Classificações à Martelo
Na entrevista dada ao Jornal de Notícias (magazine de 24.07.05), o ministro da Saúde, António Correia de Campos, numa imitação do professor Martelo, classificou os Serviços Públicos de saúde com um suficiente (seis valores).
-Jornal de Notícias (JN): Numa escala de zero a dez que classificação atribui aos serviços públicos de Saúde?
-Correia de Campos (CC): Um seis, sim ... à vontade. Entre seis e sete.
-JN: Um suficiente, pouco mais que medíocre?
-CC: Não, corresponde a um suficiente a rair o bom! Temos profissionais muito competentes, com boa qualidade e preparação técnica, mas continuamos a ter uma má organização. Em termos globais, os serviços públicos de saúde não carecem de recursos humanos nem financeiros, mas continuam a gastar mal o dinheiro. E atenção, porque nós não precisamos de gastar menos, precisamos de gastar melhor. Sei que estou a ser optimista porque nas sondagens internacionais, que comparam os sistemas de saúde e que são efectuadas pela UE, Portugal aparece sempre num dos lugares mais desfavoráveis da tabela, com resultados muito mais negativos e que, no meu entender, não correspondem à realidade.
"E atenção de que não precisamos de gastar menos, precisamos de gastar melhor".
-Correia de Campos (CC): Um seis, sim ... à vontade. Entre seis e sete.
-JN: Um suficiente, pouco mais que medíocre?
-CC: Não, corresponde a um suficiente a rair o bom! Temos profissionais muito competentes, com boa qualidade e preparação técnica, mas continuamos a ter uma má organização. Em termos globais, os serviços públicos de saúde não carecem de recursos humanos nem financeiros, mas continuam a gastar mal o dinheiro. E atenção, porque nós não precisamos de gastar menos, precisamos de gastar melhor. Sei que estou a ser optimista porque nas sondagens internacionais, que comparam os sistemas de saúde e que são efectuadas pela UE, Portugal aparece sempre num dos lugares mais desfavoráveis da tabela, com resultados muito mais negativos e que, no meu entender, não correspondem à realidade.
"E atenção de que não precisamos de gastar menos, precisamos de gastar melhor".
Trata-se de uma tirada típica do professor. Há muito desperdício no SNS. Temos de ser claros quanto a esta matéria. É preciso gastar menos e gastar melhor.Temos a expectativa de que o ministro, António Correia de Campos, tudo fará para melhorar a performance do nosso sistema de saúde. Cá estaremos para registar as melhorias no final da legistatura.
12 Comments:
UM SEIS?!...
Se eu fosse AH confesso que me sentia mal com esta classificação. Afinal para que tem servido a ENSP?
Para isto?
A conversa é sempre a mesma.
É recorrente...
Precisamos de gastar melhor os recursos disponíveis para subirmos na escala europeia de serviços de prestação de saúde...
Há quantos anos andamos nós a ouvir esta lenga lenga ?!
Ora de um lado ora de outro ?
Depois de anunciadas reformas e contra reformas, tudo permanece maia ou menos na mesma.
Enquanto não houver verdadeira coragem política de ir ao âmago da questão, leia-se verdadeira gestão do "core business" - área clínica -com responsabilização efectiva daqueles que diagnosticam, prescrevem, internam, "desinternam"... não iremos muito longe.
Transparência na acção médica recurso a auditorias clínicas se necessário for.
Avaliação e acompanhamento dos níveis de produção clínicos, analisando desvios face aos objectivos traçados.
"Accountability clínica" de que já aqui falei, garantida pelos "primus inter pares".
A sáude não tem preço, mas tem certamente um custo...
A atitude do professor é surpreendente, parecendo que esteve sempre fora dos problemas da Saúde.
Não foi o CC que num célebre artigo publicado no Jornal Público considerou que o SNS era constituído pela melhor prata e que bastava passar-lhe um pouco de lustro para voltar a luzir, resplandecente em todo o seu fulgor!
Quem passou um pouco de lustro ao CC sabemos nós quem foi...
Então o Sistema de Saúde Português não é o 12.º melhor do mundo, segundo uma classificação da OMS?
Se o PIB não crescer rapidamente, ou se crescer tão pouco relativamente aos países da UE, como se prevê, temos mesmo que pensar como gastar menos com a Saúde.
Com tantos AH ligados é facil enumerar aqui medidas para gastar menos e produzir mais no curto prazo.
Vamos a isso:
É preciso ter lata. Para quem tanto criticou o LFP agora vem citá-lo. O LFP é que defendia que o importante era tornar mais eficientes, gerindo melhor com os mesmos recursos. E estava tudo encaminhado para fazê-lo. Agora, ao substituírem gestores de empresas que sabem como se gere por AHs, não esperem milagres...
Estavam a operar-se verdadeiras mudanças de atitudes, de desempenho, de cultura, com imposição de objectivos por serviços, com um modelo de desempenho... só assim se pode gerir mais eficientemente: com SI que permitam avaliar o que se faz e quanto se faz e simultaneamente introduzir projectos de qualidade clínica para complementar a avaliação de como se faz.
Em Portugal é sempre a mesma coisa: quando está bem feito, desfaz-se e começa-se tudo de novo. Por isso é que não evoluimos. É um permanente faz e desfaz. Enquanto não acabarmos com esta atitude nunca vamos construir nada...
Os interesses em redor do sistema continuam.
A política está parada e as medidas também, aguardando as eleições, portanto dependentes sempre dos ciclos eleitorais.
É na saúde e no resto.
É uma questão de regime, mude-se o regime.
Gastar melhor ou gerir melhor?
Aprendi que gestão é a combinação optimizada dos recursos.
Ora há muitos anos que não se pratica verdadeira gestão no SNS
Todos sabemos que há uma desproporção crónica de recursos.
É dificil encontrar uma situação de gestão de serviços em que exista o óptimo combinado de recursos.
O óptimo de liderança é praticamente inexistente.
Quando há autocarro não há motorista.
Muitas vezes há motorista e não há autocarro.
Por vezes há motorista e autocarro mas há não gasóleo
Outra vezes não há dinheiro para o gasóleo
O que existe sempre é clientes
Como este deajuste é perfeito temos as listas de espera crónica " com números não relevantes"
No SNS não há condições para boas práticas de gestão e há muita gente interessada na perpetuação desta situação.
Os privados estão a ficar impacientes , mas acreditam na vitória final
A continuar assim, também eu
Afinal é tão simples encontrar 50 indicadores de performance de gestão e publicar online o niveis de desempenho de cada hospital e assim seria fácil indentificar os desvios de cada organização e assistir à sua evolução positiva ou negativa, e ainda na mesma penada avaliar a dinâmica de gestão de cada organização os seus líders, senhores!
Ou eu sou muito estúpido ou isto é muito mais facil do que parece.
Se assim acontece teve deve haver uma explicação.
Será por causa da combinação optimizada dos políticos, lóbis e corporações?
Deve ser, senão não havia listas de espera e o defice crónico do SNS em derragem tvg, que não dá para aterrar na pista da Ota por excesso de velocidade e por isso só parará em Vigo e talvez daí,de Espanha venha a solução.
Xavier, sei que está de férias e merce descanso.
Mas pelo pqpel que CC teve no famoso Livro Branco da Segurança Social, permita-me que aqui coloque uma notícia que não deixa de ser interessante tendo em conta que desde o Governo de Guterres já foram gastos milhões de contos (muitos milhões de contos) na Informática da Segurança Social sob a responsabilidade de um tal IIESS (Instituto de Informática e Estatística da Segurança Social) criado por volta de 1996. Os resultados estão à vista. Aqui. como na saúde, a Informática não funciona! Eis a notícia:
Fúria cobradora
Segurança Social notifica contribuintes inactivos há 15 anos
Na ânsia de cobrar pagamentos atrasados, a Segurança Social continua a cometer engano atrás de engano, com todos os inconvenientes que isso acarreta para o cidadão. Há casos de pessoas que já encerraram a actividade há mais de 15 anos e que receberam cartas a exigir contribuições em atraso. Também há vários casos de cartas endereçadas a contribuintes que já morreram há vários anos.
SIC
Irene de Almeida era proprietária de uma pequena loja de roupa, mas a crise obrigou-a a desistir do negócio. Em 1990 foi às Finanças encerrar a actividade e garante que cumpriu todos os passos que lhe indicaram para poder ir para casa descansada sem que ficasse a dever nada ao Estado.
E ficou descansada durante 15 anos até que, no mês passado, recebeu em casa uma carta da Segurança Social a dizer que estava em dívida. Irene foi de imediato às Finanças perguntar que carta era aquela e tentar provar que nada deve ao Estado. Não foi difícil conseguir um comprovativo em como não está colectada desde 1990. Resolveu o assunto com a Segurança Social de Setúbal, mas não ganhou para o susto.
História semelhante tem Ana Paula Pina. Nunca teve problemas com as Finanças. Até agora, altura em que a Segurança Social lhe escreveu exigindo-lhe contribuições em atraso.
Para estes casos a Segurança Social tem duas explicações: das duas uma, ou os contribuintes encerraram actividade nas Finanças e esqueceram-se de avisar a Segurança Social, ou houve novo engano informático.
Segurança Social pede dinheiro a quem já morreu
São os enganos informáticos que também explicam que continuem a ser endereçadas cartas a contribuintes que já morreram há vários anos.
Maria Manuel foi apanhada de surpresa por uma carta da Segurança Social que exigia o pagamento de uma pretensa dívida do marido, antigo coronel do Exército, falecido em Agosto de 2003.
Maria Manuel ainda tentou falar com a Segurança Social, à qual nem ela nem o marido nunca pertenceram. Ele que era militar, ela que é bancária reformada.
Lídia Gameiro, viúva há 16 anos, também recebeu uma carta a exigir o pagamento de uma dívida respeitante ao período entre Julho do ano passado e Abril deste ano.
A Segurança Social explica estes casos dizendo que está a actualizar a sua base de dados.
Isto é um absurdo!
Eu gostava de saber o que é o que o Ministro da Saúde anda a fazer, pois desde que tomou posse os Hospitais não foram informados de quais as linhas estratégicas para os próximos tempos!
É verdade, deve estar de férias...
Ou como dizia um comentador num post, deve estar à espera que passem as autárquicas...
E durante este tempo anda o Governo num desgoverno...
O Correia de Campos devia integrar a equipa do Inimigo Público. Jeito não lhe falta.
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