quarta-feira, junho 1

O Monstro


Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
Os Lusíadas - Luís de Camões.
Subitamente, os portugueses veêm-se confrontados com os rocambolescos episódios da história do monstro.
Segundo Miguel Cadilhe, o criador desta criatura disforme não foi o Luís Vaz de Camões mas sim Aníbal Cavaco Silva.
Além do criador são conhecidos vários dedicados tratadores: Miguel Cadilhe, Sousa Franco, Pina Moura, Daniel Bessa, Eduardo Catroga, MFL, Bagão Félix. O mais célebre dos quais foi, indubitavelmente, Manuela Ferreira Leite.
À sombra do monstro têm medrado, ao longo da última década, os mais diversos interesses cultivados por uma plêiade numerosa de técnicos deslocados do sector privado: assessores, consultores, directores, administradores, gestoresSA, todos com chorudos salários e as mais diversas regalias, regressando
mais tarde às origens, conhecedores dos dossiers, para o desenvolvimento de novos negócios.
Depois de acarinhado, apaparicadoe e engordado, durante largos anos, o monstro caiu subitamente em desgraça, acusado de todos os males da nossa bancarrota. Vários expertos da nossa praça são chamados a participar em debates, mesas redondas e estudos para análise do comportamento, indicadores, vulnerabilidades,e, especialmente, das técnicas letais de aniquilação do monstro: despedimentos, congelamento de salários e carreiras, redução de pensões de reforma e subsídios de doença, aumento do tempo de serviço, auditoria, externalização, reestruturação e extinção de serviços .
Mas será que manietado ou aniquilado o monstro teremos resolvido a maioria dos problemas da nossa economia?
Acontece que, infelizmente, as empresas portuguesas são mais parecidas com o Estado do que à primeira vista possa parecer.
Segundo o relatório sobre a competitividade das nações do IMD, as empresas portugueses são marcadamente ineficientes, apresentando graves lacunas relativamente à inovação das suas práticas, processos e produtos. Resumindo: falta grave de competitividade.
Não haverá solução para a nossa economia se não for conseguido um aumento drástico da competitividade das empresas, conseguido através da melhoria da qualidade da sua gestão de forma a promover o aumento das exportações e o aumento do PIB.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Miguel Cadilhe responsabiliza Cavaco Silva por aumentos que agravam défice
PUBLICO.PT
Sabado, 28 de Maio de 2005

O antigo ministro das Finanças Miguel Cadilhe, responsabiliza Cavaco Silva pelo aumento da massa salarial da função pública, promovido nos anos 1990, que hoje é responsável por 15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). Cadilhe, num artigo para o livro colectivo "Cidadania, uma visão para Portugal", recorda aquilo que o ex-primeiro-ministro social democrata já admitia na sua "Autobiografia política".

Cadilhe escreve, segundo cita hoje o "Expresso", que "os trabalhos preparatórios do novo sistema retributivo da função pública (...) correram sob a responsabilidade directa de Cavaco Silva", referindo-se aos laicerces do Novo Sistema Retributivo da Função Pública que colocou a administração pública portuguesa no terceiro lugar entre as mais caras da Europa.
O sistema foi aprovado em conselho de ministros em 1998, recorda Miguel Cadilhe, no qual o ministro das Finanças se mostrou preocupado. De acordo com as palavras citadas pelo semanário, o então ministro terá tentado precaver problemas futuros impondo condições para a aplicação do novo sistema, nomeadamente a redução de despesas e melhoria de produtividade.
Cadilhe não hesita em denunciar que o Governo não deu sequência às suas propostas e conclui que isso "teve efeitos avassaladores" nas despesas estatais. O ministro escreve que o caso "foi uma demonstração de como uma importante e justa reforma pode ficar a meio do caminho, derrapar e virar-se contra o reformador".
O "Expresso" escreve em manchete que Cadilhe acusa Cavaco de ser pai do "monstro" do défice, um dos epítetos pelos quais ficou conhecida a dimensão da ruptura das contas públicas portuguesas.

12:41 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Nem tudo vai mal nesta nossa República (Pelo menos para alguns)

Com as eleições legislativas de 20/Fevereiro, metade dos 230 deputados não foram eleitos.
Os que saíram regressaram às suas anteriores actividades.
Sem, contudo saírem tristes ou cabisbaixos.
Quando terminam as funções, os
deputados e governantes têm o direito, por Lei (deles) a um subsídio que dizem de reintegração:
- um mês de salário (3.449 euros) por cada seis meses de Assembleia ou governo.
Desta maneira um deputado que o tenha sido durante um ano recebe dois salários (6.898 euros). Se o tiver sido durante 10 anos,recebe vinte salários (68.980 euros). Feitas as contas e os deputados que saíram Erário Público desembolsou mais de 2.500.000 euros.
No entanto, há ainda aqueles que têm direito a subvenções vitalícias ou pensões de reforma (mesmo que não tenham 60 anos). Estas são atribuídas aos titulares de cargos políticos com mais de 12 anos.
Entre os ilustres reformados do Parlamento encontramos figuras como:
- Almeida Santos 4.400, euros;
- Medeiros Ferreira .2.800, euros;
- Manuela Aguiar 2.800, euros;
- Pedro Roseta... 2.800, euros;
- Helena Roseta. 2.800, euros;
- Narana Coissoró 2.800, euros;
- Álvaro Barreto.. 3.500, euros;
-Vieira de Castro 2.800, euros;
- Leonor Beleza. 2.200, euros;
- Isabel Castro... 2.200, euros;
- José Leitão... 2.400, euros;
- Artur Penedos.. 1.800, euros;
- Bagão Félix... 1.800, euros.
Quanto aos ilustres reintegrados, encontramos os seguintes:
- Luís Filipe Pereira -26.890, euros / 9 anos de serviço;
- Sónia Fortuzinhos 62.000, euros / 9 anos e meio de serviço;
- Maria Santos 62.000, euros /9 anos de Serviço;
- Paulo Pedroso 48.000, euros /7 anos e meio de serviço;
- David Justino 38.000, euros /5 anos e meio de serviço;
- Ana Benavente 62.000, euros/9 anos de serviço;
- Mª Carmo Romão 62.000, euros /9 anos de serviço;
- Luís Nobre Guedes 62.000, euros/ 9 anos e meio de
serviço.
A maioria dos outros deputados que não regressaram estiveram lá somente a última legislatura, isto é, 3 anos, o suficiente para terem recebido cerca de 20.000, euros cada.
É assim a nossa República (das bananas)
É ESTA A CLASSE POLÍTICA QUE TEM A LATA DE PEDIR SACRIFICIOS AOS
PORTUGUESES PARA DEBELAR A CRISE...

2:36 da tarde  

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