sexta-feira, novembro 18

The Day After


Aberta a nova frente de combate, aí temos a imprensa de hoje a ampliar o ataque desferido por CC contra o serviço de oftalmologia do Hospital de Santo António dos Capuchos.
A "boca" do ministro terá sido largada despreocupadamente de acordo com o seu perfil outspoken ou obedecerá a um plano estratégico, devidamente amadurecido, de ataque ao "poder médico" ?
A resposta a esta questão pouco importa para o caso.
O certo é que vamos assistir, nas próximas semanas, ao lavar da roupa suja, sobre a ineficiência do nosso sistema de saúde, na praça pública.
A novidade é o presidente da APAH, Manuel Delgado, aparecer a comentar estas matérias como se fosse porta voz do ministro da saúde.
Para MD "Os números revelam que o problema não é a falta de médicos mas de ineficiência de todo o sistema. Em Portugal, o número de médicos por habitante é superior ao da média europeia. O problema é que esses médicos acumulam o trabalho no público com a clínica privada de forma descontrolada e há uma má distribuição de clínicos, quer geográfica quer de especialidade. É uma questão estrutural de funcionamento do sistema e de ausência de planeamento.”
O que foi feito nos últimos anos para ultrapassar estas ineficiências ? O que pretende fazer CC ? MD, nada adianta.
Concordamos com a análise do Dr. Manuel Delgado. CC não faria melhor. Antes pelo contrário, como ficou comprovado pela sua colossal gafe dos 59 médicos atribuídos ao serviço de oftalmologia do hospital dos Capuchos.

4 Comments:

Blogger helena said...

A solução para estas ineficiências do sistema de saúde construídas, pacientemente, ao longo de anos e anos pelos burocratas de serviço para servir interesses das classes corporativas deve ser encontrada na implementação de medidas como a alteração do sistema de remuneração.

A agressão na praça pública aos profissionais da saúde, só serve para criar ódios de estimação e emperrar o processo de reforma da saúde.

CC não pode enveredar pela política de fuga para a frente.
Os hospitais não trabalham sem médicos. As perversões do sistema devem ser combatidas com medidas acertadas e com bom senso.

5:26 da tarde  
Blogger tonitosa said...

MÉDICOS e PRODUTIVIDADE
O colega Santa Maria refere num dos seus comentários a falta de cumprimento de horário dos médicos como um dos cavalos de batalha de MD.
É matéria com a qual de um modo geral concordo, ainda que se deva reconhecer que há excelentes exemplos de médicos cumpridores dos seus deveres e que vão para além da assiduidade e pontualidade.
Mas na verdade, tanto quanto julgamos conhecer, em nenhum dos nossos hospitais se encontra implementado um registo fiável de presenças e pontualidade.
E pode dizer-se que, nesta matéria os estabelecimentos de saúde, em geral e os hospitais em particular não cumprem a lei.
Com efeito nos serviços públicos com mais de 50 trabalhadores é obrigatória a existência de um registo de assiduidade e pontualidade automático ou mecânico(DL 259/98 de 18 de Agosto, art. 14º, nº 4), salvo se houver despacho de excepção (que creio não existir).
Pois bem, o que se verifica é que tentativas (velhas e recentes) de implementação dos mais modernos sitemas de registo têm sido repudiadas pelos médicos e pelas suas organizações de classe. Consideram mesmo ser uma ofensa a introdução de sistemas automáticos e fiáveis como o registo biométrico. Alegam a falta de garantia da privacidade dos dados pessoais e defendem (não obviamente por ignorância) que o registo de uma impressão digital (que tecnicamente o não é) pode ser reversível (o que também não é) e ser utlizada para fins diversos e ilegítimos.
Preferem obviamente as tradicionais folhas de presença e não é para eles ofensivo assinar essas mesmas folhas. Porquê? Todos o sabemos e os próprios também.
E acontece até que os dirigentes intermédios (directores de serviços e outros) em reuniões de trabalho se colocam do lado dos que defendem a não introdução de sistemas informatizados e automáticos, mas à boca pequena, não deixam de referir que seria para eles uma forma de não terem que assumir posições incómodas para com os "não-cumpridores". E os médicos que rejeitam os modernos sistemas acham, curiosamente (ou talvez não) que podem e devem ser implementados para outros grupos profissionais, mas não para eles.E não percebem, ou não querem perceber, que o recurso à tradicional folha de ponto é burocrático e ineficaz e custa caro aos serviços, contribuindo mesmo para atrasos nos pagamentos nomeadamente de trabalho extraordinário.
Esta posição teria certamente uma outra abordagem se os Dirigentes máximos dos serviços, pelo menos uma ou outra vez fizessem recolher aos seu gabinetes as ditas folhas de ponto, decorrido o período normal da sua assinatura. Acredito que seriam encontradas inesperadas surpresas. Falta-lhes, porém, a coragem e por isso vão pactuando com situações menos claras.E ouve dizer-se que há médicos que vão ao hospital apenas para deixar o carro estacionado, seguindo para outro locais de trabalho.
Quando aos meus 18 anos comecei a trabalhar, por sinal numa empresa privada, também eu assinava a folha de ponto, sempre na secretária do chefe e religiosamente por este recolhida às 8 e às 14 horas. pelo que qualquer atraso tinha sempre que ser justificado. As coisas mudaram e ainda bem. Mas, soi dizer-se, nem oito...nem oitenta. E o casaco pendurado nas costas da cadeira também não significa presença e muito menos trabalho efectivo! Mesmo quando pertence aos mais altos reponsáveis da organização.
Pessoalmente, não sou defensor de sistemas rígidos e acho mesmo que o ideal seria uma distribuição do trabalho que permitisse que cada trabalhador tivesse o seu horário específico (salvaguardadas as reais necessidades de funcionamento dos serviços e dos doentes). Com um adequado sitema de registo de presenças seria então pssível uma flexibilização de horários obrigando-se ao cumprimento de cargas de trabalho distribuídas por períodos mais alargados. E neste caso, as horas de trabalho a mais realizadas seriam sempre objecto de compensação (em dias de férias ou em numerário) dele beneficiando, sobretudo os cumpridores.
O registo de assiduidade e pontualidade (com a flexibilidade admissível), poderá ser colmatado com um adequado sitema informático de Gestão de Doentes, capaz de permitir saber quem fez o quê e quando. Sistema, aliás indispensável a um adequado sistema remuneratório complementado pelo mérito e desempenho. Indispensável ainda a um verdadeiro sitema de custeio e de contabilidade analítica.
Mas não teremos ainda aí, e então, resistências à mudança?!
Quem tem coragem de alterar o sitema?
Termino deixando o meu testemunho pessoal, e porque não é demais referi-lo, de que também nesta matéria os profissionais (médicos e não-médicos) não devem ser metidos todos no mesmo saco.

2:03 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Ao joaopedro
Meu caro amigo, errar é humano e tal como você me parece admitir, também eu certamente errei. Conscientemente, porém, permita-me que volte a referir, entrei neste blogg de boa-fé. Expressando a minha opinião sem pretender pôr em causa quer quer que seja em termos pessoais. Pensei que também eu podia contribuir para um debate sério dos temas tratados, naturalmente de acordo com a minha experiência e os meus pontos de vista.
Aceite pois, e sem mágoa, a retribuição do abraço que me dirigiu.

2:19 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Do meu comentário não resulta a defesa de um sitema de controlo incompativel com a "liberdade de escolha de horaário que cada um julgue mais adequado" tendo presentes as necessidades dos utentes e de trabalho em equipa.
E o casaco nas costas da cadeira ate´pode ter paralelo na cefaleia!
No entanto não sejamos como os "maridos" ingénuos. E as cefaleias podem até ser um bom motivo para "ida à urgência" mas certamente que a taxa moderadora será agravada.

5:21 da tarde  

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