sexta-feira, janeiro 27

Em defesa do SNS


CC, apela aos profissionais da Saúde
Em entrevista ao semanário económico (link) o ministro da saúde, António Correia de Campos, confessa-se empenhado em demonstrar que o nosso Serviço Nacional de Saúde é económicamente viável:
«A primeira solução (CC tem previsto um plano B), aquela que estamos a cumprir, é demonstrar que se pode gerir o SNS com os recursos que temos. Por isso, quero apelar a todos os profissionais que sentem que o SNS é uma coisa deles - do ponto de vista social, político e económico - da necessidade de estarem sintonizados com esta defesa. Caso contrário, o SNS não se aguenta» (1).

Para estudo da sustentabilidade financeira do SNS, CC vai nomear uma Comissão que contará com o apoio de uma entidade externa, a OCDE, "que tem um know-how muito respeitado sobre esta matéria". CC pensa ter a comissão constituída no final de Fevereiro para apresentar um relatório até ao final do ano .
(1) Os que não estiverem comigo estão contra o SNS.

7 Comments:

Blogger tonitosa said...

Estudos à parte, é minha convicção (intuição) que o SNS é viável e financeiramente sustentável. Não pode é ser ninho de oportunistas e parasitas que vivem dentro do próprio sistema e de muitos, que sendo exteriores, dele se aproveitam.
A Saúde e o SNS não podem estar ao serviço de alguns como forma de obtenção de elevados rendimentos sem relação com a sua contribuição para a produção e produtividade do sector.
Com efeito o que se verifica é que aqueles que trabalham na Saúde e para a Saúde obtêm, dum modo generalizado, rendimentos siginificativamente mais elevados do que outras classes profissionais. As farmácias e os laboratórios, as clínicas particulares e os profissionais médicos e de enfermagem obtêm elevados rendimentos quando comparados com outras empresas e outras profissões e enquanto se não alterar este estado das coisas, não haverá SNS que resista.
A Saúde não pode ser um negócio altamente lucrativo.
Há que ter coragem e acabar nomeadamente com a promiscuidade entre o exercício de funções públicas e funções privadas, que acabam por arrastar consigo todo um complexo processo de interesses dentro e fora do Sistema.
O Senhor Ministro da Saúde sabe, como nós sabemos, que há muitos e bons prifissionais dispostos a participar de forma honesta na reforma do SNS mas não pode deixar-se nortear por colocar em lugares chave apenas os que entende serem da sua confiança política. A competência e disponibiliadde devem ser critérios prevalecentes.
O processo interessa a todos e a todos deve mobilizar mas...não se fazem reformas contra as pessoas. Elas fazem-se com as pessoas e é errado que, quando titulares de funções, os nossos governantes frequentemente se esqueçam que o pode é efémero e que a alternância surgirá mais tarde ou mais cedo. Por isso os processos de reforma devem sobrepôr-se aos interesses imediatos e muitas vezes com fins meramente eleitoralistas de quem ocupa cargo governativos.

12:12 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Dizia o Xavier:
"O tonitosa, ultimamente, face aos excelentes resultados apresentados pela equipa de CC, tem ficado silencioso.
Será que o êxito de CC é assim tão desmotivador?"


Caro Xavier, tem notado a minha ausência?! Não tenho ideia de ter ficado assim tão silencioso. Ora veja lá quantos comentários fiz desde durante o mês de Janeiro (diga-me, pois não faço registo).
E sinceramente o êxito de CC não me dixará desmotivado. Antes pelo contrário. Se CC tiver êxito, serão os cidadãos e sobretudo os que mais precisam a beneficiar.
O que não significa que o mérito (ou demérito) do que venha a confirmar-se seja apenas deste Ministro. Honestamente, entendo, que LFP criou condições para adopção de medidas capazes de se traduzirem em resultado positivos. LFP lançou uma pedra no "Charco" e contribuiu para a tomada de consciência, nomeadamente das classes profissionais, da urgência de mudarmos de rumo.
E repare-se no interesse com que muita gente (técnicos) passaram a olhar para os "problemas da Gestão" dos HH.
E olhe, Xavier, estou convicto de que acabaremos por voltar ao modelo SA com mais ou menos ajustamentos. Só não sei quando!
O que não nego é que desconfio que a realidade seja aquela que vem sendo anunciada. As melhorias não são ainda evidentes e não se conhecem sequer os resultados de 2005 em termos de evolução de produção e custos do SNS e dos HH em particular.
Xavier, que se terá passado hoje em Viseu com o anunciado encerramento de SU? CC recuou? Ou disse, defacto, a verdade ao afirmar que "nenhum serviço será encerrado". Só que não disse se total ou parcialmente e se encerrar a urgência nocturna, pode sempre vir dizer que não mentiu.
PS.: não ouvi as declarações do Senhor Ministro; apenas ouvi as declarações de alguém que pertence à comissão de utentes.

1:46 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Xavier,
Parece que na verdade CC anda a par dos nossos comentários aqui no Saude SA. O jornal Expresso dá hoje notícia do número de inscritos no SIGIC. A informação é sintética mas está lá.
Agora é a cama que está à minha espera.
Um abraço.

2:06 da manhã  
Blogger Farmaceutico de Oficina said...

Como entendo que cada um deve falar daquilo que percebe, aqui vai o meu contributo, a propósito da entrevista de do nosso Ministro CC, para a discussão relativa à questões levantadas sobre consumo de medicamentos, actividades farmacêuticas em ambulatório, custos dos medicamentos, preços e concorrência...

De acordo com os dados do Estudo da AdConcorrência, relatório de contas dos Principais Grupos Distribuidores Jerónimo Martins e Modelo Continente, e dados publicados pela ANF, em 2003 as Farmácias portuguesas apresentavam os seguintes nºs: Numero de clientes atendidos por dia 125-175; x 2700 Farmácias = 400 000 clientes dia.

Margem bruta farmácias; 24,5% Custo de atender um cliente: ±4€; Custo médio anual por trabalhador da Farmácia 24 000€; 1/3 dos trabalhadores das farmácias, são licenciados. Na farmácia em média trabalhavam 6-7 trabalhadores; Contributo em sede de IRS-IRC das Farmácias para o estado em 2003; (tributação pelos lucros) 108 milhões de €.
Grupo JM : margem bruta 25%; custo por trabalhador 9 000€; IRC pago pela JM em 2003 ; 18 milhões de €

Grupo MC margem bruta 25,5% (O estudo da católica da AdC nem sequer calculou bem este valor no celebre relatório apresentaram 20%); custo por trabalhador 9 000€; IRC pago pelo MC em 2003 – 18 milhões de €;

Colocados estes valores, vamos discutir sobre o ponto de vista de gestão da farmácia as questões pertinentes apresentadas por CC; (se alguém quiser as fontes eu envio...)

Comentários sobre os MNSRM

As Farmácias que antes não contribuíam para a formação final do preço final dos MNSRM agora que podem não vejo que seja possível com preços de custos de estrutura dos que apresentei, as margens baixarem abaixo dos 20-25%; (não considero estas margens excessivas para a qualidade média do serviço); as pequenas lojas de esquina que passaram a dispensar este tipo de produtos; não terão volume para descer abaixo destas margens , mesmo só com um empregado e pagando renda; Como vemos mesmo a chamada distribuição moderna os Grandes Grupos tem margens equivalentes, poderá haver algum abaixamento político dos preços de alguns produtos para criar “happy hours” ou “happy days” de consumo.... mas em termos médios os preços serão semelhantes....

Podemos dizer que a grande medida estruturante de acessibilidade ao sector dos MNSRM, criou até ao momento + 1,85 % de pontos de acesso e daqui a algum tempo teremos + 7,4% de pontos de acesso, de acordo com as palavras do nosso ministro CC.

Comentários sobre Acordos individuais com as farmácias,:

Sim senhor acredito que as Farmácias vão aceitar, desde que no novo acordo individual tenham a possibilidade, de accionar judicialmente o Estado, quando este se atrasar nos prazos acordados, ou então em alternativa o estado crie uma conta corrente para as farmácias se puderem atrasar o mesmo numero de dias e no mesmo valor no pagamento, da segurança social, IVA, IRC IRS etc...


Sobre a acessibilidade ao medicamento, descontos nos medicamentos induzidos pela Farmácia e o actual nº actual de Farmácias;

Se a Liberalização da abertura das Farmácias for total com defende a AdC, atendendo ao número de Farmacêuticos disponíveis para assegurarem a direcção técnica teremos então cerca de 9 000 Farmácias. Logo o nº de clientes em média atendidos por dia na Farmácia passará de 150 para 40-50; consequentemente o nº de trabalhadores em média passará de 7 para 2-3; logo como cada trabalhador só trabalha 40h por semana, temos férias , apoio á família formação profissional etc... convidaria o Sr Ministro a reflectir, sobre a premissa de que aumentando o nº de Farmácias aumentaria a acessibilidade Nocturna...ao medicamento????

Com efeito quando o Sr ministro diz

“As farmácias são poucas, têm de ser em maior número, têm de estar mais disponíveis e acessíveis a toda a população, sobretudo de noite quando se vem de uma urgência. Esse tipo de acessibilidade não é garantido no contexto actual.”

Quando no contexto actual tal como nas urgências dos centros de Saúde o Sr ministro diz:

“Nos sítios onde existe hoje algumas urgências nocturnas com apenas dois ou três doentes por noite, “ com um médico um administrativo e um enfermeiro, a tendência seja a concentrar as urgências nos hospitais... ou conceder apoios de transporte aos doentes para se deslocarem ao sitio onde se concentram as urgências;


ache que comparativamente o actual sistema de farmácias de serviço, que garante uma farmácia aberta 24h por dia 365 dias por ano a cerca de 30 minutos de carro de qualquer ponto do país, depois vá melhorar com uma Farmácia média... com 3 trabalhadores; Que estarão disponíveis durante a noite e depois de acordo com a legislação tem direito a uma folga no dia seguinte...

É claro que só haverá farmácias abertas 24h voluntáriamente, nos grandes centros ao pé das urgências hospitalares, nos concelhos em redor que não terão urgências as farmácias deixarão de ter vontade, capacidade, e voluntarismo para estar de serviço permanente a não ser que sejam obrigadas por lei...como não havendo acordo tem que girar por todas a acessibilidade nocturna tenderá a ser igual ou pior pois só será geradora de prejuízos...

Em meu entender e pelos motivos que apontei, as farmácias de serviço permanente, actuais garantem um serviço e distribuição geográfica aceitável em relação ao nº de clientes que atendem por noite de serviço, que como o Sr ministro referiu para as Urgências dos Centros de saúde se contam pelos dedos de uma mão...


Num cenário maximalista do nº de Farmácias e minimalista do nº de clientes, não se antevê que os preços baixem substancialmente, pelo contrário a pressão sobre o lado dos custos e sobre os recursos humanos (que verão os seus postos de trabalho ameaçados, ou pelo menos a sua estabilidade ameaçada) fará com que as Farmácias se deixem de envolver em programas de defesa de saúde pública; Troca de seringas 34 000 000 trocadas até hoje; (se considerarmos o preço do acto equivalente a atender um cliente = 4 € podemos dizer, que as farmácias portuguesas só com este pequeno gesto, nos últimos anos “ofereceram” á sociedade e á saúde dos Portugueses “ mão de obra e infraestrutura” correspondentes a 136 000 000 de euros. Poderia dizer que a avaliação de uma equipa independente de consultores que avaliou o programa de troca de seringas considerou no seu relatório que por cada 10 000 utilizadores do programa se preveniram a disseminação de 7 000 contaminações com vírus do HIV e hepatite.
Os ganhos para a saúde publica e para a sociedade foram estimados em cerca 1 700 000 000 de €.;
Poderiamos falar ainda nos programas de distribuição de Naltrexona e Brupenorfina a toxicodependentes;
O facto de abdicarmos completemente da margem comercial nas tiras regentes para diabéticos... Programas de cuidados Farmacêuticos, diabetes asma hipertensão...

Etc... etc...

Como a noite já vai longa fico a aguardar comentários...
Cumpriementos

3:21 da manhã  
Blogger saudepe said...

A falácia desta declaração é que CC já fez um juízo prévio quanto à insustentabilidade do SNS e por isso aposta fortemente na sua transformação estrutural. A demonstrá-lo aí temos os HH PPP em força.
Quando CC apela aos profissionais da saúde que defendem o SNS para apoiarem a sua política esquece-se de dizer que o SNS que o ministro da saúde defende não é este mas o dos Mellos, ESS e por tanto com uma natureza diferente.

Quanto à privatização do SNS, Correia de Campos não conte com o nosso apoio.

10:48 da manhã  
Blogger ricardo said...

Concordo com o que disse atrás o saudepe:
CC não conte conosco no projecto de privatização do SNS.

10:51 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Vocês administradores hospitalares deviam revoltar-se e dizê-lo bem alto.
Como se compreende que na gestão de Hospitais estejam pessoas que não sabem patavinas de gestão hospitalar? Nem sequer de gestão!

Representantes políticos? Boa desculpa; todos sabem que são é tachos. Tachos!

Depois como é possível que o SNS seja sustentável?

Veja-se o caso concreto da Póvoa de Varzim: http://euvimeninos.blogspot.com/2006/01/amigos-no-hospital.html

O que pensam disto os meus amigos AH?

1:35 da tarde  

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