domingo, outubro 23

Hospitais com coquepite


Os gestores hospitalares negligenciam muito a qualidade das prestações hoteleiras nos Hospitais do SNS.
É por estas e outras que alguns AH se lixam e lixam o SNS.

Independentemente de tudo o resto (quiça do essencial para a qualidade das prestações) a capacidade de percepção no que respeita à qualidade por parte dos utentes regista estes aspectos.

Depois não se admirem se a malta gostar mais de ir pró "coquepite" com médicos e enfermeiros a recibo verde do que para um hospital central comer comida fria servida em pratos de inox por uma auxiliar de acção médica zangada com a vida.

É que a alma também sofre e os tais gajos da privada sabem muito bem e não são tolos.
E os da pública? Não sabem ou ...
Avelino

7 Comments:

Blogger ricardo said...

Nos HH públicos o problema das prestações hoteleiras e do conforto prestado ao doente tem a ver, essencialmente, com o sistema de financiamento dos HH do SNS.

Há HH muito antigos, degradados, com problemas graves de manutenção como é o caso de Santa Maria, por exemplo em que é muito díficil melhorar as condições de atendimento.
Os doentes reconhecem nos inquéritos que foram muito bem atendidos pelo pessoal hospitalar mas queixam-se da alimentação, da falta de condições das casas de banho, da falta de pijamas, roupões,etc.

A melhoria das condições de conforto requer investimentos pesados para os quais as administrações dos HH não têm recursos.

10:38 da tarde  
Blogger Clara said...

Agora o que os portugueses reconhecem é que nos hospitais públicos está o último estado de arte na prestação de cuidados de saúde em Portugal.
E a confiança dos portugueses nos hospitais públicos aumenta tanto mais quanto mais diferenciados são os cuidados.

Há, no entanto, que fazer um esforço no sentido de melhorar as condições de atendimento dos doentes.
Foi desenvolvido mesmo um programa de melhoria das instalações e equipamentos mais ligados ao atendimento do ambulatório.

11:06 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Os HH não são hotéis! O importante é a assistência, seja ela prestada por médicos, por enfermeiros, por auxiliares de acção médica ou outros profissionais. É importante o atendimento do doente e seus familiares. É importante ter instalações confortáveis, e asseadas, etc..
Já quanto à alimentação é evidente que se exige qualidade mas não tem que ser uma alimentação "à la carte". Há hospitais onde ao doente são oferecidos pratos alternativos (de sua escolha) mas não podemos esquecer que a satisfação com a alimentação está muito ligada aos hábitos alimentares dos utentes. Como sabemos, geralmente comemos refeições "fortes", condimentadas e até fartar. Ora, num estabelecimento de saúde não deve ser esta a regra. Não é e nem pode ser! Os inquériots de sastisfação não deixam de reflectir este facto.
Os doentes são internados para serem tratados e não para passarem uns dias num "hotel".
Também sabemos como funcionam alguns serviços em instalações degradadas onde se torna difícil garantir a melhor qualidade dos serviços. Mas não se pode comparar um hospital público, recebendo todos os doentes que carecem de cuidados, e um hospital particular que só recebe "quem pode pagar os elevados preços praticados" e onde quem não tem poder económico não entra. Sabemos bem que quando as coisas se complicam os doentes dos particulares acabam por ser encaminhados para os hospitais públicos.

12:02 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

A Hotelaria é o mais fácil e o mais barato. Uma cozinheira ganha bem menos que um cirurgião; um bife custa menos que um sandimmun, uma cama menos que um autoanalisador, etc, etc.

Desmazelo (as batas dos médicos do S. João metem nojo de tão velhas e tão sujas; as baratas correm à noite nos corredores de urgência; há mais pó que areia no deserto, etc, etc).

Subcontratem.

12:39 da manhã  
Blogger ricardo said...

O importante para a exploração privada dos cuidados de saúde, é conseguir atrair para as suas unidades hospitalares os melhores profissionais de saúde: médicos, enfermeiros e técnicos.
Para isso terão que oferecer melhores condições que os hospitais públicos.
E não se trata somente de mais dinheiro mas também organização, equipamentos, instalações e material.
Falta acrescentar a formação.

12:39 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Não sei! Não sei se os melhores médicos, enfermeiros e técnicos dos HH públicos vão emigrar para os privados. O que todos procuram fazer é acumular actividade nos dois. Com isso, os HH públicos ou adoptam medidas de reorganização e avaliação de desempenho, de premiação do mérito, de padrões de produtividade e qualidade, etc. ou serão considerados meros "ganchos". Já hoje sabemos como há situações em que trabalhadores (?) dos HH públicos não cumprem horários e nem sequer trabalham as horas a que estão obrigados. E se nos dermos a esse cuidado, poderemos com relativa frequência encontrá-los a trabalhar em HH ou Clínicas particulares em horário coincidente.
Felizmente também há quem cumpra e até quem ultrapasse aquilo a que normalmente está obrigado. E são esses profissionais que devem ser devidamente recompensados.
Os HH particulares, oferecem melhores condições de trabalho e eventualmente melhores salários porque se fazem pagar bem pelos serviços que prestam (e até pelos que não prestam?!) mas são bem mais exigentes no desempenho dos profissionais, e por isso os HH públicos continuam a ser o "abrigo" dos médicos, enfermeiros e técnicos que neles encontram o seu "principal emprego".
Voltando ao problema da hotelaria e em particular à alimentação, ocorre dizer: Geralmente e nomeadamente para determinado tipo de doentes o que lhes ouvimos dizer é: ah, a comida era mesmo boa. E nem conseguia comer tudo. Só tinha falta de sal!
Na verdade os tratamentos, as cirurgias, a realização de MCDT, etc., estão muito mais associadas à dor, ao sofrimento e ao incómodo e "tendem a ser menos valorizados". Os inquéritos de satisfação nem sempre fazem a adequada "filtragem" pelo que os resultados podem ser enviezados.
Obviamente que há situações que não devem ser descuradas e não é minimamente aceitável que se possam verificar caos como os dreferidos pelo mário de sá peliteiro.

1:41 da manhã  
Blogger saudepe said...

Parabéns ao Avelino.
O humor é uma conquista da nossa civilização.
Quem tem massa pira-se para o coquepite, é evidente.
O Brasil tem um Serviço Nacional de Saúde idêntico ao nosso. No papel.
A classe alta (no Brasil não há classe média) fez os seus seguros privados e pirou-se em massa para os xoquepites.
O SNS existe mas o subfinanciamento crónico faz dele um serviço de baixa qualidade destinado aos cidadãos pobres.
Sem massa para poder pagar Serviços com coquepite.

12:21 da manhã  

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