Economia Paralela
1. - Ontem fui almoçar ao "Chinês". No final o empregado perguntou-me : "precisa de factura?".
No estomatologista a senhora que me atende, meia idade, loira discreta, boa pinta, por quem eu nutro, aliás, uma estima especial, aparentemente correspondida, sem consequências, quando vou pagar, faz-me, com o seu jeitinho, uma conversa que eu finjo não entender sobre preços com e sem factura.
O Pedro, aborreceu-se, recentemente, com a oficina do representante oficial da marca do seu carro. Agora fez a revisão dos 20 000 numa oficina do bairro que lhe fez um preço especial mas que não tinha facturas para lhe passar.
2. - O sector informal da economia representa 22,1 por cento do PIB português. A economia paralela é responsável por 28 dos 48 pontos de diferença que nos afasta dos melhores.
O relatório “Portugal 2010” sobre a produtividade, refere que as grandes causas da falta de produtividade nacional são a evasão e a fuga fiscal. Seguem-se a economia paralela, o mercado negro de trabalho e mercadorias, o incumprimento das regras do mercado, o não pagamento das prestações para a Segurança Social, o não cumprimento do salário mínimo nacional, o desrespeito pelas regras de segurança no trabalho e a deficiente qualidade dos produtos.
Cerca de 30 por cento dos portugueses que trabalham em actividades não agrícolas estão em empresas que operam em actividades legais mas que não cumprem as suas obrigações fiscais, de segurança social ou as regras de regulação estabelecidas no mercado.
O comércio ilegal de drogas constitui outra grossa fatia do mercado paralelo.
3. - António Antunes (professor na Universidade Nova de Lisboa e investigador do Banco de Portugal) e Tiago Cavalcanti (professor na Universidade de Pernambuco, Brasil), publicaram um interessante artigo sobre o sector informal no qual pretendem demonstrar que a dimensão deste sector está ligada ao grau de desenvolvimento económico - menor nas nações mais industrializadas, maior em nações em vias de desenvolvimento. Mais do que uma "doença", a existência de um sector informal é um sintoma.
O estudo aponta como causas do sector informal os pesados custos administrativos do licenciamento das actividades e a ineficácia do sistema judicial - nomeadamente "a lentidão dos tribunais". (link)
O comércio ilegal de drogas constitui outra grossa fatia do mercado paralelo.
3. - António Antunes (professor na Universidade Nova de Lisboa e investigador do Banco de Portugal) e Tiago Cavalcanti (professor na Universidade de Pernambuco, Brasil), publicaram um interessante artigo sobre o sector informal no qual pretendem demonstrar que a dimensão deste sector está ligada ao grau de desenvolvimento económico - menor nas nações mais industrializadas, maior em nações em vias de desenvolvimento. Mais do que uma "doença", a existência de um sector informal é um sintoma.
O estudo aponta como causas do sector informal os pesados custos administrativos do licenciamento das actividades e a ineficácia do sistema judicial - nomeadamente "a lentidão dos tribunais". (link)
7 Comments:
A economia paralela está em todo o sítio. Mais exemplos.
Fui à Feira de Carcavelos para comprar um fato de treino. Lá escolhi um com poucos defeitos, paguei e pedi a respectiva factura. O cigano olhou para mim espantado e sacou de imediato dum enorme tubo de cartão (aqueles que servem para enrolar as peças de tecido) e, ameaçador, atirou-me: " O senhor quer o quê? Se queria factura não devia vir comprar à Feira de Carcavelos, conho...
Tentem na praça pedir facturas às peixeiras, homem do talho, florista e vão ver o que vos acontece.
Tentem pedir ao "dealer" que vos vende o haxixe pela factura da transacção. Ele por certo desatará a correr pensando que está a tentar vender mercadoria ilegal a um polícia. Poderá acontecer pior, dar-lhe para sacar da ponta e mola e o pedido do raio da factura acabar em sangue.
Há determinados locais da baixa de Lisboa onde se vende de tudo um pouco: especiarias importadas, gabardinas, droga, medicamentos. Sim, medicamentos. Qual é o espanto. Desde as aspirinas, antigripe até aos antibióticos e antivíricos. Estas transacções não são feitas como é evidente com factura. Logo não contam para o PIB oficial.
Penso que a economia paralela em Portugal representa uma fatia bastante superios aos 22,1% referidos no texto. Isto parece mais uma economia Africana, Sul Americana ou Chinesa do que outra coisa.
Os homens do governo como não conseguem resolver estes graves problemas voltam-se então para os funcionários públicos que sempre estão mais à mão.
Outra actividade paralela e que movimenta valores importantes é a prostituição.
O meu filho frequentou durante dois anos as explicações de Matemática de um conceituado professor universitário. Não foram nada baratas, mas valeram a pena. As explicações eram dadas no seu domicílio. Os bons resultados faziam com que este professor tivesse dezenas dealunos. Os pagamentos eram feitos sem factura.
Paguei um balúrdio para ter uma festa de fim de ano à fartazanda. Faço votos para que as bebidas não sejam maradas. De contrabando, obtidas sem factura. facturas.
Ao preço a que as coisas estão apetece não pedir factura.
Hoje vi um velho episódio da série Zé Gato. A investigação policial pretendia apanhar os contrafactores das cassetes piratas. O Paulo de Carvalho que aparece neste episódio como "expert" do meio musical lança um dado estatístico da altura: dos seis milhões de cassetes audio comercializadas em Poretugal 90% eram piratas.
Hoje quanto representará a quota de mercado da pirataria de cassetes, DVDs, CDs?
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