Conspiração
O Estado assegura quase um
terço dos clientes dos hospitais privados, através da ADSE, a qual pagou 492
milhões de euros em 2011 pelos serviços prestados nestas unidades de saúde aos
seus beneficiários.
Destes 492 milhões de euros,
172 milhões de euros são provenientes do Orçamento do Estado, 222 milhões de
euros resultam dos descontos dos beneficiários e 98 milhões de euros dos
co-pagamentos dos serviços feitos beneficiários.
Sol 26.04.13 link
"O Ministério das Finanças
(gestor da ADSE) conspira desta forma ostensiva contra o SNS.
Financia e garante a
sobrevivência dos privados quando, simultaneamente, fecha e raciona os serviços
públicos.
António Rodrigues, facebook
Etiquetas: XIX gov
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A ADSE além de buscar a sua sustentabilidade deve deixar de ser um seguro de desconto obrigatório para os funcionários públicos.
Do primeiro 1.º de Maio, em Portugal, até hoje
Há 39 anos, em Lisboa, estive no Estádio 1.º de Maio, recém batizado, por entre a maior massa humana alguma vez vista em Portugal, na incontida euforia de quem tinha visto abrir as portas das prisões, prender os pides e neutralizar as forças da repressão, já com o fim da guerra colonial à vista.
Éramos mais, muitos, muitos mais do que os 500 mil trabalhadores das ruas de Chicago, na greve geral dos Estados Unidos, em 1886, mártires que deram origem ao significado e à data que nesse dia se comemorou, depois de 48 anos de ditadura, pela primeira vez em liberdade. Os cravos de Abril continuavam viçosos e os portugueses com esperança.
Nunca tantos se emocionaram tanto. Na tribuna ouviram-se, primeiro, os discursos dos sindicalistas e, depois, os de Pereira de Moura, Nuno Teotónio Pereira, Mário Soares e Álvaro Cunhal, cuja dimensão cívica e intelectual fazem sentir vergonha dos que hoje, eleitos democraticamente, ocupam o poder. Foi a maior manifestação popular do século XX, em Portugal.
O MFA era a força motora do entusiasmo, a inspiração de todos os sonhos, a referência emblemática para todas as transformações, o algoz da ditadura e arauto da democracia. Foi a festa da liberdade, uma jornada de emoções fortes e promessas de solidariedade.
Hoje, 39 anos volvidos, regressaram o medo, a angústia e o desespero. Já não se morre na guerra injusta, inútil e criminosa que o fascismo movia contra tudo e todos, espécie de «custe o que custar», com que hoje se despedem pessoas, fecham empresas e lançam na miséria um milhão de portugueses. Já não se apodrece nas prisões sob tortura mas já se morre sozinho, à míngua, e se põe termo à vida, por desespero.
A polícia ainda não bate nos manifestantes nem os jornais sofrem a censura prévia mas as imagens, que os canais televisivos nos mostram, revelam tristeza onde havia alegria, desolação onde fervilhavam sonhos e o pânico que substituiu a esperança.
Não se matam a tiro os adversários, nega-se-lhes o direito ao trabalho e à subsistência; não se prendem os que condenam o Governo, fica mais barato obrigá-los a emigrar; não prendem os recalcitrantes, abandonam-se à solidão e ao desalento. Não se censuram os jornais, despedem-se jornalistas ou compram-se para assessores do Governo.
Apesar da fome, do desemprego, da angústia e da tragédia, o dia de hoje é um aviso aos que querem que os trabalhadores se rendam. Enquanto o PM arengou ao pequeno grupo de avençados, reunidos numa sala para lhe bateram palmas, apodados de trabalhadores sociais-democratas, a CGTP e a UGT, infelizmente separadas, mobilizaram para as ruas uma multidão que não está disposta a render-se.
Algures em Belém, tal como em S. Bento, apesar do desprezo pelos trabalhadores e da falta de coragem que ali mora, não pode ter deixado de se ouvir o eco de um povo que sai à rua e não está disposto ao suicídio.
Viva o 1.º de Maio.
carlos esperança, in facebook
O DIA DO ESCRAVO
Para a comunidade não eleita que governa a União Europeia em regime de ditadura económica e financeira, o 1º de Maio deixou de ser o dia do trabalhador, nem sequer daquela versão insidiosa e mansa que é a de “colaborador”, mas sim o dia do escravo.
Não vale a pena andar às voltas, é assim que eles nos olham por muito que queiram convencer-nos – e alguns até a eles próprios, pobres deles - que não é assim, tratam apenas do bem comum.
Claro, há milhões que saem às ruas em todo o mundo, na Europa também, proclamando as suas razões, fazendo-se ouvir, protestando de viva voz e a plenos pulmões. Dir-se-á então que a democracia funciona, os cidadãos exercem os seus direitos, apresentam as suas reivindicações.
E durante? E depois, o que acontece? Durante, o exército silencioso e macabro dos novos bufos, capazes de achincalhar a capacidade de antevisão de Orwell, rastreiam até as formigas para encherem com os nossos rostos, palavras e gestos gavetas eletrónicas sem fundo de um estratosférico ficheiro global, porque se somos cidadãos, e nos assumimos como tal, somos portanto potenciais terroristas, inimigos do mercado, competindo-nos depois provar o contrário. A doutrina da presumível inocência explica-se de uma maneira e pratica-se de outra.
Durante e depois dos protestos a comunidade governante não eleita continua a reunir-se, a decidir, a mandar, a ignorar o que se passa, sabendo nós que quando ela trabalha, até no dia ainda oficialmente designado “do trabalhador”, é para cometer malfeitorias contra os trabalhadores.
Por absurdo, admitamos que o regime governante não é uma ditadura económica e financeira para imposição de modernas formas de escravatura. E que um dia a austeridade desabrocha em crescimento económico ainda que na forma dolorosa de figos da Índia. O êxito dever-se-á, explicarão os nossos governantes, ao triunfo da competitividade.
E o que é a competitividade, meus amigos? Pôr-nos a produzir em todo o mundo aos custos mais baixos que ainda subsistem em algum lugar do planeta, ou mesmo mais reduzidos. Competitividade é a arte de fazer os nossos salários e direitos tenderem para zero à custa do nivelamento da atividade laboral por tudo quanto de mais reles e desumano existe. À custa, também, de nivelar os países onde ainda resiste um Estado social por aqueles onde foi extinto ou jamais existiu.
Podem chamar o que quiserem a esta situação, mas não encontrarão vocábulo mais adequado do que “escravatura”.
Não podemos retirar razão ao ministro português Gaspar quando, do alto da sua impunidade, diz que não foi eleito “por coisíssima nenhuma”. Ele está mesmo convencido disso e a realidade envolvente não o desmente. A União Europeia e os países membros não são governados em democracia, essa é a verdade.
Por isso, neste 1º de Maio a luta dos trabalhadores é pela restauração da democracia. Como em Portugal há 39 anos e antes disso. A comunidade governante e não eleita da União Europeia tem que sentir que além de não ser impune também é punível.
josé goulão, in facebook
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