segunda-feira, julho 5

Uma História Fantástica

Terá Durão Barroso planeado tudo há três meses?


Quando há pouco mais de um mês, Durão Barroso decidiu remodelar o Governo, convidando Arlindo Cunha para a pasta do Ambiente, ninguém estranhou. Amílcar Theias mostrou sempre uma inaceitável adaptação ao cargo e há muito que a sua saída do Governo estava anunciada.
Mas olhando agora para esses factos – e conhecendo outros – pode contar-se outra história. Arlindo Cunha é reconhecido entre os seus pares europeus como um bom técnico e político na área agrícola. E o seu nome vinha sendo falado em Bruxelas como um provável candidato ao cargo de comissário europeu com a pasta da agricuktura na futura Comissão Europeia. Mas sendo esta uma Pasta de enorme peso no executivo europeu, não fazia qualquer sentido que fosse ocupada por um português – e que a presidência da CE também.
Se esta história batesse certa então o que se concluiria é que Durão Barroso começou a planear a sua saída para Bruxelas há dois ou três meses. E enquanto defendia publicamente a candidatura de António Vitorino ao cargo, ia recebendo os discretos incentivos dos seus pares do PPE para ocupar a função.
Terá sido por perceber isso que Manuela Ferreira Leite lhe apresentou a demissão quinta-feira da semana passada – sem que, mesmo nessa altura, Durão a tivesse informado da ida para Bruxelas.
Mas esta história é tão fantástica que não dá para acreditar, não é? Nem em política.

In Caderno de Economia & Internacional
do Semanário Expresso de 03 Julho 2004.

Comentário:

Seja ou não verdadeira, esta história encaixa perfeitamente no perfil carreirista e ambicioso de Durão Barroso.
Esta trama terá sido o primeiro episódio de uma rocambolesca história de sucesso.
O segundo episódio foi a tentativa de passar a ideia, de que, a sua ida para Bruxelas significava uma grande honra e vantagem (política,económica, eu sei lá) para Portugal.
O terceiro episódio foi a declaração de Durão, segundo a qual, tomou a decisão de ir para Bruxelas na convicção de que, o Presidente da República não convocaria eleições antecipadas.
Trata-se realmente de uma história fantástica...sobre a arte de Maquiavel.