sexta-feira, janeiro 13

über 70 ...

A Nova Fronteira
O regresso da "velha senhora" às perorações políticas depois de alguns “fogachos” semanais no semanário Expresso, aparentemente críticos mas alinhados na sua essência com o actual ciclo político, vem (de)mostrar do que - em devido tempo - nos livrámos.

O "ruído de fundo" sobre um dos temas tratados no programa “Contracorrente” levou muita gente a rever o video da SIC-N
link e acabar enojado com uma desmedida insensibilidade política e social. Na verdade, o primeiro indicio de insanidade política já tinha surgido há muito com a peregrina ideia da “suspensão da democracia” link. Na noite de 3ª. feira a vetusta personagem regressou em força aproveitando um período (de reajustamento) em que “todas” as “reformas” parecem (mas não serão) plausíveis (e possíveis) - pela vontade da “troika” . E apareceu a defender o impensável. Raramente houve o ensejo de assistirmos a uma abordagem de temas sociais com uma tão inflexível carga tecnocrática e economicista. O público assassinato do modelo social europeu foi confrangedor na medida em que nos retira objectivos estratégicos de desenvolvimento. Crescer para quê? Para sustentar PPP’s ou Fundações?

Na verdade, quando por motivos orçamentais e de “austeridade” (sempre presente esta obsessão) se defende o alongamento da vida útil e activa (produtiva) dos cidadãos no “mercado de trabalho” para as calendas “gregas” (aproximamo-nos vertiginosamente da fasquia dos 70 anos) - invocando o aumento da esperança de vida e a necessidade de “sustentabilidade” (a médio e longo prazo) das prestações sociais – adiantam-se medidas que condenam (alguns) “maiores” (>70 anos) a morrer, por exemplo, de coma urémico, sacrificando-os no altar de uma suposta defesa da qualidade conseguida através do “racionamento” (foi esta a concepção central) dos cuidados a prestar pelo SNS. Estamos – perdoem-me a violência da imagem – muito próximos de um novo modelo de “solução final”: Trabalhar incansavelmente até próximo dos 70 anos e uma vez atingida esta libertadora fasquia (Arbeit macht frei !!!?), isto é, explorada ad infinitum a sua força de trabalho, serão “empacotados” e embarcados no comboio do destino rumo à eternidade que se quer próxima.

Extraordinário! Só faltou insinuar que os insuficientes renais comeram durante a vida carne (proteínas) em demasia, ou como sói dizer-se, “viveram acima das suas possibilidades”…e, portanto, devem "pagar a factura".

Adenda: A prestação do Prof. Sobrinho Simões (o “introdutor” da temática das prestações selectivas) e a “gaguez” de António Barreto, foram – ambas – lamentáveis. Salvou-se, no meio deste festival de vaidades e de pornográfico regabofe neoliberal, o Dr. António Vitorino que conseguiu evocar razões humanitárias e exorcizar a “exclusão”. O Dr. Pinto Balsemão tropeçou e caiu nas questões ambientais. Terrível!

E-Pá!

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