segunda-feira, janeiro 2

A fuga do Estado

csboticas

O Ministério da Educação suspendeu o funcionamento de 223 escolas desde o início oficial deste ano lectivo 2005 /2006.
Ao abrigo do chamado programa de reajustamento do parque de estabelecimentos de ensino foram encerradas: 191 escolas do 1.º ciclo do ensino básico (EB1), 22 jardins de infância (JI) oito escolas do Ensino Secundário (ES) e duas do 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico.
Viseu foi o distrito mais afectado por estes ajustamentos da tutela com 29 escolas encerradas (portaria 1329/2005).
Qual será a contabilidade de reajustamentos que o Ministério da Saúde apresentará no final de 2006 ? Muitas maternidades, hospitais, centros de saúde, urgências encerradas em prol da eficiência do SNS, certamente. Vão-se os dedos, salvem-se os anéis. Estudar, parir e tratar, será cada vez mais dificil para os portugueses.

10 Comments:

Blogger tonitosa said...

Em boa verdade é difícil não aceitar o encerramento de algumas escolas, para defesa do próprio ensino.
Se numa aldeia existem apenas três ou quatro crianças (ou meia dúzia que sejam) para frequentar os vários "graus" do ensino básico, dificilmente se pode aceitar que essa escola seja mantida em funcionamento. E mais importante do que os critérios de racionalidade eocnómica que certamente estão presentes, temos que reconhecer que, nessas condições, os alunos que frequentam tais escolas não terão, por razões várias, uma boa aprendizagem. E é também pouco motivador para um professor "dar aulas" a um, dois ou três alunos, ainda por cima tendo muitas vezes que percorrer muitas dezenas de quilómetros diários. O isolamento, quer dos alunos quer dos professores, só pode resultar em mau ensino e má parendizagem.
Transpondo isto para a saúde, pode dizer-se que os problemas são idênticos. Mas não o serão tanto assim. Os médicos podem e devem "rodar" não tendo que trabalhar sempre no mesmo hospital ou centro de saúde. A rotação pode até ser diária, sem grandes problemas para os utentes. De resto essa rotação existe já, quer nos HH quer nos Centros de Saúde, em SU.
Depois se a deslocação dos alunos para outras escolas mais frequentadas pode ser devidamente organizada e programada, o mesmo não acontece com os doentes. A assistência médica prestada fora de tempo, ou a falta dela, são geralmente causa de perdas irreparáveis. E ninguém é levado antecipadamente para o estabelecimento de saúde à espera do Enfarte ou do AVC, ou de outra qualquer doença a carecer de rápida intervenção.
E de certo modo o mesmo se pode dizer da ocorrência de partos não-programados ou de abortos não desejados.
Assim, na Saúde serão os critérios economicistas que vão conduzindo ao encerramento de serviços.
O que surpreende é que são os que se dizem mais preocupados com o Estado Social os que estão apostados em serem os seus "coveiros".
Estamos defacto num dos piores períodos da história do país pós-revolução (e não só) como o confirmam as más notícias sobre aumentos de preços e perda real do poder de compra dos salários de milhões de trabalhadores.
E O QUE SURPREENDE NO MEIO DE TUDO ISTO É QUE TAMBÉM DESAPARECEU O DIREITO À INDIGNAÇÃO.
Já não há bloqueios nas Pontes mesmo quando as portagens sobem muito acima do aumento dos salários.
E os políticos, vá lá saber-se porquê, andam envergonhados.
Na verdade somos pobretes mas alegretes|

1:36 da manhã  
Blogger ricardo said...

O problema está aí. Faz-se qualquer coisa com o pretexto da eficiência, da salvação da economia, do controlo das finanças e do défice.
Estamos por tudo.

9:18 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Se calhar o problema não é haver uma urgência na Azambuja e outra em V. F. Xira. O problema poderá ser o facto de não haver uma adequada distribuição de utentes/doentes pelos vários SU's.
Pode fazer-se exactamente uma outra pergunta: faz sentido que o tempo de espera no SU em V. F. de Xira chegue a atingir mais de seis horas?
Segundo um critério económico até parece que se poderia/deveria encerrar o SU de Azambuja (não sei qual a frequência diária) mas se atendermos a esse critério então em muitos HH também não deveriam funcionar determinadas especialidades em SU já que o número de intervenções necessárias dessas equipas é também muito reduzido. Essas especialidade médicas deixariam de funcionar em Urgência e "poupavam-se" também muitos milhões de euros em salário médicos.
Será que a CP e a Carris deveriam também suspender os transportes públicos em "horas de vazio"? E O Metro deverá circular com menos de 10% da sua ocupação? E deverá o carteiro deslocar-se algumas dezenas de quilómetros para levar escassa correspondência a moradores de pequenas aldeias?
Obviamente que não é defensável tal ideia e muito menos quando se trata da saúde.
Os que sempre criticaram os outros por tratarem dos problemas da saúde segundo critérios económicos e que ainda não há muito tempo achavam (e bem) indefensável o encerramento de maternidades não têm agora autoridade moral para decidir esse encerramento.
E muito menos quando para determinadas acções de mera cosmética política e satisfação de interesses pro´prios não faltam milares de milhões de euros.
termino com uma pergunta: será racional que este pequeno País atribua milhões de euros para financiamneto das candidaturas presidenciais?

10:40 da manhã  
Blogger helena said...

Quando o Hospital de Vila Franca tiver capacidade de atendimento, acho correcto que se feche a urgência da Azambuja,.
Até lá, não há condições ...

Aliás, o problema não é fechar, é reorganizar criando novas condições de atendimento.
Deverse-à começar por criar as novas condições e depois fechar.

10:44 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Raven,
Ainda bem que acaba por me dar razão. É que o seu comentário começou com uma afirmação que parecia por em causa a minha análise, e podia até fazê-lo, mas a comparação que fiz foi exactamente para concluir que as duas realidades não podem ser tratadas da mesma forma.
Estamos pois de acordo (o que não é porém obrigatório).

11:08 da manhã  
Blogger saudepe said...

A riqueza da nossa democracia dependerá sempre da nossa capacidade de mobilização e participação das bases.
As populações devem organizar-se e lutar pelo que lhes parece justo.

Basta de carneirada.

Os políticos o que querem é o povo dócil para fazerem o que entendem e apresentarem serviço.

Aqui há alguns anos é motivo de orgulho e de nptícia a abertura de novas escolas , hospitais e centros de saúde.
Hoje a palavra de ordem é fechar, deitar abaixo.

Seria mais fácil ir directo ao assunto e começar a eliminar organizadamente cidadãos portugueses.

Mas lá chegaremos. A dupla Cavaco Sócrates arrasará com tudo.

11:55 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Peço desculpa aos colegas. Não pretendo ser dono deste espaço, mas não resisto à tentação de partilhar convosco mais uma reflexão.
Há algum tempo atrás, foi publicada neste blog uma "notícia" segunda a qual o (agora) CH de Lisboa Ocidental iria passar a apostar na assistência médica domiciliária/cuidados continuados na residência (penso que ra essa a ideia). Na altura abordei o assunto em termos de me parecer uma medida de difícil aplicação fácil à escassez de recuros médicos e de enfermagem.
Alguém conhece a existência desse serviço "ao domicílio"? Parece que nem os próprios trabalhadores das uniddades hospitalares em causa o conhecem!
Chegou-me há dias à mão um jornal concelhio e nele se pode ler:presidente da câmara contra encerramento do serviço de urgência e de internamento do centro de saúde.E diz a notícia, um município com mais de 7000 pessoas sem médico de família não pode prescindir do serviço de urgência e de internamento.
Mas entretanto, o presidente da autarquia onde isto se passa manifestou a intenção da autarquia em colocar em prática as unidades móveis de saúde, a construção de um novo centro de saúde e a possibilidade de serem colocados mais médicos de família.
Não há aqui um pouco de utopia? Sonhar na verdade parece ser bem mais fácil do que viver "acordado" a realidade. E prometer é sempre mais fácil do que fazer, como de resto nos diz a experiência de vida de cada um de nós e de todos.

12:15 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Caro Avelino, afinal voltou (tinha ideia de que já não o via/lia há uns dias) em forma.
Então o meu amigo não concluiu da leitura do meu comentário que estou de acordo com a necessidade de encerramento de "escolas sem o mínimo de alunos" exactamente por razões como as que defende, nomeadamente falta de condições para boa aprendizagem e bom ensino?
Agora o que discordo é que se possa pensar no encerramento de serviços de saúde com a mesma facilidade com que se pode pensar no encerramento de escolas.
Quanto ao Estado Social, efectivamente o que temos tido são "coveiros" e não "terapeutas".
Sabe, é minha opinião (e de muitos) que o dignóstico está feito (às vezes mal feito) as divergências estão exactamente na "terapêutica".
Fala-se da crise da Segurança Social. Na verdade já na década de 60 do século passado, George Pompidou referiu a necessidade de se conter o crescimento das despesas face à evolução mais lenta do rendimento. Mas o que se tem verificado é que, sucessivos governos, em tempo de crescimento económico, não adoptam medidas de contenção constitutivas de reservas para o futuro. E o mal está na utilização da Segurança Social para satisfação de clientelas políticas ( caça ao voto) em anos elitorais.
Ora estamos totalmente de acordo, matar o Estado Social é nada fazer. Mas eu acrescento matar o Estado Social é fazer o contrário do que deve ser feito. Matar o estado Social é canalizar milhões de euros dos nossos impostos para obras de fachada, para pseudo-fundações, para indemnizar gestores demitidos por simples desconfiança política, para pagar salários principescos a centenas de assessores políticos pefeitamente em número exagerado, e é atribuir milhões de euros de subsídiso para campanhas eleitorais. Sim, Avelino, não me enganei. Continuo a pensar que é um exagero o que se verifica nesta matéria. E acho até que o financiamneto privado não devia ser tido como um mal desde que obrigatorimanete publicitado. Não sou contra a atribuição de subsídios públicos, sou sim contra o que acho ser um exagero dos montantes em distribuição.
Avelino...reorganização das urgências e não encerramento indiscriminado?! Desculpe lá, mas possivelmente sou eu que ando distraído. Na verdade até agora a única coisa que vi (ouvi) foi encerramento de urgências. E a procissão ainda vai no adro! Como disse noutro comentário é na verdade mil vezes mais fácil encerrar urgências do que melhorar os serviços existentes.
Não li mas vou ler o livro do ex-secretário de Estado da Segurança Social FRM, cujo pensamento conheço bem (é citado na minha tese sobre SS).
P.S.: Sobre os diagnósticos e as terapêuticas, certamente conhece o Livro Branco da Segurança Social. Nele as divergências nesta matéria são evidentes.

1:51 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Raven,
Tamvém eu, em jeito de vrincadeira "screbi" ao Abelino. Vamos escrever em Portugês?
Eu vou.

3:30 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Ao Raven,
Deixei esclarecimento no post Oração a S. Basílio...

3:42 da tarde  

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