Conversão tardia
O padre Victor Feytor Pinto, actual responsável da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, numa clara demonstração da evolução do seu pensamento, relativamente ao tempo em que liderava o Projecto Vida de combate à toxicodependência, admitiu numa entrevista ao JP que o "preservativo pode justificar-se quando o que está em causa é a vida (ou a morte) das pessoas" (numa alusão à luta contra a sida) e "uma mulher não é criminosa quando tudo foi tentado e ela não encontrou outra saída senão o aborto" (link)
A provar que não vivemos muito longe dos tempos da Inquisição, a redacção do site: www.pensabem, ligado a um grupo de católicos, pôs a circular uma carta sugerindo aos eventuais interessados que "informassem" três organismos do Vaticano das declarações do padre Vítor Feytor Pinto.
Vamos aguardar pela excomunhão do Vaticano. Que chega precisamente na altura em que o Padre Feytor Pinto dá mostras de, finalmente, ter compreendido de que lado deve estar para salvar as ovelhas do Senhor.
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Em 3O de Junho de 2004 encontravam-se notificados 24 776 casos de infecção VIH / SIDA.
"O maior número de casos notificados corresponde a infecção em indivíduos referindo consumo de drogas por via endovenosa ou “toxicodependentes”, constituindo 48,4% ( 11 987 / 24 776) de todas as notificações. O número de casos associado à infecção por transmissão sexual (heterossexual) representa o segundo grupo com 33,6% dos registos e a transmissão sexual (homossexual masculina) apresenta 11,9% dos casos; as restantes formas de transmissão correspondem a 6,1% do total. Os casos notificados de infecção VIH /SIDA, que referem como forma provável de infecção a transmissão sexual (heterossexual), apresentam uma tendência evolutiva crescente importante."
Padre Feytor Pinto esclarece: "Preservativo só em situações limite"
Responsável da pastoral da Saúde contesta frase da notícia do PÚBLICO
O padre Vítor Feytor Pinto esclareceu ontem ao PÚBLICO que, na entrevista dada a este jornal domingo passado a propósito dos seus 50 anos de padre, referia-se apenas a "situações limite" quando falava da possibilidade de uso do preservativo e não à sua utilização generalizada. Casos como o de casais em que uma das pessoas está infectada, exemplificava, e em que a única possibilidade de a outra pessoa se salvar é recorrer a um profiláctico.
A afirmação do responsável da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, da Igreja Católica, contestava uma frase de uma notícia ontem publicada neste jornal que, considerava, dá uma ideia errada do seu pensamento. No texto, informava-se que um grupo aparentemente católico, identificado com a redacção do sítio de notícias na Internet Pensar Bem, fez circular cartas para várias pessoas instando-as a escrever a diversos organismos do Vaticano queixando-se das afirmações de Feytor Pinto na entrevista de domingo.
Na notícia de ontem, escrevia-se: "Na entrevista, o actual responsável da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde e pároco do Campo Grande, em Lisboa, admitia o uso do preservativo quando esteja em causa o "não matar", numa referência implícita à luta contra a sida." Foi esta última alusão à "referência implícita a luta contra a sida", que motivou a chamada de atenção de Vítor Feytor Pinto.
"Nunca fui favorável ao uso indiscriminado do preservativo", afirma Feytor Pinto. "Temos que encontrar outras formas de fazer prevenção da sida. A única situação a que me referia na entrevista era à de situações limite, como os casais em que uma das pessoas está infectada."
Na entrevista, na qual o responsável da CNPS afirma reconhecer-se, o padre Feytor Pinto afirmava, sobre o assunto: "É preciso reler a posição da Igreja. É brilhante a dupla intervenção da Conferência Episcopal. Nos dois documentos sobre a sida, admite-se que há [diferentes] circunstâncias. [Recentemente], o cardeal-presidente do Conselho Pontifício [para a Saúde] disse à imprensa que estão em questão dois mandamentos: o sexto, [que se relaciona com] os nossos comportamentos sexuais, e o quinto, "não matarás". E que, quando o que está em questão é o não matar, e a única forma de não matar é o uso de um profilático, ele pode justificar-se. Onde é que a Igreja é contra o preservativo? É no planeamento familiar. Não é uma proibição, a Igreja sugere, não tem o direito de proibir nada a ninguém. E uma relação protegida é mais pobre do que uma relação plena. [Descobrir] a forma de ter relações plenas sem protecções é positivo."
A entrevista foi posta a circular, via correio electrónico, na própria manhã de domingo passado, com cartas dirigidas a várias pessoas, entre as quais responsáveis dos movimentos auto-designados pró-vida. Uma das pessoas que recebeu e reenviou a mensagem para várias outras, e que não quis ser citada, rejeitou qualquer solidariedade com a acção proposta. O objectivo, assegurou, era apenas "dar a conhecer" a um grupo de amigos - trinta nomes, no total - a carta do Pensar Bem e os endereços do Vaticano para onde se sugeria que as pessoas escrevessem. Mas pelo menos uma das pessoas que a recebeu fez reenvio da mensagem, que, após outros reencaminhamentos, acabou por chegar à redacção do PÚBLICO.
JPúblico 17.07.05
Como se poderá constactar pela rectificação efectuada pelo padre Feytor Pinto ainda não foi desta que se converteu ao USO do PRESERVATIVO como forma prática de salvar milhares de vidas.
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