quinta-feira, novembro 17

CC - Cavaco Cilva ?


O pior do cavaquismo está de volta !
Muito ampliado.
Com Cavaco, os médicos passaram a ser inimigos públicos. O resultado está a vista, a desacreditação dos médicos apenas redundou no aumento das desconsiderações dos utentes pela classe médica, na indução da violência contra os médicos, em particular, e os profissionais de saúde, em geral. A Saúde nada lucrou com isso. A repescagem desta postura alargada a muitos outros sectores da saúde (farmacêuticos, prestadores de serviços na área dos MCDT, funcionalismo público dos serviços de saúde) começa a estar à vista: a violência aumenta também para o lado das Farmácias. Como esta política não é apenas de CC mas de todo o Governo, cabe perguntar onde nos levarão as desconsiderações e as desautorizações que estão a ser feitas aos professores, aos polícias, às forças armadas, aos magistrados, aos funcionários públicos. Mais violência nas escolas, nas ruas, no país em geral, nos tribunais. O Governo parece não se dar conta de que está a brincar com o fogo. É tempo de reflectir. Maioria absoluta em democracia não deve ser sinónimo de autoritarismo.
E esta violência pode ser induzida mesmo do lado dos prestadores, agravando-se assim a crispação da sociedade no seu todo. Isto é perigoso.
«Toute organisation (quelle qu’en soit la nature) est génératrice de contraintes sûr les éléments qui la composent par les règles d’inclusion auxquelles elle se soumet. Selon un principe bien connu, ces limitations opposent à l’action une réaction. C’est l’intention de remaniements imposés à chaque élément, à chaque individu de la structure par son organisation, notamment s’ils augurent de l’atteinte de leur intégrité, voire de leur destruction (physique ou symbolique), qui va d’ abord caractériser l’aspect agressif et violent de l’action, et en suite déclencher la réaction de préservation et en déterminer l’ intensité» (DESTREM, Hugues, «De la violence du management au management de la violence», Gestions Hospitalières, Décembre 2002, pág. 771-779)
Vivóporto

7 Comments:

Blogger ricardo said...

Sindicatos dos médicos divididos sobre a situação de clínicos nos hospitais

DE com Lusa



Os sindicatos médicos uniram-se hoje na indignação contra as acusações do ministro da Saúde de impedirem alterações à distribuição dos clínicos nos hospitais, mas têm leituras diferentes quanto à real situação destes profissionais nas unidades hospitalares.

Enquanto o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirmou estar "rigorosamente de acordo" com o ministro da Saúde sobre a existência de um número excessivo de médicos nos hospitais, a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) chamou a atenção para uma "carência de clínicos na generalidade dos serviços públicos".

Numa entrevista à estação de televisão SIC-Notícias, o ministro da Saúde, António Correia de Campos, considerou uma "vergonha nacional" o elevado número de médicos em alguns hospitais e deu como exemplo o número de oftalmologistas que trabalham no Hospital dos Capuchos, em Lisboa.

Correia de Campos reconheceu, no entanto, que não é fácil resolver a situação porque existem "carapaças jurídicas" que impedem a tutela e as administrações dos hospitais de acabar com o problema.

"Há uma carapaça jurídica que impede a administração e o Governo de actuar directamente nesta matéria e que é alimentada pelos movimentos sindicais, pelos profissionais (do sector) e pelos interesses corporativos", afirmou o ministro.

Correia de Campos falava horas depois de ter afirmado que existem médicos e enfermeiros entre os funcionários que considera excedentários do sector.

Para Mário Jorge Neves, da direcção da FNAM, as afirmações do ministro são "ridículas", na medida em que 75% dos médicos dos hospitais e centros de saúde vão entrar na idade da reforma dentro de dez a doze anos "e não vão ser supridos pela capacidade formativa das faculdades de Medicina".

"Há uma ruptura anunciada na capacidade de resposta [dos serviços de saúde] às populações por falta de clínicos, sublinhou o sindicalista.

Embora admita que "um ou outro serviço hospitalar possa ter gente a mais", Mário Jorge Neves preferiu destacar que as "disfunções no atendimento" que se verificam em alguns hospitais são "um problema de organização e de avaliação dos serviços", e não resultantes de um número excessivo de médicos.

Já o secretário-geral do SIM, Carlos Arroz, manifestou-se de acordo com as declarações de Correia de Campos sobre o número excessivo de médicos em alguns hospitais, embora se afirme "indignado" com as declarações do governante sobre os sindicatos.

"Não lhe admito que publicamente invoque os sindicatos como mecanismos de bloqueio", quando o "SIM andou dois meses a mendigar reuniões para discutir alterações à mobilidade dos médicos", explicitou Carlos Arroz.

O sindicalista salientou que o SIM anda "há 15 anos e há dez ministros da Saúde" a chamar a atenção para o facto de "cada vez existirem mais médicos nos hospitais e menos nos centros de saúde".

Segundo o dirigente do SIM, em cada quatro médicos portugueses, três exercem nos hospitais e um nos centros de saúde, quando na maioria dos países europeus sucede o inverso.

Carlos Arroz lembrou ainda que a actual equipa do Ministério da Saúde fez publicar em 2001, quando desempenhou as mesmas funções no governo liderado por António Guterres, uma carta da Urgência e Emergência do país, que estabelecia em 33 o número de urgência necessárias em Portugal.

"Temos 77 urgências", frisou, questionando "porque é que a equipa [do Ministério da Saúde], que é a mesma, ainda não aplicou [o documento]?".
Diário económico 17.11.05

11:03 da tarde  
Blogger tonitosa said...

CC assume-se como um antêntico "guerrilheiro". Ataca, de surpresa e quando menos se espera. Depois da guerrilha (ou guerra) contra a ANF, resolveu lançar um rocket sobre o pessoal administrativo dos Hospitais e em especial sobre os trabalhadores do HSM. Agora, (será que leu o meu comentário de há alguns dias) depois de fugir-a-sete-pés dos médicos durante todo o tempo que já leva neste governo, resolveu atacar de surpresa e vai daí, um primeiro bombardeamento sobre os oftalmologistas do H. Capuchos (que afinal já não são só dos Capuchos). Mas nem os utentes escapam a este autêntico "Guevara"!
Com efeito está montada a "armadilha" do aumento das taxas moderadoras e da sua diferenciação.
Com todas estas medidas é caso para perguntarmos: para que quer CC um orçamento da Saúde tão gordo?
Será para suportar os incentivos que hão-de por os profissionais a trabalhar?!
Dito isto, não temos dúvidas de que há muito a fazer nesta matéria de produtividade. Um hospital com cerca de 40% das camas de cirurgia vagas diariamente é, naturalmente, um mau exemplo do aproveitamento dos recursos existentes. E as justificações não são convincentes. Não pode aceitar-se que os cirurgiões apenas operem, fora da urgência, ou seja em ambulatório, escassas quatro horas por dia. Até podem dizer-nos que cumprem o seu horário mas, porque não estabelecer horário desfazados, capazes de permitirem um melhor aproveitamento do Bloco Operatório?
Porque hão-de os médicos estar, no hospital, todos apenas da parte da manhã ficando o restante tempo apenas com os clínicos em serviços de urgências.
Discute-se também a questão de uma inadequada distribuição dos médicos nomeadamente entre os Centros de Saúde e os Hospitais. E ao que tudo indica os Centros de Saúde terão falta de médicos(?). Porque razão há médicos dos Centros de Saúde que vão trabalhar nos Hospitais em regime de acumulação e trabalho extraordinário? Porque não fazem essa horas nos seus locais de trabalho?!
Terá o país falta de médicos? esta é outra pergunta recorrente e onde parece, também, não haver unanimidade.
De acordo com a OCDE (in Simões, Jorge, Retrato Político da Saúde) Portugal tinha no ano 2000 um rácio de 3,2 médicos por mil habitantes, valor um pouco inferior ao de Espanha e igual ao da Holanda e suoerior à média dos países da OCDE (2,9).Com um rácio maior que o de Portugal aparecem países como a Grécia, Itália, Bélgica, Suiça, Dinamarca e Alemanha, entre outros. No lado oposto encontram-se, entre outros, a Suécia, a Noruega, os EUA, a Irlanda e o Reino Unido. Repare-se no entanto que, em todos estes países, os problemas e as discussões em torno dos gastos com a Saúde existem. Como é evidente os gastos em saúde não são apenas os relativos a salários dos médicos. Com a relatividade que estas comparações sempre apresentam, não se pode afirmar, julgamos, que Portugal seja um país com carência de médicos. Sabemos que os mesmos, coitados(?), a partir dos 50 anos já têm limitações. Já não pdem fazer bancos, etc.. Mas podem trabalhar muitas horas nas clínicas particulares e podem até ter consultórios em vários locais e pontos do país. Claro, o cansaço não pode deixar de ser muito!
Honra seja feita porém aos médicos que ainda fazem da sua profissão um autêntico acto de amor ao próximo e mesmo de coragem, trabalhando muiats vezes em condições de risco elevado.
CC não deveria, a nosso ver, meter tudo no mesmo saco!

12:35 da manhã  
Blogger xavier said...

Efectivamente o post e o comentário do vivóporto e o comentário do tonitosa são dos melhores textos que se produziram na SaudeSA.

Faço minha a apreciação do vivóporto aos últimos comentários do tonitosa.

Sempre infatigável, por vezes fustigado por críticas severas, tem dado uma lição como se luta corajosamente contra a adversidade.
Tecnicamente os seus textos têm vindo sempre a subir de qualidade.

Podemos dizer que temos um quadro de honra de comentadores:
Vivóporto - AH (é mais do que um comentador. É um colaborador residente e autor dos melhores posts que se publicaram na SaudeSA).
Tonitosa- um colaborador incansável com uma perpectiva crítica, hoje indispensável à SaudeSA.
Lisboaearredores - com textos espaçados mas de grande valia técnica e oportunidade (ao nível dos melhores)
Avelino - sempre com o seu humor insuperável e a sagacidade das suas análises.
Claragomes- penso que médica do SNS,dos comentadores mais antigos, sempre com boas intervenções, que recentemente me enviou um mail a queixar-se que a SaudeSA não postou ainda nenhum dos seus comentários na página principal.
Ricardo - AH, Colaborador desde os primeiros tempos, sempre com qualidade.
Alrazi- um comentador mais recente com intervenções de qualidade,
Santamaria - comentador também recente, com comentários espaçados mas certeiros.
xico - o grande expert da logistica. Não será o mesmo que publicou o artigo na GH ?
Joaopedro- AH, também um incansável colaborador com textos cheios de alma.

Temos ainda o drfeelgood, Anadias, Saudepe, Helena, Vladimiro, Paliteiro; jmt, Luís Oriente (ultimamente pouco activo), che (desaparecido em combate ?) Kmarx (idem).
Peço desculpa se me esqueci de algum.

10:05 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Obrigado ao Xavier e ao Vivóporto pelas referências pessoais que me fazem. Procurarei continuar a "vir a terreiro" e dar o meu contributo, fruto da minha formação académica e experiência profissional. Ainda e também como titular de direitos e deveres de cidadania e como alguém que procura estar atento à vida real.
Deixem-me que retribua: o Xavier é defacto o grande responsável pelo mérito do blogg, não apenas com a sua perspicácia para escolher os temas como também pelo enriquecimento da sua análise. E é também a ele que se deve a projecção do blogg (creio que na AR, CC ao referir bloggs sobre a saúde estava a pensar no Saude SA) pois soube resistir à pressão para adopção da censura (se calhar às vezes necessária!) o que permite o actual dinamismo. O Vivóporto (sem menosprezo pelos outros) apresenta análises sólidas, argumentação consistente e mais ainda medidas de melhoria (soluções). Um e outro não se ficam pela crítica (e criticar é sempre fácil!) e com eles acho que todos vamos aprendendo.
Um abraço aos companheiros "bloguistas".

11:03 da manhã  
Blogger xavier said...

Faltou-me referir o LM, AH, o mais antigo comentador da SaudeSA.
Infelizmente, zangou-se conosco depois do nosso anúncio de apoio à candidatura de Mário Soares.

Caro colega não leve a mal estas nossas fraquezas.
Tem tudo a ver com coisas do passado.
Quando Cavaco Silva foi primeiro ministro e Leonor Beleza ministra da Saúde, eu trabalhava no hospital de São José, com contrato a prazo (6 meses) renovável automaticamente caso não houvesse denúncia da entidade patronal.
Os meis filhos eram pequenos.
Depois de terem "desmontado" o Dr. Vasco Reis da Comissão Coordenadora dos Civis, puseram a chefiar o grupo um senhor vindo do IVA, não licenciado (o que até poderia não ter influência para o caso), militante do PSD, que começou a varrer todos os responsáveis que não pertenciam ao partido.
Assisti então às mais vis pulhices, perseguições, injustiças, cobardias e desonras.
Nem os meus dois anos de tropa na mata de Marrupa (Moçambique) foram tão dificeis.
Naqueles tempos havia grandes dificuldades, medo de morrer, ficar ferido ou decepado, mas havia honra. Confiança nos superiores e subordinados.

Depois disso viemos a conhecer o processo Costa Freire.
Uma vergonha.

Não é só por isto que eu nunca poderei apoiar o Cavaco Silva.
Sobre o seu reinado poderia contar muitas outras histórias de desonra e vergonha. Não é necessário.

Essencialmente, porque está na cara, Cavaco Silva vai voltar a contribuir para a infelicidade da maioria dos Portugueses e nada contribuirá para a resolução dos problemas dos portugueses, como aconteceu no passado.

Um abraço ao colega LM.

3:05 da tarde  
Blogger Clara said...

Apenas para lhe dizer que esse detalhe dos posts não tem qualquer importância.

Eu confio no Xavier.
E depois de ter lido este bloco de textos confirmei porque é que sinto prazer, talvez mesmo orgulho, em fazer parte deste "grupo de trabalho" da SaudeSA.

Independentemente das posições políticas de cada um, há espiritode corpo, competência, sensibilidade e gosto pelo que está a ser feito.
Arrisco o termo honradez, nobresa entre os comentadores que terçam comentários.

Lembro-me quando iniciei a minha aventura na blogosfera de ter lido um texto sobre a criação de blogs.
O primeiro conselho era ter algo para dizer.

Na SaudeSA há muito para dizer, muito tem sido dito, muito há para aprender e ensinar.

Acabei, sem querer, por fazer um balanço da minha experiência na Blogosfera.

Um abraço para todos os colegas comentadores da SaudeSA.

3:26 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Os meus parabéns ao Vivóporto pela lucidez da análise. Acertou na mouche e pouco mais haverá a dizer sobre a governação de CC (que vive destes episódios de guerrilha e, tal como o governo em geral, escolheu o ataque às classes profissionais como forma de actuação privilegiada). Francamente, é pouco para 9 meses de exercício governativo e é especialmente pouco se nos lembrarmos da qualidade técnica de alguns textos que CC publicou enquanto académico.
Não sei se este ataque aos médicos foi um tiro de pólvora seca ou o início de mais uma guerrilha sistematizada. No entanto, penso que será por aqui que CC vai cair: os médicos são uma classe muito mais influente que os farmacêuticos e não têm quaisquer problemas em tomar medidas drásticas como por exemplo as greves.
PS - Muito obrigado pela citação ao meu comentário anterior, que muito me honra, dada a qualidade deste blogue.

5:20 da tarde  

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