Competência dos Profissionais
Só uma achega à questão da competência técnica dos profissionais que exercem a sua actividade nas maternidades:
1. O exercício da medicina (neste caso da obstetrícia) depende de dois factores: a preparação teórica, que se atinge através do estudo e actualização contínuos e a prática,que é obtida no dia a dia.
2. Para um médico ser considerado especialista, deve cumprir um curriculo qualitativo e quantitativo, sem o qual não se pode propor a exame para obtenção do título correspondente à qualificação;
3. Como qualquer procedimento que envolva actividade humana coordenada, também os procedimentos médicos exigem treino e execução regular. Os pilotos têm de ter um mínimo de horas de voo para manter o brevet, um engenheiro manter uma actividade regular para ser credível, um médico o número de actos que garanta a melhor execução...
4. O dito é particularmente pertinente na obstetrícia, em que quando um parto é normal não será abusivo dizer que correrá bem em qualquer circunstância (a não ser assim, a espécie não se teria mantido e propagado...). Quando as complicações surgem é que são necessários os tão invocados recursos técnicos! Que no caso dos partos, devemos reconhecer serem bastante "primários"; forceps, ventosa, cesareana... Se não for a perícia, desenvolvida e mantida pelo treino, do obstetra ou parteira, como vai correr o parto? Será motivo de grande satisfação o nado morto ou (talvez pior) o recém nascido com sequelas para o resto da vida? Poderá ser um infeliz, mas nasceu na terra dos seus antepassados!
O que é isto, meus senhores?
Convicção sincera provocada pelo atraso cultural e formativo?
Razões políticas?
Bairrismo primário?
Não seria bom que toda essa energia fosse canalizada para causas mais sociais?
Para terminar e porque acredito que a espécie humana é dotada da capacidade de raciocínio, não seria melhor os Senhores Administradores Hospitalares que acusam o Ministro da Saúde de intenções meramente economicistas, aplicarem essas preocupações nos hospitais que administram?
Saudações
1. O exercício da medicina (neste caso da obstetrícia) depende de dois factores: a preparação teórica, que se atinge através do estudo e actualização contínuos e a prática,que é obtida no dia a dia.
2. Para um médico ser considerado especialista, deve cumprir um curriculo qualitativo e quantitativo, sem o qual não se pode propor a exame para obtenção do título correspondente à qualificação;
3. Como qualquer procedimento que envolva actividade humana coordenada, também os procedimentos médicos exigem treino e execução regular. Os pilotos têm de ter um mínimo de horas de voo para manter o brevet, um engenheiro manter uma actividade regular para ser credível, um médico o número de actos que garanta a melhor execução...
4. O dito é particularmente pertinente na obstetrícia, em que quando um parto é normal não será abusivo dizer que correrá bem em qualquer circunstância (a não ser assim, a espécie não se teria mantido e propagado...). Quando as complicações surgem é que são necessários os tão invocados recursos técnicos! Que no caso dos partos, devemos reconhecer serem bastante "primários"; forceps, ventosa, cesareana... Se não for a perícia, desenvolvida e mantida pelo treino, do obstetra ou parteira, como vai correr o parto? Será motivo de grande satisfação o nado morto ou (talvez pior) o recém nascido com sequelas para o resto da vida? Poderá ser um infeliz, mas nasceu na terra dos seus antepassados!
O que é isto, meus senhores?
Convicção sincera provocada pelo atraso cultural e formativo?
Razões políticas?
Bairrismo primário?
Não seria bom que toda essa energia fosse canalizada para causas mais sociais?
Para terminar e porque acredito que a espécie humana é dotada da capacidade de raciocínio, não seria melhor os Senhores Administradores Hospitalares que acusam o Ministro da Saúde de intenções meramente economicistas, aplicarem essas preocupações nos hospitais que administram?
Saudações
Maria
7 Comments:
Quem anda a tramar CC?
É a segunda vez que um estudo da ENSP contraria (?) afirmações do Ministro da Saúde.
Foi o que se verificou nos HH SA's e é o que agora se verifica no estudo sobre as maternidades.
O caso de Barcelos-Braga é de realçar.
É correcto pensar-se que a maior mortalidade dos grandes HH se associa à "desnatação" (palavra de ministro) mas que dizer do H. S. João por comparação com Coimbra e Sta. Maria?
Depois haverá que demonstrar também que assim é. Ou será que não existem outras explicações para a maior incidência de mortalidade nas maiores maternidades?
Não é para aí, também, que são encaminhadas as parturientes de risco dos HH e clínicas particulares? E não é também aí que os médicos que trabalham (também) na privada acolhem as suas clientes de maior risco?
Não sei. Mas sabemos que é assim nas diversas áreas de especialidade. Quando as coisas correm mal nos privados, os doentes são reencaminhados para os HH públicos.
Eu já aqui tinha perguntado pelos dados da mortalidade perinatal...
Caro Raven
Parabéns, caro "muito provavelmente(...) pseudónimo" Xavier, pelo destaque que lhe foi conferido pela EGP.
O destaque deve ser dado ao semmisericórdia que é o autor do trabalho que foi postado aqui na SaudeSA.
O trabalho foi enviado por email com a identificação do seu autor (semmisericórdia).
Recebi um mail muito simpático do assessor do CC, Dr. Rui Aguiar,(dirigido ao Xavier) a agradecer a colaboração.
É ridiculo agora aparecer a referência ao xavier51. Prova de que não ligaram nenhuma à consulta pública.
MSP- O INE dispõe de dados a mortalidade perinatal.
Guido Baldo - O MSP é da Póvoa do Varzim. Penso que terá de ser ele a dar a bola de saída.
Excelente post.
Evidentemente sem casuística não é possível o treino necessário e não está a assegurada a qualidade das prestações.
A decisão de CC tem por base um trabalho bem efectuado e actualizado que mais será preciso.
O que este caso demonstra, mais uma vez, é que as coligação corporações profissionais e o poder local tudo farão para que qualquer reforma, por mais bem pensada, estará sempre sujeita ao fracasso caso belisque ao de leve os interesses destes senhores.
Portugal ao fundo
Não temos dinheiro para mandar cantar um cego, mas ficamos todos arrepiados quando se fala de economicismo.
É necessário reorganizar, concentrar, obter ganhos de eficiência.
A decisão política está muito bem fundamentada. Muitas maternidades e escolas terão de fechar.
O zé povinho prefere que o país feche todo de uma vez. Assim ninguém se fica a rir.
Mesmo considerando indicadores sensíveis, que podem melindrar alguns profissionais, o ministro da Saúde tem a obrigação de ser mais claro. Não basta ter razão. É preciso demonstrá-la. E até agora as explicações que ouvimos são insuficientes.
António José Teixeira
Mas o que é que falta explicar ?
a) - O número de partos em Portugal reduziram de duzentos para cem mil;
b) - A decisão política foi tomada com base num estudo conduzido por peritos;
c) - As maternidades têm falta de segurança: o n.º baixo de partos não permite o treino necessário; falta de pessoal médico.
d) - A situação económica obriga à efectuação de concentrações;
e) - As alternativas foram estudadas e estão prontas a dar resposta;
f) - Os casos mais graves já eram encaminhados para Hospitais com melhores condições.
Se as parturientes de risco têm de se deslocar porque é que as outras mulheres não o podem fazer ?
g)- A concentração permite ultrapassar as carências de pessoal médico.
A histórica coligação corporações da Saúde / poder local, com o apoio dos jornalistas de serviço aí está para lutar para que tudo fique na mesma.
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