domingo, julho 17

Gestão do Improviso


O sistema informático do Centro Hospitalar de Lisboa (H. São José, S. António dos Capuchos e Desterro) não funciona desde o dia 08 de Julho (link)
Segundo Jornal Público (on line, 17.07.05), José Carneiro de Almeida, assessor de Nuno Cordeiro Ferreira, coordenador do grupo Hospitais Civis de Lisboa, a avaria constitui um imprevisto cuja solução "não está nas mãos da administração do centro hospitalar" e "não tem tido qualquer efeito sobre o funcionamento normal dos serviços, excepto uma maior demora no registo dos doentes, que é feito manualmente.
A avaria constitui um imprevisto e a solução não está nas mãos da Administração do Centro Hospitalar !
Esta é boa! Um imprevisto ?
Um imprevisto era se tivesse caído um raio sobre o Hospital de São José. Um imprevisto era se os Hospitais de São José, Santo António dos Capuchios e Desterro tivessem sido alvo de ataques terroristas. Onde poderá estar o imprevisto do funcionamento de um sistema informático que foi adquirido, montado, assistido de acordo com as decisões dos órgãos de gestão do Centro Hospitalar?
Não está nas mãos do Centro Hospitalar ?
Então está nas mãos de quem ?
Se os ventiladores da Unidade de Cuidados intensivos pararem, este senhor vem dizer que foi um imprevisto e que não está nas mãos da Administração do Hospital salvar a vida dos doentes ventilados ...
Para que situações destas não aconteçam é que existem nos Hospitais do SNS, gestores para cuidarem da gestão de compras de molde a seleccionarem os fornecedores mais aptos, com capacidade de assegurar a continuidade do funcionamento dos equipamentos. Para cuidarem da gestão da assistência Técnica, responsável pela supervisão dos contratos de assistência técnica contratados com empresas externas. No SPA não há "holdings" que obriguem a contratar empresas sem qualidade (limpeza, assistência técnica, alimentação, distribuição de produtos) só pelo facto de pertencerem ao grupo.
Mais um disparate: A paragem do sistema informático não tem qualquer influência no funcionamento normal do hospital.
Se estão a fazer a inscrição dos doentes da Urgência à mão e não processam pagamentos a fornecedores desde o dia 08 de Julho. Será isto funcionamento normal?
A situação que vivemos leva-nos a pensar que não podemos ter contemplações por desempenhos incompetentes da Gestão Hospitalar, incapazes de assegurar o "normal" funcionamento dos Hospitais do SNS.

9 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Vimos há pouco aqui no SaudeSA o caso do Hospital Miguel Bombarda.
O Centro Hospitalar de Lisboa apesar de contar nos seus quadros com perto de uma dúzia de AH, tem uma gestão do século passado.
No hospital de São José tanto poderá acontecer que um fogo numa Unidade de Neurocirurgia leve á necessidade de evacuação dos doentes graças ao heroísmo dos seus profissionais como o sistema informático fazer desaparecer os ficheiro de registo de doente de há vários anos.
O Correia de Campos terá de ser muito rigoroso no sentido de por esta gente toda a trabalhar. Não dispõe infelizmente dos investimentos necessários para melhorar as estruturas e dar melhores condições de trabalho.

3:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Quando as tic falham é complicado
É de facto ignorância de gestão não valorizar os estragos provocados.
Parece um discurso politicamente mais papista que o papa

4:25 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Se O HSJ tem nos seus quadros perto de uma dúzia de AH, se um, pelo menos, dos membros do CA é AH, se o presidente do CA é médico, se...,se...,se... como explicam esta situação os acérimos defensores da eclusividade dos AH ne gestão dos hospitais?
Se isto fosse num SA já aqui tínhamos uma dúzia de críticas aos gestores. Assim ...

7:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Os Hospitais do SPA mostram menos agilidade e eficiência do que o do sector empresarial.

8:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

O Centro Hospitalar foi criado recentemente lutando com enormes dificuldades em relação à centralização e articulação de serviços.
Em relação a este problema da rede informática desconheço o que se terá passado.
De qualquer forma penso que são sistema deveras complexos que requerem alguns cuidados especiais.
Nem querer comparar com o que se passou com o sistema informático do Ministério da Educação, penso que, por vezes, mesmo em empresas privadas, ocorrem falhas graves semelhantes à referida em relação ao CHL.

9:10 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Há aqui uma grande falha do interlocutor.
A única coisa que elew deve responder ao jornalistas é afórmula clássica: Estamos a fazer o apuramento de responsabilidades. Contamos, em breve, ter a situação resolvida. E nada mais. Que é para não meter água.

3:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

O sistema era reposto a funcionar, hoje, segunda feira.
Será que já está tudo em perfeitas condições ?

3:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

"...Para que situações destas não aconteçam é que existem nos Hospitais do SNS, gestores para cuidarem da gestão de compras de molde a seleccionarem os fornecedores mais aptos, com capacidade de assegurar a continuidade do funcionamento dos equipamentos...." e os homens da microsoft (com tantas correcções e bugs) terão sido mal seleccionados? E os da Nasa que fazem adiar os lançamentos dos vai-vem por avarias? Terão sido más escolhas de MAUS GESTORES ou os erros / bugs / avarias próprias de tudo quanto é feito pelo homem?

3:07 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

A avaria do sistema informático foi uma fatalidade. É o destino. Estava escrito nos astros.

É evidente que não é este o pensamento que preside à Organização das empresas.
A paragem prolongada do sistema e a perda irreversível de dados por motivos fortuitos deverá ter uma probabilidade muito baixa de acontecer.
Mas há sempre que proceder ao apuramento das responsabilidades.

A microsoft tem uma política de não aprofundar muitos os testes de controlo de qualidade dos produtos que produz. Chegou à conclusão que o sistema de controlo feito pelos utilizadores fica mais barato.
A maioria dos fracassos ocorridos com a aplicação de novas tecnologias deve-se não a erros humanos mas sim a tomadas de decisão que tiveram como prioridade a redução dos custos.

5:22 da tarde  

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