quinta-feira, maio 11

Competência dos Profissionais

Só uma achega à questão da competência técnica dos profissionais que exercem a sua actividade nas maternidades:
1. O exercício da medicina (neste caso da obstetrícia) depende de dois factores: a preparação teórica, que se atinge através do estudo e actualização contínuos e a prática,que é obtida no dia a dia.
2. Para um médico ser considerado especialista, deve cumprir um curriculo qualitativo e quantitativo, sem o qual não se pode propor a exame para obtenção do título correspondente à qualificação;
3. Como qualquer procedimento que envolva actividade humana coordenada, também os procedimentos médicos exigem treino e execução regular. Os pilotos têm de ter um mínimo de horas de voo para manter o brevet, um engenheiro manter uma actividade regular para ser credível, um médico o número de actos que garanta a melhor execução...
4. O dito é particularmente pertinente na obstetrícia, em que quando um parto é normal não será abusivo dizer que correrá bem em qualquer circunstância (a não ser assim, a espécie não se teria mantido e propagado...). Quando as complicações surgem é que são necessários os tão invocados recursos técnicos! Que no caso dos partos, devemos reconhecer serem bastante "primários"; forceps, ventosa, cesareana... Se não for a perícia, desenvolvida e mantida pelo treino, do obstetra ou parteira, como vai correr o parto? Será motivo de grande satisfação o nado morto ou (talvez pior) o recém nascido com sequelas para o resto da vida? Poderá ser um infeliz, mas nasceu na terra dos seus antepassados!
O que é isto, meus senhores?
Convicção sincera provocada pelo atraso cultural e formativo?
Razões políticas?
Bairrismo primário?
Não seria bom que toda essa energia fosse canalizada para causas mais sociais?

Para terminar e porque acredito que a espécie humana é dotada da capacidade de raciocínio, não seria melhor os Senhores Administradores Hospitalares que acusam o Ministro da Saúde de intenções meramente economicistas, aplicarem essas preocupações nos hospitais que administram?
Saudações
Maria

7 Comments:

Blogger tonitosa said...

Quem anda a tramar CC?
É a segunda vez que um estudo da ENSP contraria (?) afirmações do Ministro da Saúde.
Foi o que se verificou nos HH SA's e é o que agora se verifica no estudo sobre as maternidades.
O caso de Barcelos-Braga é de realçar.
É correcto pensar-se que a maior mortalidade dos grandes HH se associa à "desnatação" (palavra de ministro) mas que dizer do H. S. João por comparação com Coimbra e Sta. Maria?
Depois haverá que demonstrar também que assim é. Ou será que não existem outras explicações para a maior incidência de mortalidade nas maiores maternidades?
Não é para aí, também, que são encaminhadas as parturientes de risco dos HH e clínicas particulares? E não é também aí que os médicos que trabalham (também) na privada acolhem as suas clientes de maior risco?
Não sei. Mas sabemos que é assim nas diversas áreas de especialidade. Quando as coisas correm mal nos privados, os doentes são reencaminhados para os HH públicos.

10:15 da manhã  
Blogger Peliteiro said...

Eu já aqui tinha perguntado pelos dados da mortalidade perinatal...

8:17 da tarde  
Blogger xavier said...

Caro Raven
Parabéns, caro "muito provavelmente(...) pseudónimo" Xavier, pelo destaque que lhe foi conferido pela EGP.

O destaque deve ser dado ao semmisericórdia que é o autor do trabalho que foi postado aqui na SaudeSA.

O trabalho foi enviado por email com a identificação do seu autor (semmisericórdia).
Recebi um mail muito simpático do assessor do CC, Dr. Rui Aguiar,(dirigido ao Xavier) a agradecer a colaboração.
É ridiculo agora aparecer a referência ao xavier51. Prova de que não ligaram nenhuma à consulta pública.

8:27 da tarde  
Blogger xavier said...

MSP- O INE dispõe de dados a mortalidade perinatal.

Guido Baldo - O MSP é da Póvoa do Varzim. Penso que terá de ser ele a dar a bola de saída.

8:33 da tarde  
Blogger saudepe said...

Excelente post.
Evidentemente sem casuística não é possível o treino necessário e não está a assegurada a qualidade das prestações.

A decisão de CC tem por base um trabalho bem efectuado e actualizado que mais será preciso.
O que este caso demonstra, mais uma vez, é que as coligação corporações profissionais e o poder local tudo farão para que qualquer reforma, por mais bem pensada, estará sempre sujeita ao fracasso caso belisque ao de leve os interesses destes senhores.

8:41 da tarde  
Blogger saudepe said...

Portugal ao fundo

Não temos dinheiro para mandar cantar um cego, mas ficamos todos arrepiados quando se fala de economicismo.

É necessário reorganizar, concentrar, obter ganhos de eficiência.
A decisão política está muito bem fundamentada. Muitas maternidades e escolas terão de fechar.
O zé povinho prefere que o país feche todo de uma vez. Assim ninguém se fica a rir.

9:19 da tarde  
Blogger ricardo said...

Mesmo considerando indicadores sensíveis, que podem melindrar alguns profissionais, o ministro da Saúde tem a obrigação de ser mais claro. Não basta ter razão. É preciso demonstrá-la. E até agora as explicações que ouvimos são insuficientes.
António José Teixeira

Mas o que é que falta explicar ?

a) - O número de partos em Portugal reduziram de duzentos para cem mil;
b) - A decisão política foi tomada com base num estudo conduzido por peritos;
c) - As maternidades têm falta de segurança: o n.º baixo de partos não permite o treino necessário; falta de pessoal médico.
d) - A situação económica obriga à efectuação de concentrações;
e) - As alternativas foram estudadas e estão prontas a dar resposta;
f) - Os casos mais graves já eram encaminhados para Hospitais com melhores condições.
Se as parturientes de risco têm de se deslocar porque é que as outras mulheres não o podem fazer ?
g)- A concentração permite ultrapassar as carências de pessoal médico.

A histórica coligação corporações da Saúde / poder local, com o apoio dos jornalistas de serviço aí está para lutar para que tudo fique na mesma.

12:39 da manhã  

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