quinta-feira, abril 12

Não basta dizer que não há dinheiro

Correia de Campos lamenta que “a melhor maternidade do país, que acumulou o maior conhecimento, que trata aquilo que porventura as outras não podem tratar (partos de alto risco)” tenha de ser “condenada pelo camartelo a encerrar ou a transferir-se provisoriamente para outras instalações”.link

Para Correia de Campos, a MAC “deve manter-se onde está, quanto mais não seja para funcionar como forma de pressão para o Hospital de Todos-os-Santos [na zona oriental de Lisboa] ser construído”.

E não acolhe os argumentos do actual ministro da Saúde, Paulo Macedo, que alega não ter financiamento para construir este hospital – pensado para acolher os hospitais de São José, Santa Marta, Capuchos, Curry Cabral, Dona Estefânia e MAC.

“As rendas dos estabelecimentos que compõem o Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) e o desperdício que resulta do facto de estar tudo disperso, incluindo o excesso de camas que resulta da dispersão, são as contas com que deve ser feita esta equação”, disse.

Para o ex-ministro, “não basta dizer que não há dinheiro”. “A operação de reconverter os diferentes hospitais existentes num só hospital [de Todos-os-Santos] é uma operação economicamente vantajosa, do ponto de vista de custo/benefício”.
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JP 12.04.12

Vale mais uma intervenção esclarecida do professor que uma duzia de intervenções públicas de António José Seguro.

Não esquecer que Correia de Campos profere a última lição amanhâ na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa de acordo com a praxe académica, intitulada "Políticas Públicas: Construir na Dispersão".

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5 Comments:

Blogger Clara said...

O ex-ministro da Saúde Correia de Campos defende que os partos realizados no Hospital São Francisco de Xavier sejam transferidos para a Maternidade Alfredo da Costa, libertando as instalações daquela unidade de saúde no Restelo para outras especialidades.

Correia de Campos falava aos jornalistas no final da sua última lição como docente, a propósito do polémico anúncio, feito pelo Governo, do encerramento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC).

O ex-ministro manifesta-se frontalmente contra o encerramento da MAC, defendendo antes o modelo de integração desta unidade materno-infantil num hospital central.

"A MAC é um modelo de alta qualidade mas insustentável no futuro. A integração em hospital central é lógica e evidente, não o fecho. Todo aquele edifício deve ser integrado no Hospital de Todos os Santos. Até lá a MAC deve ficar onde está", afirmou.

Para Correia de Campos, aquele é o "melhor" serviço e o "mais rodado", no que respeita à saúde da mãe e da criança.

Um dos argumentos usados pelo Governo para o fecho da MAC é a rentabilização dos serviços de maternidade existentes noutras unidades hospitalares, nomeadamente o S. Francisco Xavier, que tem uma ocupação de 50 por cento.

Correia de Campos inverte o problema e aponta outra solução: "Reconverter as instalações ótimas do S. Francisco Xavier para outras áreas", como a oncologia.

"Deve-se reconverter os serviços e canalizar os partos para a boa e sólida maternidade, com um registo de qualidade absolutamente notável. Deve-se prosseguir essa linha até à construção do Hospital de Todos Santos", defendeu.

O executivo argumenta também com a quebra no número de partos que prevê vir a acontecer na MAC, na sequência da abertura do novo Hospital de Loures.

Para Correia de Campos "não é líquido que assim seja", uma vez que a liberalização da procura permite que qualquer mãe possa escolher a maternidade onde prefere ter o seu filho e onde sente que é mais bem tratada

DN 13.04.12

10:37 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Assisti à sessão e fiquei com a sensação de ter ouvido o Ministro da Saúde mais consistente da nossa democracia, apesar de nem sempre compreendido, talvez por força da sua irreverência intelectual (própria de gente superior). Um abraço ao amigo António Correia de Campos.
in facebook link

12:20 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Nas vesperas estive a reler no ultimo livro do Professor Correia de Campos que possuo, Reformas da Saude de 2008. Actualissímo. aquilo que o Prof Correia de Campos escreveu é actual,julgo que daqui a 10 anos o que preconizava irá ser realizado.

facebook, José Mário Miranda 14 de Abril de 2012 15:24

4:21 da tarde  
Blogger saudepe said...

Um professor, tantos alunos, querendo saber mais daquilo que ele tanto sabe.
Foi notavel o precurso deste homem que sempre, a frente do seu tempo, estudou, investigou e tentou, por em pratica o que a ciencia indica com uma determinação e um sentido de serviço publico notaveis. Agradeço-lhe as lições que, decerto, continuara a dar.

facebook: Armanda Miranda

12:09 da tarde  
Blogger saudepe said...

Para mim o Professor Correia de Campos ainda é a pessoa que mais sabe de saúde em Portugal O problema é que: tem muitas vezes razão antes do tempo; é um servidor público e um opinion maker leal (num tempo de carreiristas e lambebotistas); é corajoso e persiste nas mudanças difíceis, quando a demagogia e a complacência são a regra na política.
Que continue igual a si próprio é o que precisamos. Com um abraço do António Dias Alves.

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12:11 da tarde  

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