segunda-feira, maio 7

Uma lufada de ar fresco

A vitória de François Hollande representa um poderoso sinal de esperança para a Europa e também para Portugal. A partir de amanhã, segunda-feira, respirar-se-á outro ar na Europa. A vitória dos socialistas em França sinaliza, com vigor, o sentido da mudança que se vai pressentindo por toda a Europa. Até mesmo o resultado da Grécia, apesar da sua imprevisibilidade quanto à solução governativa que vai gerar ilustra o vigor de um povo que não cede perante a ignomínia dos tecnocratas apostados em destruir um Estado fundador da nossa civilização.
Tudo indica que o ciclo destrutivo na Europa dominado pelo circo dos neoliberais onde pontificam os “funcionários dos mercados” disfarçados de políticos terá tido o seu epílogo com a vitória de Mariano Rajoy em Espanha.
As eleições locais regionais no Reino Unido e na Alemanha demonstram, igualmente, que os povos da Europa se deram conta, finalmente, do que representam os tecnocratas agiotas no seu discurso destruidor da dignidade humana baseado no fundamentalismo cínico de que não existem alternativas.
Está na hora de, em Portugal, também nós fazermos o nosso trabalho desmontando a hipocrisia e criando condições para recuperar os valores da democracia, do humanismo, do respeito pela solidariedade e pelo desenvolvimento humano.
É bom que os ministros deste governo travestidos de neoliberais de pacotilha saibam ler os sinais que nos chegam da Europa e percebam que os portugueses não deixarão destruir o Estado Social.
Particular atenção a esta mensagem deverá ser dada pela multifacetada e colorida equipa da Saúde. É que já todos percebemos a ladainha de fazer crer que a (in) sustentabilidade constitui alibi seguro para sub-repticiamente irem cumprindo a agenda ideológica de deixar um SNS residual para pobres empurrando os restantes para o colo dos lobbies de que falavam os Bispos na Pastoral da Saúde.
Já agora enquanto podem e como tanto gostam de exibir a condição de bons alunos da troika para quando as medidas previstas sobre a ADSE e os subsistemas? Ou será que não convém à tal agenda oculta…

Olinda

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3 Comments:

Blogger Tavisto said...

A vitória de Hollande funciona como uma espécie de tábua de salvação lançada à zona euro. É preciso porém que atrás da tábua venha a onda que nos ponha a salvo da tormenta germânica que ameaça continuar a não dar tréguas.
Merkell já convidou o Gaulês a deslocar-se a Berlim, certamente para o “chamar à razão” e pregar-lhe doses de doutrina de austeridade. Fez mesmo saber que o acordo sobre o pacto orçamental, curiosamente só ratificado pelos parlamentos dos dois náufragos que mais precisam da tábua, era inegociável pois tinha sido aprovado por 25 dos 27 países comunitários. Por aqui se vê as dificuldades que Hollande irá ter para convencer a formatada chanceler alemã a aliviar o garrote que nos tolhe.
Na Grécia, a constituição de uma maioria parlamentar de Esquerda funciona como um apelo à unidade dos diferentes e desafia essa mesma esquerda a mostrar que não é apenas um depositário de votos inconsequentes. Depois da desistência do ND (partido mais votado, direita) caberá ao Syriza (esquerda revolucionária) tentar formar um governo dentro do actual quadro parlamentar. Talvez seja esta a última oportunidade dos gregos se manterem dentro da zona euro, deseja-se pois que haja saída democrática e que os credores aceitem renegociar prazos e juros.
Por cá continuamos sujeitos ao duche escocês de Cavaco Silva, nuns dias somos os maiores noutros definhamos, e aos noticiários lúgubres de Coelho e Gaspar que persistem na resignação e nos tiram qualquer réstia de esperança de nos levantamos do chão. Valham-nos pois os novos, ainda que incertos, ventos que sopram da Europa.

11:39 da tarde  
Blogger DrFeelGood said...

Tudo começou com um Governo cegamente crente no seu modelo. Está a caminho de um desastre, sem que nada queira fazer. Até lá, vende anéis e dedos, em descontrolada vertigem ideológica. Poderá mudar a prática? Sim, irá mudar, para pedir nova e inevitável intervenção externa. Rezou em silêncio para que Hollande ganhasse as presidenciais em França, para amaciar o implacável comportamento da dona da Europa. Pode ser que algo mude.

CC, JP 07.05.12

11:54 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Why is austerity so unpopular in Europe? Because it’s not working.

Europeans are rebelling against austerity. That’s the read on Sunday’s elections in Greece and France. But why do voters loathe austerity? Perhaps because, as economists have found, efforts to rein in budget deficits can take a wrenching toll on living standards, especially in a recession.
In a recent paper link for the International Monetary Fund, Laurence Ball, Daniel Leigh and Prakash Loungani looked at 173 episodes of fiscal austerity over the past 30 years. These were countries that, for one reason or another, cut spending or raised taxes to shrink their budget deficits. And the results were typically painful: Austerity, the IMF paper found, “lowers incomes in the short term, with wage-earners taking more of a hit than others; it also raises unemployment, particularly long-term unemployment.”
Specifically, an austerity program that curbs the deficit by 1 percent of GDP reduces real incomes by about 0.6 percent and raises unemployment by almost 0.5 percentage points. What’s more, the IMF found, the losses are twice as big when the central bank can’t or won’t cut interest rates (that’s a good description of what Europe’s central bank is doing right now). Income and employment don’t fully recover even five years after the austerity program is enacted link

12:07 da manhã  

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