Nem "Outspoken, nem Outdoing "
Decorridos sete meses de Governo, penso que hoje CC não teria cometido/ou já estaria em condições de não cometer os seguintes erros políticos:
1º- Não incluíria no discurso de tomada de posse do Governo a referência à venda livre de medicamentos. Arranjou uma carga de trabalhos desnecessária. Poderia ter levado na mesma a água ao moinho mas sem os anti-corpos que a partir daí arranjou com a ANF. Esta guerra que vai certamente vencer por ter maioria absoluta não irá deixar de lhe trazer sérios problemas políticos e pessoais. Chamam-se a isso uma «Vitória à Pirro!»
A continuação da guerra em campo aberto como está a ser feito, acrescida agora com nova batalha (a da liberalização das Farmácias) vai causar mais baixas políticas do que ganhos. E quanto aos ganhos económicos, vamos ver!
CC, arrisca-se a ficar na história como o Ministro das Farmácias e do Medicamento o que irá ser redutor da sua imagem como estadista porque acreditamos que outras coisas importantes irão ser feitas.
2º- Teria uma estratégia cuidada das nomeações políticas a efectuar. A falta notória de estratégia nota-se no modo atabalhoado como foram feitas algumas nomeações (INFARMED, ERS, Comissão da Luta contra a SIDA, SPTT, p. ex.) ou no modo como não foram feitas substituições politicamente relevantes e indispensáveis: do Alto-comissário para a Saúde, do Director-Geral de Saúde, dos CAs dos HH SA (entre a total ingenuidade e o suicídio político!), etc. Não está em causa o valor das pessoas, até podem ser competentes, está em causa que são lugares de confiança política; a manutenção de pessoas identificadas com a política de saúde anterior, assume por isso um claro significado político. Que é a de dar a ideia de continuidade da política do seu antecessor. Embora eu não tenha dúvidas de que assim é, pelo menos deveria ter havido um pouco mais cuidado com as aparências. Porque, como já aqui foi dito, em política o que parece é!
3º- Faria uma avaliação cuidada dos meios (nomeadamente, os meios humanos) para levar a cabo a sua política de saúde. Por erro de avaliação, algumas boas ideias podem vir a morrer na praia.
4º- Não deixaria criar uma imagem tão contrastante entre o Professor e o Politico, em desabono sobretudo para aquele (o Professor).
5º- Não deixaria instalar a imagem de apatia, de desgoverno e até de cumplicidade que tende a dominar os nossos serviços de saúde, em especial os HH SA;
6º- Daria uma mensagem clara de moralização do sistema de saúde dizendo nomeadamente que iria mudar o sistema de nomeação (de remuneração e de composição) dos órgãos dirigentes e em que sentido o iria fazer;
7º- Cuidaria em saber porque razão a ideia que se tem é a de que não existe ainda uma Política de Saúde bem definida, parecendo verificar-se um tactear constante (às vezes ziguezagueante) à procura de uma Política;
8º- Procuraria fundamentar com mais consistência as vantagens nas Parcerias e avaliaria o custo-benefício da transformação dos SA em EPE (a única que vejo, a curto prazo, é a de poder substituir os CAs de LFP, sobretudo aqueles afrontosamente políticos, que ainda faltam substituir a outra é política, mas parece pouco relevante)
9º- Não abriria, neste momento, outra guerra com os prestadores de MCDT, baixando as tabelas de preços que já não são revistas há anos e em alguns casos já estão quase abaixo de custo. Não só não parece honesto, como irá contribuir ainda mais para um abaixamento acentuado da qualidade dos exames. Se antes se dizia que o sector privado parasitava o SNS, em que medida é que agora não irá o SNS parasitar o sector privado? Se o Estado faz uma convenção com o sector privado é vice-versa é porque existem vantagens mútuas nessa convenção. Forçar pactos leoninos, que vão penalizar sobretudo os pequenos prestadores é anti-socialista e mais do que isso não parece sério.
Senhor Ministro era bom arranjar uma task force política no Ministério. As boas decisões, também económicas, na maior parte dos casos são/devem ser também, boas decisões políticas.
Vivóporto (link)
1º- Não incluíria no discurso de tomada de posse do Governo a referência à venda livre de medicamentos. Arranjou uma carga de trabalhos desnecessária. Poderia ter levado na mesma a água ao moinho mas sem os anti-corpos que a partir daí arranjou com a ANF. Esta guerra que vai certamente vencer por ter maioria absoluta não irá deixar de lhe trazer sérios problemas políticos e pessoais. Chamam-se a isso uma «Vitória à Pirro!»
A continuação da guerra em campo aberto como está a ser feito, acrescida agora com nova batalha (a da liberalização das Farmácias) vai causar mais baixas políticas do que ganhos. E quanto aos ganhos económicos, vamos ver!
CC, arrisca-se a ficar na história como o Ministro das Farmácias e do Medicamento o que irá ser redutor da sua imagem como estadista porque acreditamos que outras coisas importantes irão ser feitas.
2º- Teria uma estratégia cuidada das nomeações políticas a efectuar. A falta notória de estratégia nota-se no modo atabalhoado como foram feitas algumas nomeações (INFARMED, ERS, Comissão da Luta contra a SIDA, SPTT, p. ex.) ou no modo como não foram feitas substituições politicamente relevantes e indispensáveis: do Alto-comissário para a Saúde, do Director-Geral de Saúde, dos CAs dos HH SA (entre a total ingenuidade e o suicídio político!), etc. Não está em causa o valor das pessoas, até podem ser competentes, está em causa que são lugares de confiança política; a manutenção de pessoas identificadas com a política de saúde anterior, assume por isso um claro significado político. Que é a de dar a ideia de continuidade da política do seu antecessor. Embora eu não tenha dúvidas de que assim é, pelo menos deveria ter havido um pouco mais cuidado com as aparências. Porque, como já aqui foi dito, em política o que parece é!
3º- Faria uma avaliação cuidada dos meios (nomeadamente, os meios humanos) para levar a cabo a sua política de saúde. Por erro de avaliação, algumas boas ideias podem vir a morrer na praia.
4º- Não deixaria criar uma imagem tão contrastante entre o Professor e o Politico, em desabono sobretudo para aquele (o Professor).
5º- Não deixaria instalar a imagem de apatia, de desgoverno e até de cumplicidade que tende a dominar os nossos serviços de saúde, em especial os HH SA;
6º- Daria uma mensagem clara de moralização do sistema de saúde dizendo nomeadamente que iria mudar o sistema de nomeação (de remuneração e de composição) dos órgãos dirigentes e em que sentido o iria fazer;
7º- Cuidaria em saber porque razão a ideia que se tem é a de que não existe ainda uma Política de Saúde bem definida, parecendo verificar-se um tactear constante (às vezes ziguezagueante) à procura de uma Política;
8º- Procuraria fundamentar com mais consistência as vantagens nas Parcerias e avaliaria o custo-benefício da transformação dos SA em EPE (a única que vejo, a curto prazo, é a de poder substituir os CAs de LFP, sobretudo aqueles afrontosamente políticos, que ainda faltam substituir a outra é política, mas parece pouco relevante)
9º- Não abriria, neste momento, outra guerra com os prestadores de MCDT, baixando as tabelas de preços que já não são revistas há anos e em alguns casos já estão quase abaixo de custo. Não só não parece honesto, como irá contribuir ainda mais para um abaixamento acentuado da qualidade dos exames. Se antes se dizia que o sector privado parasitava o SNS, em que medida é que agora não irá o SNS parasitar o sector privado? Se o Estado faz uma convenção com o sector privado é vice-versa é porque existem vantagens mútuas nessa convenção. Forçar pactos leoninos, que vão penalizar sobretudo os pequenos prestadores é anti-socialista e mais do que isso não parece sério.
Senhor Ministro era bom arranjar uma task force política no Ministério. As boas decisões, também económicas, na maior parte dos casos são/devem ser também, boas decisões políticas.
Etiquetas: Vivóporto
3 Comments:
Caro Vivóporto.
Agradecemos que link o Vivóporto do final do post.
Trata-se de uma pequena homenagem do pessoal benfiquista da SaudeSA ao Vivóporto e à vitória do grande FCP sobre o Inter, carago.
Começo pelo fim: Vivóporto, carago. Vamos ver se o Dragão entra em definitivo no rumo do título.
Quanto ao texto de reflexão sobre o que fez e não fez CC estou de um modo geral de acordo.
São evidenciados, claramente, alguns erros e outras tantas limitações existentes na área da Saúde.
O problema não é só de CC. O problema é da equipa. Acho que CC tem sede de protagonismo e procura mostrar-se para dar ideia de que grandes coisas estão a ser feitas. E o que sentem aqueles que acompanham o dia-a-dia do sector? A existência efectiva de um zig-zag, de um retrocesso em relação à dinâmica imprimida por LFP. Com erros? Talvez! Mas havia dinamismo e os profissionais e responsáveis sentiam que o sector estava a mexer. Sobretudo no domínio hospitalar. E não era só nos SA's pois também os SPA's iam dando importantes passos no sentido de uma gestão mais responsável.
Podem muitos discordar dos SA's mas que os mesmos viviam um forte movimento de mudança, disso não tenhamos dúvidas.
Estou em desacordo com a ideia de que as mudanças de responsáveis devam ser feitas por razões de "confiança política". Esse argumento tem sido (sempre) utilizado para justificar mudanças. Na verdade do que se trata é de arranjar colocação para militantes partidários (quase sempre) e primos, tios e afilhados (algumas vezes). Penso que raramente se encontra um alto dirigente da Administração Pública que não zele pelo cumprimento das orientações do Governo, qualquer que seja o partido no poder. E muito menos quando se trata de Órgãos Colegiais. As Políticas Públicas prosseguidas pelos Governos PS e PSD nunca serão muito divergentes e por isso, passadas as fases de campanhas eleitorais, como o demonstra o nosso passado, retomam-se geralmente as principais linhas da governação dita de "bloco central".
As mudanças por incompetência devem por sua vez ocorrer sem hesitações. É evidente que a dança de cadeiras quase sempre cria pontos mortos e descontinuidades na evolução das organizações e não raras vezes se verifica o ditado "depois de mim virá, quem de mim bom fará".
Caro Vivóprto, a simpatia não é só benfiquista. Neste blogg pelo menos somos dois portistas. Poucos...mas bons (sem ofensa para ninguém, obviamente).
Quanto a esta nossa apreciação sobre as nomeações de confiança política, diria que me parece que até estaremos de acordo. Com efeito o que se mistura, e muito, é a ideia de lugares de confiança política com lugares (de exigência) de competência técnica (conhecimento, liderança, honestidade, ectc.).
E assim chegaríamos aos hospitais. Será que os lugares de Administração/Gestão são de confiança política? E outros lugares da AP em instituições como as da Segurança Social, das Obras Públicas, dos Transportes, ect? Não são lugares de execução de políticas, mais do que de Apoio ao Governo na definição dessas políticas?! Ora sendo estas Instituições/Serviços essencialmente prestadores de serviços aos utentes e de produção de bens a Tutela mais não tem do que fixar objectivos aos respectivos gestores e proceder, atempadamente, à avalição dos resultados, podendo então (como já pode) substituir aqueles que não sejam capazes de atingir os resultados programados. Enfim, fixam-se os objectivos, determinam-se os meios, estabelecem-se "compromissos" e como se diz: os contratos livremente celebrados devem ser cumpridos (salvaguardadas razões impeditivas de força maior).
O que de todo não faz sentido é que, de cada vez que muda o Governo ou o titular da pasta haja "vassourada" antes mesmo de se conhecerem os titulares dos cargos e de os ouvir.
Creio que ganhava o país e os cidadãos com outra forma de governar. Se não acabarmos com isto é evidente que atrás de uma vassourada virá outra, outra, e outra e, infelizmente, até o espírito de vingança tem lugar!
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