NON n.º 2
Hoje foram os Holandeses a rejeitar a Constituição Europeia com cerca de 63% dos votos. A Holanda é o segundo país da União Europeia a dizer não ao Tratado Constitucional Europeu.
Por cá o não à Constituição Europeia já teve o mérito de suscitar a curiosidade dos portugueses sobre o longo texto constitucional e fomentar a procura de informação na tentativa de apurar as causas e consequências das rejeições do tratado.
Passada a surpresa inicial, digerida a primeira informação, vamos tomando consciência de que os resultados dos referendos irão influenciar decisivamente a forma de organização futura da UE.
Até Outubro, sobre esta matéria, muita água vai correr debaixo das pontes, contribuindo, talvez, para convencer o governo a adiar o nosso referendo para as calendas.
Se tal não acontecer lá teremos de ir votar NÃO.
9 Comments:
Os políticos cá do burgo foram apanhados de surpresa.
Afinal trata-se de mais uma chatice para gerir.
Uns fingem que nada está a acontecer.
Outros fingem dar muita imortância aos acontecimentos.
Outros fazem figas para que a crise passe depressa não vá a UE cortar os fundos.
Nesta conjuntura a intervenção do Freitas de Amaral sobre as verbas comunitárias é patético.
As elites queriam mais do mesmo.
É vê-los preocupadíssimos com a ameaça de fractura da organização estabelecida.
As grandes reviravoltas no "status quo" acontecem quando menos se espera.
A causa profunda desta contestação são as políticas liberais que querem fazer da Europa uma cópia da selva estado uniense.
"Os eleitores deram um sinal claro que não pode ser mal interpretado. Temos de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para envolver os cidadãos no futuro da Europa"
Jan Peter Balkenende
Primeiro-ministro da Holanda
"A segunda rejeição [da Constituição] num membro fundador da União põe em evidência as fortes expectativas, interrogações e preocupações sobre o desenvolvimento do projecto europeu"
Declaração da Presidência da República francesa
"Cada Estado-membro da UE tem o direito e a obrigação de votar a Constituição europeia. A crise que envolve a ratificação da Constituição não pode transformar-se numa crise da Europa."
Gerhard Schroeder
Chanceler da Alemanha
"É preciso constatar que a Europa já não faz sonhar"
Jean-Claude Juncker
Presidente em exercício da UE
"Temos problemas sérios, mas temos de continuar o nosso trabalho"
José Manuel Durão Barroso
Presidente da Comissão europeia
"O veredicto destes referendos coloca-nos a todos perante questões muito sérias sobre o futuro da UE."
Jack Straw
Ministro dos Neg. Estrang. britânico
"É o fim do processo"
Wouter Bos
Part. Trabalhista holandês, na oposição
"A atmosfera política, os problemas económicos, os medos relacionados com o alargamento deixaram as suas marcas no referendo holandês."
Ferenc Somogyi
Ministro Neg.Estrangeiros Hungria
"O processo de ratificação deve ir até ao fim. É um sinal de respeito por todos os povos da União"
Matriz Schulz
Líder do Grupo Socialista do PE
"O povo abriu os olhos para a grande fraude (...) e pôs fim a um crime contra a História."
Roberto Calderoli
Ministro italiano das Reformas
"Tencionamos prosseguir o nosso processo de ratificação."
Lars Danielsson
Ministro sueco
[Um referendo na Grã-Bretanha] é extremamente improvável"
Lucy Powell
Campanha pró-sim no Reino Unido
"Não é um drama muito grande para a economia europeia, mas é um problema importante para a União Europeia."
Didier Reynders
Ministro das Finanças belga
"Os europeus devem interrogar-se sobre a oportunidade de prosseguir o processo de ratificação"
Pierre Moscovici
Dirigente pró-sim do PS Francês
"O resultado do referendo holandês é o sinal do fracasso do modelo de construção liberal da Europa"
Jean-Luc Mélenchon
Senador socialista francês pró-não
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jack Straw, deverá anunciar na próxima segunda-feira a anulação do referendo à Constituição europeia no Reino Unido
Uma Revisão por Referendo
A SIC-Notícias informa-me que haverá um novo artigo na CRP para permitir o eventual referendo ao Tratado Constitucional já ferido de morte pelas duas negativas desta semana. Pasmo com a cegueira dos decisores desta estéril revisão constitucional que admite um referendo inútil e tenta impedir os inevitáveis referendos futuros. Um desastre em termos de clarividência política. Vamos ter de arrepiar caminho em termos de conduta europeia. O regime democrático não pode errar na questão europeia como a ditadura errou na questão colonial.
Medeiros Ferreira
Cavaco Silva considera que o referendo ao Tratado Constitucional Europeu deve ser adiado, em Portugal e em todos os países da União Europeia que têm agendada uma consulta popular sobre a ratificação do documento.
O ministro italiano dos Assuntos Sociais, Roberto Maroni, considera que a Itália deveria equacionar o abandono temporário do euro e a adopção da dupla circulação com a lira italiana. As declarações do membro do Governo, citadas pela edição de hoje do "La Repubblica", contribuíram para a queda do euro nos mercados internacionais.
"Não será melhor regressar, temporariamente, a um sistema de dupla circulação?", questiona o ministro. "Na Europa temos o exemplo do Reino Unido, que cresce e se desenvolve, mantendo a sua própria moeda", apontou.
Sobre a hipótese da dupla circulação lira-euro, o ministro defende mesmo a realização de um referendo em Itália.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, admitiu ontem à noite a hipótese de o referendo à Constituição europeia não se realizar em Portugal, caso haja consenso no sentido de travar o processo de ratificação no próximo Conselho Europeu.
"Pode acontecer que os 25 países à volta da mesma mesa, por consenso, sem a imposição de ninguém, sem países de primeira e segunda, cheguem à conclusão de que o melhor é parar [o processo de ratificação do tratado] para pensar melhor", afirmou Freitas do Amaral, ao programa Grande Entrevista da RTP1.
A 'Europa' não passa de uma 'construção utópica', inventada à revelia do eleitorado, por uma burocracia perversa e uma 'classe política' irresponsável"
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