domingo, maio 13

ADSE, impõe-se a sua extinção

«ADSE até parece imune à crise, porque se destina a financiar os privados e é uma forma de financiamento público do sector privado. A troika decidiu a sua extinção na celebração do acordo com o Estado português, o Governo continua sem a extinguir e não vai extingui-la, porque quem manda é a endogamia e os interesses privados. Impõe-se a sua extinção imediata »
António Ferreira, presidente CA do Centro Hospitalar de S. João, RR, 04.05.12

"The Economic Adjustment Programme for Portugal, Third Review - Winter 2011/2012" link
Gráficos da despesa por utente do SNS e despesa por beneficiário da ADSE,  PORDATA - SAÙDE.

O Director do Hospital de S. João está cheio de razão e louva-se-lhe a coragem em dizer que o rei vai nu. O que se tem passado em torno da ADSE e demais subsistemas públicos, é escandaloso. A vergonha começa com o pouco falado memorando de entendimento entre os Ministros das Finanças e da Administração Pública, da Saúde, da Defesa Nacional e da Administração Interna (do tempo de José Sócrates) no qual se estabelece que são eliminadas as relações financeiras entre os subsistemas e o SNS passando este a ser financiado directamente pelo orçamento de estado. Desta polémica decisão, já aqui trazida por Ana Sofia Ferreira e por mim comentada, fica por saber quem a gizou e determinou. Este memorando veio permitir que, a partir de 2010, os doentes dos subsistemas públicos passassem a ser tratados a custo zero pelo SNS, assumindo este os encargos de diagnóstico e tratamento, bem como de prescrição para o ambulatório e, também, a despesa na rede nacional e de cuidados continuados. Através desta medida os subsistemas passaram a capitalizar; a título de exemplo: o desembolso da ADSE por utente minguou cerca de 40% de 2009 para 2010. São estas verbas desviadas do SNS que têm permitido que os subsistemas públicos continuem a suportar generosamente o sector privado da Saúde, ao mesmo tempo que utilizam (a custo zero) o SNS para o que lhes convém. É seguramente este enorme privilégio dos privados que explica que o actual governo tenha excepcionado do programa da Troika a exigência de auto sustentabilidade dos subsistemas públicos.

Tavisto

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3 Comments:

Blogger Tavisto said...

O Director do Hospital de S. João está cheio de razão e louva-se-lhe a coragem em dizer que o rei vai nu. O que se tem passado em torno da ADSE e demais subsistemas públicos, é escandaloso.
A vergonha começa com o pouco falado memorando de entendimento entre os Ministros das Finanças e da Administração Pública, da Saúde, da Defesa Nacional e da Administração Interna (do tempo de José Sócrates) no qual se estabelece que são eliminadas as relações financeiras entre os subsistemas e o SNS passando este a ser financiado directamente pelo orçamento de estado. Desta polémica decisão, já aqui trazida por Ana Sofia Ferreira e por mim comentada, fica por saber quem a gizou e determinou.
Este memorando veio permitir que, a partir de 2010, os doentes dos subsistemas públicos passassem a ser tratados a custo zero pelo SNS, assumindo este os encargos de diagnóstico e tratamento, bem como de prescrição para o ambulatório e, também, a despesa na rede nacional e de cuidados continuados. Através desta medida os subsistemas passaram a capitalizar; a título de exemplo: o desembolso da ADSE por utente minguou cerca de 40% de 2009 para 2010.
São estas verbas desviadas do SNS que têm permitido que os subsistemas públicos continuem a suportar generosamente o sector privado da Saúde, ao mesmo tempo que utilizam (a custo zero) o SNS para o que lhes convém. É seguramente este enorme privilégio dos privados que explica que o actual governo tenha excepcionado do programa da Troika a exigência de auto sustentabilidade dos subsistemas públicos.


PS – Para melhor documentar esta questão, agradeço ao Xavier que transponha para este espaço os gráficos da despesa por utente do SNS e despesa por beneficiário da ADSE, acessíveis no site: PORDATA - SAÙDE.

2:43 da tarde  
Blogger Olinda said...

Vícios privados, públicas virtudes

Só mesmo os ingénuos poderiam acreditar que este ministério e este governo tocassem na ADSE. Neste caso, pela certa, vão ficar muito aquém da troika. De resto é ver a hiperatividade dos dirigentes deste subsistema na visita a cada unidade privada que vai abrindo e nas manifestações de abertura para o rápido estabelecimento de novos acordos.
A manutenção da ADSE faz parte da tal agenda oculta de que se fala. Na prática fazer de conta que se defende o SNS através de persistentes (mas cada vez mais obnubiladas) manifestações de intenção ao mesmo tempo que, cirurgicamente, se garantem as condições para uma prestação pública minimalista para os pobrezinhos e se empurra a população com alguns (ainda que escassos) rendimentos para outras soluções. Pelo meio garantir, a todo o custo, esse insubstituível balão de oxigénio que dá pelo nome de ADSE e que mantém, ligados à máquina, tantos “empreendedores” privados da área da saúde.
O filme deste ministério e desta “política” está visto e é daqueles cujo final se antecipa com grande facilidade.
Já agora valia a pena desafiar as mentes da João Crisóstomo, tão inquietas quanto à sustentabilidade do SNS, a promoverem um debate sério sobre a sustentabilidade da ADSE e restantes subsistemas.

3:00 da tarde  
Blogger Clara said...

Subida de taxas moderadoras leva portugueses aos hospitais privados

No primeiro trimestre, os hospitais públicos registaram uma quebra nos atendimentos das urgências. Já o sector privado verificou um aumento de 15% nas urgências.
O aumento das taxas moderadoras está a levar a uma transferência de doentes das urgências dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os privados. No primeiro trimestre, enquanto os hospitais públicos realizaram menos 6,7% atendimentos, o sector privado registou um acréscimo de utentes de 15% nas urgências. O maior número de atendimentos nos hospitais privados foi revelado ao Diário Económico pela Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP), que atribui esta evolução ao aumento do preço a pagar pelos cuidados de saúde no SNS.
"Verificamos um aumento de 15% nas urgências dos hospitais do sector privado e resulta da subida das taxas moderadoras e da abertura de novas unidades privadas que motivaram um crescimento da procura", avançou ao Diário Económico Teófilo Leite, presidente da APHP, realçando que "em alguns casos é mais vantajoso recorrer aos hospitais privados nas urgências, como nos casos de convenções com a ADSE ou com a GNR e PSP". Segundo este responsável, a manter-se, até ao final de 2012, esta tendência de crescimento "a previsão é terminar este ano com perto de dois milhões de atendimentos na urgência [dos privados]". Um aumento de 250 mil face aos mais de 1,7 milhões de atendimentos em 2011.
Os números revelados por esta associação - que integra 70 unidades privadas das cerca de cem existentes no País -, contrapõem com os dados oficiais do Ministério da Saúde que concluem por uma diminuição de atendimentos, em igual período nos hospitais públicos e nos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) dos centros de saúde: realizaram, respectivamente, menos 114 mil urgências e menos 242 mil atendimentos.
O afastamento dos utentes do SNS e a sua transferência para o sector privado confirma agora o que diversos especialistas e os partidos da Oposição anteciparam no final de 2011, com o anúncio do aumento das taxas moderadoras para este ano, a face mais visível da ‘troika' no SNS.

JP 14.05.12link

1:07 da manhã  

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