sábado, dezembro 3

Comunicação das Empresas

hospital Amato Lusitano

Todos sabemos quanto importante é a comunicação nas empresas.
Nas instituições de saúde assume particular dificuldade dada a característica especial destas entidades formadas por grupos profissionais muito heterogéneos com interesses diferenciados e formas de leitura e interpretação das mensagens muito particulares.
Determinado C.A. pode desenhar um bom plano de negócio, mas se não conseguir transmití-lo aos destinatários, estará comprometido todo o seu objectivo. E quem fala de um "business plan", fala de coisas mais simples, como instruções sobre facturação, inventário, contabilidade analítica, recrutamento, aprovisionamento, formação, etc.
Com frequência os Conselho de Administração dos hospitais do SNS descuram os problemas da comunicação, isolando-se confinados aos seus gabinetes, alongando a cadeia de comunicação, tornando ineficaz o seu acesso aos diversos grupos profissionais.
Como é evidente, os Conselhos de Administração dos HH não devem ser autistas, devem saber comunicar e escutar, sentir o pulso dos seus colaboradores. Nunca por nunca devem deixar fechar o "pipeline" (como diria CC) da comunicação.

Vejo a criação da figura de Director-Geral do Hospital, basicamente, como uma boa ideia, pois poderá contribuir com o seu empenho para a melhoria da comunicação das empresas hospitalares, bem como dar melhor atenção aos problemas de fundo de resolução complexa, realizáveis a longo prazo.
Para uma comunicação eficaz nos hospitais e centros de saúde não basta a emissão dos habituais Boletins Informativos, Circulares, Ordens de Serviço. Há que completar esta informação com o poder da comunicação pessoal, com o poder da palavra, através da realização de reuniões periódicas e o contacto directo e informal com os diversos grupos profissionais. Pois, segundo um aforismo antigo: “A falar é que a gente se entende”.
Na gestão das empresas comunicar é preciso. Comunicar bem, com eficácia, é a alma do negócio. Nas instituições da Saúde esta função é tão necessária como complexa.
Mas senhor ministro, nas nomeação para os Conselhos de Administração dos Hospitais E.P.E. não confunda bons comunicadores com exímios manipuladores .
É que os manipuladores, regra geral, acabam por deixar de enganar passado pouco tempo.
Raven

4 Comments:

Blogger tonitosa said...

Gosto deste post! Submete à nossa reflexão um problema a que todos os manuais de gestão se referem. A comunicação formal e informal nas organizações não pode deixar de merecer grande atenção dos diversos actores. E é dos livros que a falta de comunicação formal favorece a comunicação informal, e particularmente o "boato". E também sabemos como na comunicação há que estar atento não apenas ao que se diz mas também ao que se ouve. Na comunicação há o emissor e o receptor e é bem conhecido aquele teste de uma cadeia de comunicação oral(transmissão) sequencial (indivíduo a indivíduo) onde a mensagem que chega ao destinatário é totalmente desvirtuada da mensagem original.
Nos HH o problema da comunicação assume, como noutras matérias, particularidades próprias. Desde logo pelas diversas culturas existentes no seio da organização, pela diversidade de interesses, pelas diferentes motivações e pela complexidade da organização. Trabalhadores em regime de simples prestação de serviços ou tarefa, diversidade de horários e mesmo "rivalidades internas" em nada favorecem a comunicação.
Por isso, a comunicação formal (escrita) torna-se importante mas muitas vezes é descurada a "circulação" dessa mesma informação. A informação ou não chega aos "trabalhadores" ou chega informal e tardiamente. E não há defacto uma cultura hospitalar (cultura da organização)mas sim "um caldo de culturas" onde muitas vezes são os interesses do grupo que se sobrepõem aos interesses gerais (do Hospital).
É importante que de forma regular o CA se reuna com os responsáveis dos diversos serviços (Macroestrutura) do Hospital mas são conhecidas as dificuldades de comunicação a toda a estrutura das decisões tomadas.
E é minha convicção que o Director Geral pouco poderá contribuir para a melhoria da comunicação nos HH.

2:45 da tarde  
Blogger ricardo said...

Parabéns ao Raven por este post.

Promover a realização de reuniões, deslocação aos serviços para contactar com os responsáveis, são medidas óbvias mas que são muitas vezes negligênciadas pelos Conselhos de Administração dos HH.
Preferem comportamentos arrogantes, a delimitação de campos de actuação: nós e os da oposição.
É evidente que com esta postura a dita oposição vai crescendo e a paciência para lidar com os elementos dos Conselhos vai-se rapidamente esgotando.

O diálogo permanente com todas as forças do hospital mesmo aquelas que não gostam de nós é indispensável.

Aqui é crucial manter o "pipeline" a funcionar sob pena de não conseguirmos qualquer eficácia relativamente às medidas que pretendemos implementar.

5:28 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Tenho a sensação de que, com alguma frequência os males da saúde nos HH são imputados, neste blogg, aos CA(?!)Será que existe alguma má vontade contra os dirigentes de topo dos HH? Ou será que os membros dos CA's são TODOS estúpidos.
Se for este o caso, sugiro que se abra aqui no Saúde SA uma lista de inscrições, onde cada um coloque o seu currículo e se candidate a membro de CA.
Será que na estrutura anterior (Director do Hsopital-Adm. Delegado-Director Clínico-Enf. Director) não se punham os mesmos problemas de comunicação e outros? Será que tudo era perfeito e deixou de o ser?
Concordo com Anadias mas a realidade hospitalar, com horários diferenciados e que variam, em relação a muitos profissionais, semana-a-semana (quando não dia-a-dia) tornam quase impossível a realização de reuniões com todos os profissionais envolvidos. Essas reuniões tendem a ser realizadas por "grupos" e, então, coloca-se o problema da interpretação.
A comunicação escrita (formal) tem que ser melhorada e a Intranet é certamente um bom caminho para se conseguir fazê-lo mas...também nesta matéria há ainda um longo caminho a percorrer. E ainda há quem pense que essa coisa dos computadores é só para alguns. E há até altos dirigentes que julgam que é desperdício investir em sistemas de comunicação.

12:16 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Realmente um trabalho limpo.
Parabéns ao autor.

3:09 da tarde  

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