segunda-feira, março 27

Revisão da Carreira AH

AS MINHAS CONCLUSÕES DEFINITIVAS SOBRE A REVISÃO DA CARREIRA DE AMINISTRAÇÃO HOSPITALAR
A necessidade de definir novas regras para o exercício da Administração Hospitalar em Portugal, a curto prazo, decorre dos seguintes aspectos:

1º- Das implicações verificadas a nível da Administração Hospitalar, decorrentes das diferentes formas de gestão hospitalar criadas a partir da Lei de Gestão Hospitalar de 2002, em especial com a criação dos hospitais - empresa (SAs, EPEs, PPPs) caracterizadas pelo uso crescente de regras de gestão privada;

2º- Do aumento crescente do nº de hospitais privados, que abre novas e diversificadas oportunidades para o exercício da Administração Hospitalar;

3º- Do elevado nº de Administradores Hospitalares (quer seniores quer jovens em início de carreira ou recém-diplomados) que já aderiram a formas de contratação em regime de direito privado;

4º- Do facto de o Estado estar a generalizar a obrigatoriedade de frequência de um curso específico para «alta direcção em administração pública» quer para os lugares de topo da Administração Pública quer intermédios o que, por maioria de razão deve ser extensível a todos os hospitais, pelo alto grau de complexidade e de especificidade da sua administração (a prática que tem vindo a ser seguida desde 1988, não só têm representado um retrocesso àquilo que antes ocorria como está agora em clara dessintonia com o que o Governo quer generalizar para toda a Administração Pública);

5º- Da necessidade inelutável de os Hospitais deverem ser administrados e dirigidos por pessoas altamente qualificadas, para o que é uma condição necessária, embora não suficiente, a posse de um curso específico em Administração hospitalar, a nível de pós-graduação;

6º- Do facto de haver hoje muitas Escolas de Ensino Superior (quer públicas quer privadas) que podem vir a estar em condições de formar administradores hospitalares, mediante rigorosos critérios de aferição prévia de idoneidade científica, a definir pelo Ministro da Saúde e do Ensino Superior;

7º- De não ser viável continuar a apostar no sistema de carreira, uma das formas típicas de organização do trabalho da Sociedade Industrial, que se tem vindo a revelar incompatível com o modo de trabalhar na actual Sociedade Pós-Industrial;

Nestes termos, e tendo ainda em conta:
a)- o que é dito no documento da APAH;
b)- a opinião sensata e valiosa de alguns comentadores deste blogg, em especial pelo Lisboaearredores e pelo Tonitosa (que curiosamente, não são AH);
c)- o desinteresse manifesto dos AH (quer dos mais antigos quer dos mais novos) em pronunciarem-se sobre estas questões sempre que aqui têm sido postas a debate;
d)- o facto de serem alguns AH (mais do que seria de supor) a «traírem» a sua própria profissão,
d)- o facto de todos os Ministro da Saúde, desde Leonor Beleza, até ao actual Ministro, terem mostrado ou uma clara animosidade ou indiferença relativamente à carreira de AH, em alguns casos, mesmo, aos AH (caso de luís Filipe Pereira),
LEVAM-ME às seguintes conclusões definitivas sobre a carreira de AH:
1º- A CARREIRA COMO TAL DEVE ACABAR. O Quadro Único deve manter-se apenas para os seu actuais titulares, não deve haver mais concursos para o quadro único. Os AH que se encontram no quadro único devem aí continuar a progredir, como até aqui. São de manter, também, para isso os actuais lugares de AH existentes nos Hospitais, que irão sendo extintos à medida que vagarem O quadro único deverá ir-se extinguindo de igual modo à medida que os lugares nele também forem vagando.
OS DIREITOS E DEVERES DOS ACTUAIS AH DEVERÃO MANTER-SE SEM ALTERAÇÃO.

2º- COM EXCEPÇÃO DO PRESIDENTE, DO DIRECTOR CLÍNICO E DO ENFERMEIRO DIRECTOR, OS RESTANTES VOGAIS DOS CONSELHOS DE ADMINISTRAÇÃO DEVERÃO SER OBRIGATÓRIAMENTE DIPLOMADOS EM ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR;

3º- OS HOSPITAIS PODERÃO CRIAR OS LUGARES DE ADMINISTRADORES, DE DIRECTORES DE DEPARTAMENTO E DE DIRECTORES DE SERVIÇO QUE ENTENDEREM. Contudo, o seu preenchimento, deverá ser obrigatoriamente reservado a diplomados com um curso de pós-graduação em Administração Hospitalar, quer se trate de serviços clínicos (para o que será exigível, nestes casos, também ser médico) quer se trate de serviços não clínicos.

4º- O EXERCÍCIO DO CARGO SERÁ FEITO EM REGIME DE COMISSÃO DE SERVIÇO, NOS TERMOS PREVISTOS NO ARTIGO 249º DO CÓDIGO DO TRABALHO E DAS CONDIÇÕES QUE CONSEGUIREM NEGOCIAR;
PODERÃO CELEBRAR ACORDO DE COMISSÃO DE SERVIÇO NOS MESMOS TERMOS OS AH QUE SE ENCONTRAM NA CARREIRA, SEM PERDA DO DIREITO AO LUGAR DE ORIGEM AQUANDO DA CESSAÇÃO E PODENDO CONTINUAR A DESCONTAR PARA A ADSE E CGA;


5º- SERÃO COMPETENTES PARA MINISTRAR CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR TODAS AS ESCOLAS SUPERIORES (PÚBLICAS OU PRIVADAS) A QUEM VIER A SER CONFERIDA IDONEIDADE CIENTÍFICA ESPECÍFICA PARA ESSE EFEITO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE E DO ENSINO SUPERIOR;

6º- DEVERIA HAVER A OBRIGATORIEDADE DE UM CERTIFICADO DE HABILITAÇÃO PROFISSIONAL PARA O EXERCÍCIO DA PROFISSSÃO DE AH A EMITIR PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE COM REGISTO OBRIGATÓRIO DOS AH.

7º- A APAH DEVERÁ REVER OS SEUS ESTATUTOS EM CONFORMIDADE COM AS NOVAS REGRAS DA PROFISSÃO.
Vivóporto

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12 Comments:

Blogger Peliteiro said...

Só para apimentar um pouco a discussão.
Em Janeiro, um conceituado blogger, Rodrigo Adão da Fonseca, escreveu:

JPP, no seu Abrupto, toca hoje num dos temas que mais fragiliza a nossa democracia: a utilização dos media, no caso a blogosfera, por agentes corporativos que, imbuídos de um espírito justicialista e sob a capa do anonimato, criam verdadeiros tribunais públicos regidos por regras, lógicas e grelhas de análise que eles próprios decretam.


O tema é grave, porquanto este tipo de blogues, num país em clara decadência e dominado pelas corporações, ignoram as regras mais básicas da liberdade, a que «apelam» para se exprimirem sem condicionalismos, mas que trituram, na forma como a exercem.


Da minha parte destaco o blogue Saúde SA, de consulta obrigatória para quem quer perceber a retórica corporativa no seu lado mais negro.

(http://blueloungecafe.blogspot.com/2006/01/blogues-anonimato-e-corporativismo.html)

Que me dizem?

1:25 da manhã  
Blogger ricardo said...

Este senhor RAF, recentemente corrido do blasfémias, escreve do que não sabe nem entende.
Na SaudeSA apenas se debate e analisa temas da saude com empenhamento e conhecimentos profundos, como é o caso dos farmacêuticos em relação à política do medicamento.

1:40 da manhã  
Blogger Farmaceutico de Oficina said...

Não sei o que esse senhor, faz provavelmente um "opinion maker" com colunas de opinião em algum jornal, escrevendo sobre todos os temas e mais alguns sobre assuntos que calhar minimamente não domina...

Esqueceu-se que num blogue à sempre a possibilidade do contraditório... e dar voz aqueles que por vezes não tem acesso à opinião publicada, (frequentemene confundia com a verdade ou opinião pública!)...

Da discussão nasce a luz...!
E vem á tona 2ªas, 3ªas 4ªs visões dos mesmos factos... modificando pouco a pouco as consciencias de quem lê contra a opinião muitas vezas daqueles que se julgam detentores da verdade!!! Os chamados "opinion liders" ou "political leaders" ;

Vivam portanto os Blogues e bloguers que se podem expressar como lhes der na gana!!!

9:54 da manhã  
Blogger RAF said...

Meus caros,
Sendo um jovem cidadão comum, agradeço a «promoção» a «conceituado blogger» e «opinion maker», epítetos que ainda assim declino.
Esclareço ainda o Sr. Ricardo que não fui «corrido do Blasfémias», pois optei por escrever noutros blogues de livre opção; em qualquer caso, a amizade que une os blasfemos faz com que nem sequer me tenham excluído do acesso ao blogue, podendo aí escrever caso fosse essa a intenção.
Já agora, Sr. Ricardo, presunção e água benta cada qual toma a que quer: «Na SaudeSA apenas se debate e analisa temas da saude com empenhamento e conhecimentos profundos». Não me faça rir, por favor.
Noto finalmente que nada tenho contra os Administradores Hospitalares, antes pelo contrário. O que eu critico é a lógica corporativa, que se organiza colectivamente, que receia a concorrência, que critica violentamente sob a capa do anonimato, de cara tapada, e que escreve sobretudo reinvindicando «estatutos de carreira» e benefícios para o todo, longe dos juízos do mérito individual, que deveria ser o único critério de apreciação socio-profissional. É isso que discuto. Apenas e só. Aqui discutem-se nomeações, ministros, secretários de estado, estatutos de carreira, contratações de pessoas «não-AH», lançam-se reptos ao poder político, mas encontra-se muito pouca discussão sobre Saúde.
Felicidades e boa sorte
Rodrigo Adão da Fonseca
P.S.: O mote do post de JPP que eu desenvolvi era a marca do corporativismo sob a capa do anonimato. Para quando é que os dinamizadores do SaudeSA passam a escrever os seus «conhecimentos profundos» assinando com o seu nome e apelido, identificando-se com clareza? Eu exprimo as minhas opiniões - boas ou más - de cara destapada. Seria bom que as pessoas aqui fizessem o mesmo.

11:15 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Peço imensas desculpas ao VivóPorto porque não era minha intenção desviar as atenções do seu bem estruturado e fundamentado texto. Apenas pretendia "apimentar", enriquecendo, a discussão da sua proposta. São efeitos colaterais inesperados...

2:22 da tarde  
Blogger RAF said...

Com os melhores cumprimentos,

http://blueloungecafe.blogspot.com/2006/03/critica-e-anonimato-pluralismo-e.html

Rodrigo Adão da Fonseca

4:02 da tarde  
Blogger Vladimiro Jorge Silva said...

Os textos que RAF escreve em nome do que quer que seja são apenas formas de auto-promoção ou, se preferirem, corporativismo à maneira da classe dos pseudo-bloggers independentes. Porque o acto de ser um revoltado da web também exige público e dos desconhecidos não reza a história...
PS - Obviamente que o RAF não é um leitor do Saúde, SA, pois só uma pequena parte do que por aqui se escreve é que tem a ver com as corporações.

5:00 da tarde  
Blogger Peliteiro said...

João Pedro, está muito enganado! Não promovo aqui blogues de ninguém (nem o meu, como se tem visto), nem sequer conheço o RAF de lado nenhum.

Aliás posso acrescentar que pelos textos que lhe li, sobretudo no Blasfémias que visito frequentemente, a sua personagem não me inspira simpatia nem as suas opiniões a mínima concordância.

Acrescento ainda que o SaudeSA me parece um blogue plural, civilizado e respeitador, nada corporativista embora discutindo questões profissionais. Se assim não fosse não viria cá tantas vezes...

Quanto ao anonimato, é verdade que prefiro blogadores com nome (eu próprio identifico-me completamente, telefone, mail, até foto - que o Xavier não inclui nos comentários), mas compreendo que nem todos tenham a minha independência ou por qualquer razão não se queiram identificar.

Esqueçamos este episódio menor e siga a discussão, que se quer rija, claro.

11:13 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Sejamos claros.
Considero que o Vivoporto deu mais um excelente contributo para as "mais valias" do Saude SA.

Quanto a mim o Saude SA surgiu claramente como um blog de defesa dos interesses dos AH's enquanto grupo ou classe profissional. E fê-lo muitas vezes mais pelo ataque aos outros - Gestores SA's e políticas de LFP - do que pela valorização dos méritos dos AH's. Depois surgiram alguns (poucos) atrevidos a contrariar a apologia de que só os AH's eram competentes e só a eles deviam estar reservados os lugares de gestão/administração nos hospitais. Foram tempos de debate por vezes aceso e em que alguns chegaram a sugerir ao Xavier que bloqueasse o acesso a determinados comentadores, como aconteceu comigo. O Xavier soube gerir com maestria a situação e sempre aceitou a publicação de opiniões divergentes.
Julgo que o Saude SA beneficiou com esses factos e assumiu outros objectivos, passando a abordar, com mais frequência, temas e matérias de interesse para a saúde.
Ainda assim, manteve-se a defesa dos interesses de classe o que, do meu ponto de vista não é criticável, dada a abertura à pluralidade.
Mais recentemente, com a criação dos HH EPE's e a colocação de alguns AH nos mesmos, temos assistido a um abrandamento do apelo à ocupação de lugares por AH. E como vemos alguns já se queixam de colegas que deles se esquecem. Isto pode não ser corporativismo mas defesa de interesses de classe, é certamente. Mesmo que os objectivos sejam muitas vezes pessoais. Basta olharmos para a defesa dos privilégios da carreira.
É o que penso, com o respeito que todos me merecem.

1:47 da manhã  
Blogger RAF said...

Caro Tonitosa,
Subscrevo a sua análise.
Eu nem vejo problema em que se promova um blogue corporativo e defesa de uma classe; o que eu não concordo é com a mistura explosiva que resulta dos comentários e dos dinamizadores actuarem sob a capa do anonimato, até porque muitas destas críticas são incisivas, não podendo os seus destinatários defender-se em igualdade de circunstâncias. Era apenas esse o meu ponto.
Para que este blogue seja respeitado - até como fórum dos AH - seria importante que respeitassem as regras mais básicas do pluralismo, exercido com responsabilidade, escrevendo sem máscaras.
Apenas e só.
Um abraço a todos,
Rodrigo Adão da Fonseca

12:36 da tarde  
Blogger xavier said...

Já poucas coisas me surpreendem. Mas por vezes acontece.
Por isso não posso deixar passar esta oportunidade para agradecer ao lisboaearredores a serena e empenhada intervenção.
A passeio da ponte correu bem?
Um abraço.

11:36 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Ao RAF
Não vejo no anonimato os inconvenientes que aponta. Concordo mais com a posição sobre a matéria do Lisboaearredores.
O anonimato, do meu ponto de vista, merce severa crítica se, sob a sua capa, forem desferidas calúnias, insultos e impropérios a entidades e pessoas. Porque todos devem merecer respeito num espaço de debate como vem sendo o Saude SA. E como sabem aqueles que têm acompanhado este blog, e que renovo com muito gosto, acho que o Xavier tem proporcionado essa abertura de forma nobre e com elevação.
E bem sabem que tenho discordado frequentemente das posições de outros comentadores sobre deternminadas matérias.
Comno mero comentador do Saude SA acho que, com permissão do Xavier, poderei dizer: SEJA BEM VINDO QUEM VIER POR BEM. A porta está aberta.

1:04 da manhã  

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