terça-feira, agosto 23

Constantino Sakellarides, entrevista

(...) O que defende, demissões? 
Quantas vezes a comunicação social procura justificar e analisar a bondade das nomeações no SNS quando há nomeações absolutamente escandalosas de pessoas que não têm nenhuma competência para lá estar. E no entanto não há nenhum protesto. A licença para discriminar depende da sensibilidade social, aquilo é batota, é a tolerância à batota. As pessoas com responsabilidade têm de dizer que assim não vale. Se o país tem poucos recursos, dificuldades económicas, administrações nem sempre competentes, então temos de escolher os melhores e temos de ser sensíveis à escolha. Não pode haver condescendência e a condescendência é enorme. 
Neste aspecto não melhorámos? 
Muito pouco. Tudo isto está associado à reforma do Estado. Quando somos levados a olhar para o desempenho das pessoas e a premiá-las, não precisa de haver uma fórmula ou uma tabela, basta a cadeia de valores: se nomeio bem o director-geral, ele terá a preocupação de nomear bem dentro da sua área de competência. Se eu nomear mal, ele irá nomear da mesma forma que foi nomeado. Isto cria um ruído de incompetência que não permite que a cadeia de boas ideias avance porque não tem executores. E nisso nós avançámos muito pouco. 
Este governo está a fazer alguma coisa para mudar a situação? 
Ainda é cedo, mas espero que sim. Ainda não mexeu muito porque a preocupação neste ano tem sido a de evitar grandes alterações na máquina do Estado que paralisem aquilo que é necessário fazer imediatamente. Mas a minha expectativa é de que as alterações se façam o mais rapidamente possível. Se isso não acontecer, quando falar comigo da próxima vez digo-lhe. 
Foi crítico da política do governo anterior, chegou a dizer que a Saúde não suportava mais cortes 
O SNS não acaba de repente. Vai-se esvaindo e o processo de esvaziamento hoje em dia já é substancial. Na avaliação feita em relação ao ano passado pelo Dr. André Biscaia, no âmbito da associação de medicina familiar quanto aos cuidados de saúde primários, a principal crítica foi a carência súbita de equipamento. Os cortes excessivos durante seis anos descapitalizaram muito. Outro aspecto é a saída de profissionais competentes, o que está a acontecer de forma sustentada e suficientemente longa para pôr em causa seriamente o SNS se não houver uma reacção. 
DN 22.08.16, Ana Mafalda Inácio link

Não escondo a minha admiração por este grande profissional nascido na minha terra, Moçambique. Um grande defensor do SNS.  Acredito que CS desempenhará um papel fundamental na equipa ministerial responsável pela inversão do processo de esvaziamento do SNS.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Concordamos claramente com o Professor Sakellarides.
Veja-se o exemplo da actual direcção da APAH:
- Com o pretexto de defender a carreia de administração hospitalar fez-se eleger e, com base no discurso do respectivo presidente, pensamos que algo ia mudar. No entanto o que vemos?
1º. Publicidade nos emails da APAH a cursos (ditos de formação continua)cuja divulgação interessa a membros da actual direcção da APAH (que fazem parte do corpo docente dos referidos cursos);
2º.Escolha para integrar um grupo de estudo das necessidades de formação dos Administradores Hospitalares de alguém de cujo curriculum académico consta uma licenciatura na Lusíada e um PADIS e que durante o seu percurso pelos hospitais sempre teve em mente a humilhação dos Administradores hospitalares. Foi esta mesma pessoa que, quando confrontado com a legislação que atribui funções de direcção e chefia aos AH referiu, alto e bom som, «a lei não interessa para nada».
Com HERDEIRICES destas não vamos longe.
Comigo esta direcção da APAH não conta mais!
Assim, ESTOU FORA!

2:57 da tarde  

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