Crise aviária
Depois do aparecimento do primeiro pato morto com o vírus H5N1 e, mais recentemente, o abate de onze mil perus suspeitos de estarem contaminados, a França está à beira de um ataque de nervos. The land of coq au vin
O caso não é para menos num país onde as aves são matéria prima fundamental da gastronomia nacional, da indústria que produz cerca de 900 milhões de aves por ano, entre galinhas, perus, patos, gansos, no valor de 7 biliões de euros, e o galo símbolo da selecção nacional de futebol .
Bruxelas já autorizou a vacinação dos patos e gansos, utilizados na produção do "foie gras".
No meio da crise, os políticos, lá como cá, tentam salvaguardar as aparências.
O ministro da saúde, Xavier Bertrand (não tem nada a ver com a SaudeSA), anunciou a encomenda de 600 milhões de máscaras, no intuito de mostrar serviço, conseguindo apenas aumentar as preocupações dos cidadãos quanto à propagação da epidemia aos humanos.
O primeiro ministro Dominique de Villepin visitou, acompanhado de um batalhão de jornalistas, a região avícola de l'Ain, sem anunciar qualquer nova medida de prevenção/combate à epidemia, não perdendo, no entanto, a oportunidade para degustar um frango perante as câmeras de TV, a fazer lembrar o conhecido episódio de um nosso ministro da agricultura a comer mioleira em público para tentar convencer os cidadãos portugueses de que não tinha medo das vacas loucas.
4 Comments:
O ministro da Saúde quer portugueses «alerta» sem «alarme» para o «provável» aparecimento de animais infectados com a gripe das aves, iniciando «imediatamente» uma campanha de informação sobre cuidados a ter junto dos jovens.
«Temos de estar alerta mas não podemos estar alarmados», disse António Correia de Campos, esta sexta-feira em Viena, no final de uma reunião dos ministros da Saúde europeus.
O responsável português sublinhou a necessidade de se passar uma mensagem de «tranquilidade e seriedade» à opinião pública cada vez mais inquieta com a possível transmissão do H5N1 aos humanos.
Casos de contágio do vírus foram detectados na Ásia e na Turquia em áreas onde crianças e adultos dormiam em companhia de animais infectados, uma situação difícil de se repetir na Europa.
«O conselho é que toda a gente pode e deve comer aves desde que as cozinhem», disse o ministro, acrescentando que mesmo que um animal estivesse infectado, o vírus não resistiria à cozedura.
Na Europa ainda não foi detectado qualquer caso de ave doméstica infectada e muito menos humanos.
Os ministros da Saúde decidiram coordenar o trabalho desenvolvido a nível nacional e iniciar campanhas de informação, principalmente voltadas para «grupos de risco».
O ministro português assegura que irá «imediatamente abrir os contactos» com o ministério da Educação para utilizar toda a rede do sistema escolar para transmitir «mensagens simples» às crianças: «No caso de encontrarem aves mortas para não lhe tocar, lavar as mãos imediatamente, evitar que as crianças contactem com aves», disse.
Portugal irá assistir à passagem de um fluxo migratório de aves, na Primavera, sendo «muito provável que haja contaminação».
«É um facto natural e temos de estar preparados para ele, não é escondendo a verdade que se resolvem os problemas», disse Correia de Campos.
Jdigital, 23.02.06
Em Portugal estamos muito mais preparados do que qualquer outro país. Temos uma fábrica de Vacinas e acima de tudo "somos uns tipos porreiros".
Quando a gripe vier, logo se verá.
A presença da estirpe H5N1 da gripe das aves foi confirmado num aviário em França sendo o primeiro caso de contaminação de uma exploração na União Europeia, anunciou ontem à noite o ministério francês da Agricultura. A estirpe H5N1 é a mais perigosa do vírus da gripe das aves e foi detectado numa exploração avícola situação no departamento de Ain (Centro-Este de França).
JP 25.02.06
A gripe das aves continuou hoje a ganhar terreno na Europa, com o seu aparecimento na Suíça e novos casos na Alemanha e novas suspeitas na Roménia e em França.
Embora ainda não tenha sido assinalado nenhum caso de contaminação humana no velho continente, a doença está já a causar prejuízos económicos: depois do Japão, Hong Kong decidiu hoje suspender as importações de aves e «foie gras» de França.
Na Ásia, a China está preocupada com a possibilidade de um agravamento da epidemia com o regresso das aves migratórias na Primavera.
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