quinta-feira, março 16

Investigação Clínica

A falta de investigação clínica em Portugal é apontada como um dos maiores vazios na área da saúde. Para o ministro da saúde, António Correia de Campos, “avançar com a investigação clínica tem de ser uma prioridade do país”. Portugal tem condições para “alargar o seu potencial nesta área”. Mas não é só do Governo que surge esta afirmação, os grupos privados estão de acordo
DE 03.03.06
José Almeida Bastos, director-geral da Merck Sharp & Dohme, em entrevista ao DE, parece contrariar esta opinião:
DE: Como caracteriza o mercado português no que toca a investimentos em inovação e tecnologia?
JMB: Portugal ainda não é visto como um país ideal para fazer investigação clínica. Não somos conhecidos por termos tecnologia de ponta, pelo que o investimento internacional ainda é muito baixo.
DE: Mas acha possível criar condições para competir com outros países?
JMB: É difícil para uma empresa farmacêutica de base exclusivamente nacional conseguir competir com empresas multinacionais. O nosso mercado não tem uma dimensão que permita às empresas gerarem recursos que suportem o desenvolvimento de novos medicamentos, mas acredito que uma estratégia de fusões e aquisições melhorasse a situação. Por outro lado, o desenvolvimento de parcerias com entidades internacionais é também um factor determinante para o sucesso na investigação de novos medicamentos. Para sermos fortes em investigação temos que ter um sistema de ensino que funcione e que produza muitos cientistas de qualidade, e temos que ter uma organização estrutural que nos permita mantê-los em Portugal, o que não acontece. Temos que acabar com os entraves burocráticos à realização de investigação clínica. E para isso, é urgente agilizar processos e comprometer as pessoas com a investigação.
DE: Outro problema é o tempo que demora a decisão que medeia o período entre a aprovação do medicamento e a sua entrada no mercado.
JMB: Sim. O atraso no acesso aos medicamentos inovadores verificado na Europa é uma das situações que mais tem preocupado os diversos intervenientes do sector. E isso deve-se, em grande parte, à intervenção excessiva dos governos, o que prejudica a competitividade da indústria farmacêutica europeia e limita aos doentes o acesso aos novos medicamentos
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DE n.º 3843, 16.03.06