quarta-feira, abril 18

Saúde na Net

Barómetro BOP Health – Os Portugueses e a Saúde
Médicos perdem algum terreno para a Internet como fontes de informação em Saúde

A esmagadora maioria dos cidadãos continua a recorrer aos médicos quando necessita de obter informação sobre saúde. A Internet, todavia, começou a ganhar entretanto algum protagonismo, conclui o barómetro semestral BOP Health – Os Portugueses e a Saúde, cujos resultados da quarta edição foram hoje apresentados em Lisboa.

«A Internet, através dos motores de busca, assume já hoje um peso de cerca de 30%», enfatizou Rui Costa, da Spirituc, uma das empresas responsáveis pelo estudo que se baseou nas respostas a questionários feitos por telefone a 618 portugueses.
Destes, dois terços também identificaram os clínicos como sendo a sua principal fonte de informação – os farmacêuticos (24,8%) ocupam terceiro lugar da lista.
«Aquilo que se tem vindo a assistir, desde o início de 2010, é um decréscimo ligeiro no peso do médico e um crescimento da Internet», resumiu Rui Costa.
Os que utilizam a «World Wide Web» com o intuito de saberem mais sobre saúde, de acordo com o barómetro, residem especialmente na região de Lisboa e Vale do Tejo, Sul e Ilhas; são jovens, mais exactamente com idade inferior a 40 anos, e têm níveis de instrução mais elevados.

Quanto ao tipo de informação que buscam, as questões são «muito diversificadas», verificou Rui Costa. «Ainda assim, a sintomatologia é aquilo que aparece com maior peso (37,2%) entre os inquiridos», assinalou.

Comparativamente a outros países, a situação portuguesa «é um pouco mais desequilibrada» entre o recurso aos médicos e à Internet, constatou, por seu turno, Paulo Moreira, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), ao comentar os resultados do BOP Health – Os Portugueses e a Saúde.

«É positivo que haja esta proximidade - representa uma grande credibilidade da informação que o médico transmite -, mas, por outro lado, é preocupante porque os encontros entre os médicos e os cidadãos são muito curtos», referiu o investigador, acrescentando: «A qualidade desse encontro, do ponto de vista da transmissão de informação e educação, é previsivelmente muito pouca.»

Os estudos sobre a literacia em saúde que venham a ser feitos, antecipou Paulo Moreira, deverão por conseguinte deixar à mostra que «Portugal tem um problema gravíssimo de baixíssima literacia em saúde».

O docente da ENSP notou igualmente que o recurso à Internet «é bastante segmentado» e que quem a utiliza não são os maiores consumidores de medicamentos, por exemplo.
«Significa que dará alguns resultados daqui a 20 anos e que chegar aos segmentos mais idosos, aqueles que utilizam mais os serviços de saúde, ainda não é viável por esta via», observou o também consultor.
Sérgio Gouveia , TM 17 de Abril de 2012

Leitura: Social media is changing the nature and speed of health care interaction between consumers and health organizations link

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