O Ministro merece melhores adjuntos
manuel paiva
Só mais uma achega, desta vez àcerca de acessibilidades.
Em toda esta discussão de fecha maternidade, não fecha maternidade, parece-me que continuamos a esgrimir argumentos abstractos e emocionais, esquecendo aquilo que é a realidade. A lembrar:
1. qual é a semelhança (ou a diferença) entre as vias de comunicação de há 20 anos e as actuais?
2. quantas horas demorava uma viagem de Vila Real ao Porto ou de Faro a Lisboa e quantas demora agora?
3. era imaginável para o comum dos cidadãos ir de Castelo Branco a Lisboa, tratar de um qualquer assunto e regressar no mesmo dia?
4. qual era a taxa da população em idade fértil? (não falo em taxa de natalidade). Qual é actualmente?
Para concluir, lembro que os serviços de saúde estão inseridos na dinâmica social global. Os seus prestadores não são santos, nem pecadores, mas tão somente homens. Compete aos que têm responsabilidades de gestão e definição de políticas a indicação firme de quais as direcções a seguir (planeamento estratégico, definição de missão, identificação de valores....blá blá blá). Passemos das palavras e dos lugares comuns à prática (e esta afirmação também pode não ser mais que um lugar comum...)
Como apontamento final, a manifestação de perplexidade perante a falta de jeito com que todo o processo de encerramento das maternidades foi transmitido pelo Ministério da Saúde à opinião pública. O Ministro merece adjuntos mais competentes na percepção do que é informar, esclarecer e, porque não? educar a população.
Saudações
Em toda esta discussão de fecha maternidade, não fecha maternidade, parece-me que continuamos a esgrimir argumentos abstractos e emocionais, esquecendo aquilo que é a realidade. A lembrar:
1. qual é a semelhança (ou a diferença) entre as vias de comunicação de há 20 anos e as actuais?
2. quantas horas demorava uma viagem de Vila Real ao Porto ou de Faro a Lisboa e quantas demora agora?
3. era imaginável para o comum dos cidadãos ir de Castelo Branco a Lisboa, tratar de um qualquer assunto e regressar no mesmo dia?
4. qual era a taxa da população em idade fértil? (não falo em taxa de natalidade). Qual é actualmente?
Para concluir, lembro que os serviços de saúde estão inseridos na dinâmica social global. Os seus prestadores não são santos, nem pecadores, mas tão somente homens. Compete aos que têm responsabilidades de gestão e definição de políticas a indicação firme de quais as direcções a seguir (planeamento estratégico, definição de missão, identificação de valores....blá blá blá). Passemos das palavras e dos lugares comuns à prática (e esta afirmação também pode não ser mais que um lugar comum...)
Como apontamento final, a manifestação de perplexidade perante a falta de jeito com que todo o processo de encerramento das maternidades foi transmitido pelo Ministério da Saúde à opinião pública. O Ministro merece adjuntos mais competentes na percepção do que é informar, esclarecer e, porque não? educar a população.
Saudações
Maria
2 Comments:
«Ainda a respeito da "polémica das maternidades", gostaria de transmitir o seguinte testemunho.
Sou pai de três filhos nascidos em Lisboa, cada um em seu Hospital, mas todos em blocos de partos dotados de adequadas condições técnicas e humanas. Um deles nasceu prematuro e aspirou líquido amniótico à nascença, obrigando ao seu internamento imediato em Cuidados Intensivos durante uma semana. Outro foi retirado a forceps pela segunda obstetra de serviço, já que a primeira se revelou incapaz. Embora admita que ambos foram vítimas de erro médico, que não é exclusivo desta ou daquela unidade hospitalar, tenho também a consciência de que o desfecho poderia ter sido trágico, não fossem os meios existentes nesses Hospitais.
Só por isso, já seria sensível à racionalização de uma rede em que o número de profissionais qualificados se reduziu (pela cedência a interesses corporativos nos anos 80 e 90) e em que o número de nascimentos tem diminuído continuamente. A par destas tendências, são também de referir a incapacidade financeira do país para dotar toda a rede actual de meios adequados às exigências técnicas crescentes. De resto, não seria racional fazê-lo se atentarmos no despovoamento do interior e na forte melhoria das acessibilidades que, por exemplo, colocaram Barcelos a 18 km de Braga, por auto-estrada.
Sendo certo que a rotação dos profissionais num bloco requer pelo menos três profissionais de cada especialidade - quando um está de "banco" e outro de "folga", o terceiro está de "prevenção", a menos que esteja de férias e o segundo assegure a "prevenção" -, chega-se à conclusão óbvia de que qualquer bloco terá de ter mais de 20 profissionais, para além do pessoal administrativo e auxiliar. Como é possível manter um bloco de partos, onde nasce uma criança por dia ou de 2 em 2 dias?
É contristado que observo a ignorância dos mandaretes locais e o cinismo de alguma oposição, uns e outros incendiando populações e esquecendo (ou fazendo por esquecer) que a distribuição dos equipamentos públicos pelo território impõe uma lógica de rede e critérios de eficiência, que ultrapassam a simples lógica municipal.»
Eduardo Gravanita, causa nossa
Já agora é também bom desarmar o argumento de que quem vai nascer numa determinada maternidade deixa de "ser filho" de onde quer que seja.
Na verdade, desde há anos a esta parte que é possível registar um filho como sendo natural de um de dois locais: o local do nascimento efectivo (maternidade, hospital, etc.) ou o local da residência dos pais.
Quanto ao resto, é verdade que o Governo não explicou o que, na verdade, qualquer pessoa de bom senso já percebeu e que não carece de explicação. Mas também não estou a imaginar que qualquer tentativa de explicação antecipada tivesse um resultado diferente...
Last but not least - se este Governo tivesse colocado no seu programa todas as decisões que tem de tomar (muitas delas colidindo com interesses individuais mas tendo como horizonte o bem comum), não teria sido sequer eleito. O que seria lamentável, pois este é, provavelmente, o melhor governo que temos desde 1974. Que é como quem diz, desde sempre...
Antonio Marques, JPúblico
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