quinta-feira, julho 12

Derradeiros dias do XIX Governo Constitucional

Foi muito mais que uma greve.
Foi o primeiro aviso sério desde que este grupo de liberais de pacotilha é  governo.
Resta ao Ministro da Saúde a espinhosa missão de tentar salvar a honra do convento e negociar com os sindicatos a trégua possível link  FNAM e SIM mostram-se abertos, mas avisam que o acordo tem de ser para breve (31 de Agosto). link

Seguem-se os professores e enfermeiros. Prova de que a paz com este governo se tornou impossível.

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3 Comments:

Blogger Enfº do Norte said...

Pode seguir uma greve dos enfermeiros... mas da qual os Médicos se descartam.. interesse pelo SNS?
hmmmm desculpem se essa ainda não colou aqui na minha parede ...

3:40 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

«Macedo escuta, os médicos estão em luta!»

A última vez que fizeram uma greve geral foi em 1989. Passados 23 anos, no dia 11 de Julho de 2012 e no primeiro de dois dias de paralisação, os médicos não foram trabalhar e saíram à rua para fazer ouvir a sua voz
e dizer que estão unidos.
Não foi uma tarde habitual, esta de 11 de Julho, na Avenida João Crisóstomo. O ministro da Saúde não esteve lá para ver a rua preenchida de batas brancas e ouvir os protestos gritados pelos megafones: «Os médicos unidos, jamais serão vencidos!», «Qualidade sim, precariedade não!», «Saúde para todos!».
Envergando cartazes pela da defesa qualidade na profissão médica, da contratação colectiva, das carreiras e da negociação, estes «médicos da luta» dizem «NÃO, ao encerramento de serviços de qualidade», «NÃO, ao adormecimento de utentes» e defendem «Um SNS de qualidade, com carreiras de verdade», «mais USF» e «acesso a todos e não apenas para quem possa pagar».
Miguel Relvas, ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, também não pôde responder ao cartaz de um médico que perguntava: «Tenho 12 anos de formação. E tu, Relvas?»
Nesse mesmo dia, a equipa ministerial estava no debate sobre o debate do estado da nação na Assembleia da República quando Mário Jorge Neves, vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos, num palco improvisado numa viatura, lançou os primeiros resultados da greve nacional: «Neste momento, e sem qualquer demagogia e com todo o rigor, podemos dizer que a greve a nível nacional ultrapassa os 95 por cento!» «Não existem quaisquer dúvidas, estamos perante a maior greve médica realizada no nosso país, nem no tempo da Leonor Beleza» se registou uma adesão com esta dimensão, sublinhou o dirigente sindical fortemente aplaudido.
Os números avançados por Mário Jorge Neves, hospital a hospital, e celebrados, um a um, com entusiamo pelos manifestantes, assim o demonstram: «Hospital de Santa Maria, 98%; São José, 100%; Curry Cabral, 95%; Egas Moniz, 100%; Hospital Pediátrico de Coimbra, 100%; HUC, 90%; Garcia de Orta, 95%; Setúbal, 95%; Évora, 98%; Faro: 95%; Hospital da Orta, nos Açores, 100%; Ponta Delgada, 70%; Hospital de Gaia, 100%; São João, 95%; Santo António, 90%... A nível dos centros de saúde e da quase totalidade das unidades de saúde familiar, a adesão à greve chegou aos 100%!»

«Na primeira greve geral enchemos a João Crisóstomo da mesma maneira e ganhámos a guerra!»

Feitas as contas ao primeiro dia de greve, foram vários os dirigentes a discursar para a plateia que, embora cheia de juventude, também pontuava por ter médicos mais velhos, muitos dos que fizeram a greve geral de 1989, momento de que Mário Jorge Santos, presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, ainda se lembra. «Gostava que vocês estivessem aqui (em cima, no palanque). É que o que eu estou a ver é lindo! É lindo ver os médicos todos unidos na defesa da Saúde pública! Na primeira greve geral, nos anos 80, enchemos a João Crisóstomo da mesma maneira e ganhámos a guerra!». Portanto, incitou o médico: «Isto é possível. Não podemos ceder, não podemos vacilar!»
Jorge Roque da Cunha concorda. «A vossa presença e os números da greve são um sinal claro de que os médicos sabem o que querem! Esperemos que o ministro da Saúde tenha em devida nota o que aconteceu hoje no País e aqui!», desafiou o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos.

Tempo Medicina 2012-07-13

12:05 da manhã  
Blogger DrFeelGood said...

...
«Está a tempo de voltar atrás»

A confiança e esperança de que Paulo Macedo volte atrás nas decisões, ou tome as que são necessárias, foi, aliás, uma das principais tónicas defendidas pelas organizações médicas.
Um dos discursos mais inflamados, o de Carlos Cortes, em representação do Movimento Médicos Unidos, conseguiu arrebatar a assistência: «Afinal, era possível! Os médicos estão unidos! Resistam contra a destruição do SNS! Resistam, porque só através desta luta, desta união, é que conseguiremos atingir os nosso objectivos!» Visivelmente emocionado, Carlos Cortes fez também um apelo ao «bom senso e respeito» do ministro da Saúde: «Dr. Paulo Macedo, oiça os médicos, oiça os doentes, oiça os portugueses, está a tempo de voltar atrás e emendar as políticas péssimas que tem definido para o sector da Saúde. Se não o fizer não será a João Crisóstomo que estará cheia de batas brancas, será a Assembleia da República que se encherá de médicos e utentes que defendem o SNS». «Macedo escuta, os médicos estão em luta!», respondiam os manifestantes.
Também Bernardo Vilas Boas, presidente da Associação Nacional das USF, se dirigiu a Paulo Macedo garantindo que «a aposta na qualidade vai continuar, quer o Sr. ministro queira ou não queira».
Seguiu-se João de Deus, presidente da Associação Europeia dos Médicos Hospitalares, que, em nome daquela associação, prestou «apoio empenhado dos colegas europeus às justas reivindicações dos médicos portugueses», gritando, no meio dos aplausos: «Caros colegas, unidos venceremos!»
Sérgio Esperança, secretário-geral da Federação Nacional dos Médicos, juntou-se ao coro afirmando que a adesão e a manifestação «é uma clara e inequívoca resposta dos médicos à atitude do ministério da Saúde», reivindicando «negociações sérias e respostas concretas».
José Manuel Silva (ou «Zé Manel» como se ouvia entre os manifestantes) foi o último a discursar e o mais aplaudido da tarde. «Hoje é um dia que pode começar a desenhar um novo futuro. Hoje os médicos e os doentes aderiram massivamente à greve. Esperemos que o Governo saiba retirar daí as devidas ilações», afirmou o presidente da Ordem dos Médicos, garantindo que todo o processo «teve o apoio dos três presidentes dos conselhos regionais». No final, o bastonário colocou à disposição de «toda a equipa ministerial» a ajuda dos médicos para «solucionar os problemas da Saúde em Portugal».
No fim, foram largados balões amarelos para «iluminar o dia e a noite» do ministro da Saúde.
Aquele simbolismo surtiu já algum efeito, pois Paulo Macedo, no dia seguinte, respondeu de forma positiva, aceitando comparecer na sessão de negociações convocada pelos sindicatos, marcada para o dia 13, dois dias depois da paralisação dos médicos.

Tempo Medicina 2012-07-13

12:06 da manhã  

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