Reforma Cuidados Primários
GH: Está a dizer que é preciso fazer uma triagem mais restrita das pessoas que recorrem aos Centros ?
LP: Nós não fazemos Medicina organizada, programada, nem nos hospitais nem nos Centros de Saúde. A maioria das consultas faz-se nos Serviços de Urgência Hospitalares e de Cuidados Primários. O número de SAP´s, CATUR´s que apareceram e cresceram como cogumelos – que são uns consumidores de recursos – não pode continuar !
O Centro de Saúde tem de estar reorganizado de uma maneira que responda às necessidades de vários grupos: as necessidades de um adolescente não são as mesmas de um executivo ou de uma pessoa que está reformada.(link) Entrevista Luís Pisco
LP: Nós não fazemos Medicina organizada, programada, nem nos hospitais nem nos Centros de Saúde. A maioria das consultas faz-se nos Serviços de Urgência Hospitalares e de Cuidados Primários. O número de SAP´s, CATUR´s que apareceram e cresceram como cogumelos – que são uns consumidores de recursos – não pode continuar !
O Centro de Saúde tem de estar reorganizado de uma maneira que responda às necessidades de vários grupos: as necessidades de um adolescente não são as mesmas de um executivo ou de uma pessoa que está reformada.(link) Entrevista Luís Pisco
GH: Mas essa reorganização funcionará em que termos ?
LP: Neste momento não existe trabalho em equipa, que terá de ser promovido. Primeiro, pelo redimensionamento dos centros de saúde. Hoje são demasiado grandes, têm demasiada gente, estão habitualmente na periferias das cidades. Num país como a Holanda, encontram-se Centros de Saúde com seis, sete médicos, quer no centro das cidades, quer nas povoações, portanto, próximo das pessoas.
GH: Uma das possibilidades é encerrar os Centros de Saúde maiores e abrir mais pequenos ?
LP: Eu não disse isso. Primeiro temos de parar o pipe-line. Haverá um conjunto de centros para construir, nos mesmos moldes, que é desejável que o não sejam.
GH: Os que estiverem em projecto param ?
LP: Exactamente. Não poderão avançar mais Centros de Saúde desse tipo. Depois há os que precisam de obras, remodelações. Estas terão de ser feitas segundo uma nova filosofia de espaços, mais pequenos, mais agradáveis, mais tranquilos, mais humanizados. Haverá, no futuro, casos em que se pode reorganizar funcionalmente centros já existentes, com maneiras artificiais de dividir os grupos em vez de 40 médicos, fazer 3 ou 4 grupos com orientações e aspectos visuais diferentes, de maneira que os doentes saibam qual é o seu núcleo. Esta subdivisão em grupos mais pequenos é importante pela sua capacidade de resposta. Se queremos que a resposta não seja dada nos serviços de urgência e como os médicos não trabalham 24 horas por dia, se eu estou de manhã e o meu doente vem de tarde, haverá um colega meu que poderá dar essa resposta à tarde. Os doentes não estão designados a um médico mas a um grupo, que lhes dará uma resposta colectiva.
Isto tem a ver também com a mudança de remuneração e o sistema de incentivos. Há imensos exemplos e, nos locais onde é pago por ordenado fixo, existe o tipo de problemas que nós temos. É óbvio que o pagamento por acto tem também perversidades e dificuldades. É preciso encontrar uma solução intermédia, premiando a quantidade e a qualidade do trabalho.
LP: Neste momento não existe trabalho em equipa, que terá de ser promovido. Primeiro, pelo redimensionamento dos centros de saúde. Hoje são demasiado grandes, têm demasiada gente, estão habitualmente na periferias das cidades. Num país como a Holanda, encontram-se Centros de Saúde com seis, sete médicos, quer no centro das cidades, quer nas povoações, portanto, próximo das pessoas.
GH: Uma das possibilidades é encerrar os Centros de Saúde maiores e abrir mais pequenos ?
LP: Eu não disse isso. Primeiro temos de parar o pipe-line. Haverá um conjunto de centros para construir, nos mesmos moldes, que é desejável que o não sejam.
GH: Os que estiverem em projecto param ?
LP: Exactamente. Não poderão avançar mais Centros de Saúde desse tipo. Depois há os que precisam de obras, remodelações. Estas terão de ser feitas segundo uma nova filosofia de espaços, mais pequenos, mais agradáveis, mais tranquilos, mais humanizados. Haverá, no futuro, casos em que se pode reorganizar funcionalmente centros já existentes, com maneiras artificiais de dividir os grupos em vez de 40 médicos, fazer 3 ou 4 grupos com orientações e aspectos visuais diferentes, de maneira que os doentes saibam qual é o seu núcleo. Esta subdivisão em grupos mais pequenos é importante pela sua capacidade de resposta. Se queremos que a resposta não seja dada nos serviços de urgência e como os médicos não trabalham 24 horas por dia, se eu estou de manhã e o meu doente vem de tarde, haverá um colega meu que poderá dar essa resposta à tarde. Os doentes não estão designados a um médico mas a um grupo, que lhes dará uma resposta colectiva.
Isto tem a ver também com a mudança de remuneração e o sistema de incentivos. Há imensos exemplos e, nos locais onde é pago por ordenado fixo, existe o tipo de problemas que nós temos. É óbvio que o pagamento por acto tem também perversidades e dificuldades. É preciso encontrar uma solução intermédia, premiando a quantidade e a qualidade do trabalho.
Luís Pisco- entrevista à GH, Set 2005.
2 Comments:
Para Barbara Starfield, há quatro elementos fundamentais nos Cuidados Primários de Saúde:
1 - First Contact Care and Gatekeepers (Cuidados de primeiro contacto e gatekeepers);
2 – Longitudinality (Longitudinalidade);
3 – Comprehensiveness (Globalidade);
4 – Coordination /integration – Coordenação/ Integração.
O LP diz que os médicos de família já não são Gatekeepers
Em que é que ficamos ?
O link do referido trabalho é acessível na coluna da direita da SaudeSA.
Nos países em que a medicina familiar está mais avançada assiste-se à progressiva redução da “solo practice” e à formação de grupos e de equipas (“group practices” e “family health teams”) como resposta aos complexos desafios que se colocam actualmente aos CSP. A experiência portuguesa dos últimos 30 anos conduziu à conceptualização das USF, enquanto modelo organizativo de trabalho em equipa em saúde pessoal e familiar. Baseiam-se na medicina geral e familiar, disciplina com cerca de 20 anos de tradição no país, e na enfermagem de família, área prática e disciplina emergente que terá um impulso decisivo com a nova organização dos CSP. As USF devem, assim, ser consideradas as unidades elementares da vertente de prestação de cuidados individuais e familiares dos CSP. 1. As USF devem obedecer a um conjunto comum de características qualquer que seja o modelo de gestão e a sua natureza jurídico-funcional; assim poderão coexistir USF totalmente públicas, com USF sob a forma de cooperativas ou ainda sob gestão de Instituições Privadas de Solidariedade Social, Autarquias ou Entidades Privadas;
• equipas multiprofissionais auto-organizadas;
• sistema de informação (gestão do utente, administrativa, clínica e de desempenho);
• autonomia organizativa, funcional e técnica com estatuto análogo ao dos CRI desenvolvido no DL n.º 374/99, de 18 de Setembro (centro de resultados e custos);
• sistema retributivo misto (base/carreira e capitação ajustada) para os profissionais que premeie igualdade de acesso, o desempenho individual para a eficácia e eficiência e qualidade do sistema;
• outros incentivos que tenham como objectivo apoiar e estimular o desempenho colectivo dos profissionais da USF, tendo em conta os ganhos de eficiência conseguidos, dos quais, uma parte, para reinvestimento na própria USF;
• contratualização baseada numa carteira de serviços básica e adicional (opcional);
• integração em rede com as outras unidades no CS.
2. Um projecto de USF deve incluir:
• constituição de equipa multiprofissional, com indicação do coordenador;
• população abrangida;
• compromissos relativos aos objectivos de desenvolvimento:
a. carteira de serviços:
b.modelo de acessibilidade;
c. plano de actividades, incluindo a formação contínua de todos os profissionais;
d.horário de funcionamento;
• regulamento interno da USF;
• sistemas de informação a usar (hardware e software);
• instalações e equipamentos (projecto de investimento, se necessário).
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