeu o vício.

O agora primeiro-ministro e líder do PSD, durante a campanha eleitoral, foi acusado de pretender reduzir direitos dos trabalhadores e de querer acabar com o Estado Social. Coisa que recusou e classificou de calúnia. Pois bem, vejamos a realidade.

As suas ambições em matéria de direitos laborais remontam à sua chegada à liderança do PSD. Tudo começou em Maio de 2010, com uma iniciativa designada de "tributo social". O intuito, dizia, era combater a acomodação dos desempregados. O modelo impunha trabalho não remunerado a entidades públicas, do sector social ou na formação profissional. Os destinatários eram os beneficiários do subsídio de desemprego e do rendimento social de inserção.

Instituía o trabalho gratuito e determinava perda de direitos a quem se recusasse a fazê-lo.

Um mês depois, surge outra iniciativa (que não teve divulgação pública), dita de "carácter excepcional e irrepetível ... para dinamizar a oferta do mercado laboral", para vigorar até 2013, como regime legal transitório, aplicável a contratos a termo, trabalho temporário e comissão de serviço.

A ideia suspenderia a aplicação das normas do Código do Trabalho em vigor, para aquele tipo de contratos. Nada diferente do que tinha sonhado a sua antecessora com a "interrupção da democracia".

Em Janeiro de 2011, Passos apresenta um projecto-lei na AR para suspender transitoriamente as "formas clássicas de contratação a termo", tidas por ele como instrumento de políticas de emprego e ideais para desempregados e jovens à procura de primeiro emprego.

O incentivo era a redução da TSU, acumulação de subsídio de desemprego com salário, renovações sem limite, contratos de 18 e 24 meses alargados a três anos e celebração de contratos verbais. Mais uma vez, fomentava a "suspensão da democracia".

Moral da história, enquanto foi oposição não conseguiu concretizar a sua tendência neoliberal.

Mas o bloco de direita que lidera, com um PP ávido de "matar"a legislação laboral, reforçou a sua ambição liberalizadora. Brandiu com o fantasma do caos e impôs relações laborais precárias. Os contratos a termo vão passar a ter uma duração de 54 meses, o regime fica descaracterizado e ainda rouba nas compensações por caducidade!

Coelho não esconde "tiques" de autoritarismo. As "greves não lhe metem medo", diz. O caminho é marchar contra os desprotegidos e favorecer os amigos investidores.

Artur Penedos JP 17.12.11

11:38 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

‘Porque é que o Governo negociou uma transferência tão superior ao necessário? A resposta parece estar nas contrapartidas anormais que o Governo terá acordado com os bancos e que diferenciam claramente esta operação de todas as outras do mesmo género feitas no passado. Sobre isto o Governo tem ainda muitas explicações para dar.

O que não tem explicação possível é a decisão absurda de cortar 50% no subsídio de Natal deste ano. É preciso recordar que o imposto "sobre o 13º mês" - também ele uma receita extraordinária - foi apresentado pelo primeiro-ministro como uma medida indispensável para cumprir as metas do défice e para a qual não havia alternativa. Está provado que isso não era verdade: bastaria a transferência dos fundos de pensões para cumprir e até ultrapassar a meta do défice!

Sendo desnecessária, a decisão de cortar no 13º mês é mais do que uma decisão absurda: é um monumento impensável ao absurdo político, porque impõe aos portugueses sacrifícios adicionais completamente dispensáveis e porque agrava perigosamente a recessão, num contexto que já é de abrandamento acentuado da economia internacional.

A pergunta que se impõe é esta: se o Governo tinha ao seu dispor a possibilidade de recorrer a este exagero de receitas extraordinárias para cumprir o défice, por que carga de água foi tirar aos trabalhadores e aos pensionistas parte do rendimento que tanto lhes custou a ganhar, prejudicando ainda mais a economia? É claro, não seria fácil ao primeiro-ministro responder com a verdade: "Sou novo nisto, precipitei-me.

Desculpem lá qualquer coisinha". Em vez disso, o primeiro-ministro preferiu tirar da cartola uma explicação criativa, que até aqui se tinha esquecido de dar: afinal, a troika - essa malvada - é que só deixou recorrer aos fundos de pensões da banca na condição de haver também um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal!

Sucede que esta história, novinha em folha, não bate certo. A verdade é que o primeiro-ministro anunciou o corte no 13º mês logo no dia em que apresentou no Parlamento o Programa do Governo, a 30 de Junho. Nessa altura, garantiu até que tinha tomado a decisão de véspera, depois de conhecer os números do INE do 1º trimestre. E não fez nenhuma referência a ter consultado de urgência a troika, nem sobre essa medida, nem sobre quaisquer alternativas. O que disse foi outra coisa: "Tomamos hoje essa medida para que o País não seja sujeito, como foi em anos anteriores, à necessidade de chegar ao fim do ano adoptando medidas extraordinárias (...), e é isso que não acontecerá este ano". Ou seja: o corte no 13º mês não foi uma contrapartida para o recurso aos fundos de pensões, foi, isso sim, a escolha de um Governo que em Junho nem sequer queria recorrer aos fundos de pensões (medida que só foi decidida no final de Agosto, no Documento de Estratégia Orçamental). Por aqui se vê que as duas medidas nunca andaram ligadas. A ligação foi arranjada agora à pressa, para tentar justificar uma decisão precipitada e que se revelou manifestamente absurda. Porque o facto é este: não havia necessidade.’

pedro silva pereira DE 16.12.11link

PPC continua a mentir descaradamente e a querer fazer dos portugueses parvos.

2:01 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

A crise veio a calhar

A crise é uma oportunidade, ouvimos dizer, constantemente. É verdade. Esta crise tem sido uma oportunidade para implementar uma agenda ideológica que de outro modo não seria possível concretizar. Esta semana isso ficou bem claro.
Após nos ter sido dito, durante meses, que havia um desvio que implicava um esforço colossal, ficámos a conhecer a tradução prática do desejo nunca escondido de ir além da troika. Perante o compromisso de fixar o défice em 5,9% do PIB em 2011, o Governo decidiu apresentar um valor mais baixo, 4,5%. Não só ficámos a saber que este Governo acredita na ideia mágica de ‘austeridade expansionista’ — e que por isso estrangula a economia para lá daquilo a que estamos comprometidos — como tivemos um exemplo prático do que é de facto uma ‘malabarice’.
A transferência do fundo de pensões dos bancários representa um encaixe de 6 mil milhões de euros, o que permite baixar o défice em quase 4 p.p. Desde logo, esta receita extraordinária sugere que não era preciso ter aplicado um imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal, como o Governo decidiu. A crer na explicação do primeiro-ministro, talvez não seja assim: “Se não tivéssemos feito isso nem sequer nos tinham deixado utilizar os fundos de pensões para pagar o défice.” Extraordinário. A troika, no fundo, só fechava os olhos a uma ‘malabarice’ contabilística desde que o Governo criasse um novo imposto.
Ainda assim, o problema essencial não é esse. O encaixe que hoje é feito com o fundo de pensões traduz-se num conjunto de responsabilidades futuras e sobre estas pouco se sabe. No passado, a propósito de exercícios do género, o Tribunal de Contas recomendou que “fossem realizados estudos atuariais independentes e isentos de conflitos de interesses, que calculem o valor das responsabilidades transferidas”. Existem estudos sobre esta transferência? Sabemos como é que vão ser pagas as pensões dos bancários no futuro? Ficamos a aguardar a explicação pausada de Vítor Gaspar sobre o que é uma antecipação de receitas extraordinárias. Até lá, o valor final do défice para este ano não passa, mais uma vez, de uma manigância a pagar no futuro.
E oportunidade é mesmo a expressão adequada. No preciso momento em que a Segurança Social pública contraía mais responsabilidades, o ministro da tutela regressava à velha proposta de limitar o valor das pensões. Estamos face a um eufemismo para se dizer uma outra coisa — queremos diminuir a base contributiva, logo colocar em causa a sustentabilidade financeira do sistema. É uma ideia que pode bem ser classificada como sendo de criança: a menos que se explique como se financiam os custos de transição, não se vê como é que é possível evoluir de um sistema de repartição, em que os descontos de hoje pagam as pensões de hoje, para um que limita os descontos hoje para limitar o valor das pensões amanhã. Talvez aumentando a dívida pública. O mais provável é que tudo não passe de uma oportunidade histórica para se desmantelar o Estado Social.
A crise veio mesmo a calhar.

Pedro Adão e Silva, expresso 17.12.11

2:21 da tarde  
Blogger Clara said...

«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, sugere que os professores desempregados emigrem para países lusófonos, realçando as necessidades do Brasil.»link

JP 18.12.11

Estamos, decididamente, perante um liberal de pacotilha altamente perigoso.

3:02 da tarde  

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