Rede Cuidados Continuados
A revista GH link n.º 17 de Maio 2006, insere uma interessante entrevista com a Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Maria Augusta de Sousa link:
GH – Como vê a proposta da Rede de Cuidados Continuados (RCCI)?
MAS – É uma exigência nacional. É mesmo uma emergência. Nós temos, neste País, uma dificuldade objectiva de garantir interfaces entre os cuidados que necessitam de grandes recursos tecnológicos e os que necessitam menos. Tenho algumas reservas sobre a sua implementação.
GH – Porquê?
MAS – Estamos a falar de uma rede que obriga a que se reequacione, se redimensione os próprios hospitais e valências existentes e se valorize outra valência. Isto não é fácil. É dizer que o Hospital de Santa Maria em vez de ter X camas com X valências diminui essas camas para ter outro tipo de valência que é o suporte necessário aos cuidados continuados. Há quadros mentais, profissionais e estruturais…
GH – De que área profissional?
MAS – Todas as áreas profissionais vão ter de se adoptar a uma nova filosofia de cuidados. Mas é bom termos a noção de que a maioria dos cuidados hospitalares estão fortemente condicionados pela organização dos cuidados médicos.
E há outra vertente. Muitas das misericórdias deste País apetrecharam-se para cuidados altamente tecnológicos – montaram blocos operatórios – isto são cuidados continuados?
entrevista de marina caldas, Maio 2006
Partilhamos o cepticismo da bastonária : temos muitas reservas sobre o êxito deste projecto.
6 Comments:
Resultados 2005 dos HH SA's
Lentamente, como convém (?) vão sendo publicados os Relatórios e Contas dos HH EPE’s (ex-SA's).
Desta vez foi dado a conhecer o Relatório e Contas do Hospital de São Gonçalo, S.A..(página dos hospitaisepe)
Vamos pois deixar algumas notas sobre os resultados e a actividade de 2005 daquele hospital.
Uma primeira nota vai para o facto de este relatório ser apresentado como Hospital São Gonçalo, EPE – Relatório e Contas 2005 e aparecer na primeira página como Relatório e Contas – Hospital São Gonçalo, S.A..
Apesar de me parecer ser um lapso, pois todas as referências seguintes são “EPE”, tenho dúvidas sobre se não seria afinal a apresentação como S.A. a mais correcta, já que só em 31 de Dezembro de 2005 ocorreu a transformação. Mas admito não ser errada a apresentação como EPE. A verdade é que os SA’s, em 2002, viram-se a elaborar dois relatórios distintos (SPA e SA).
A certo passo do relatório e contas pode ler-se:”imensos créditos que se perdem por prescrição e incapacidade económica dos devedores”…”aliado a determinações superiores acabam, por ser considerado incobráveis”.
Conhecemos bem este fenómeno da prescrição que é comum à generalidade dos hospitais e que tem muito a ver com o mau funcionamento dos Serviços de Gestão de Doentes e de Contencioso, mas também com a quase impossibilidade de rigorosa identificação de muitos utentes e causas de assistência nos Serviços de Urgência (em relação também com uma certa tradição de tolerância).
Vejamos os aspectos mais representativos da actividade desenvolvida e dos resultados obtidos:
1. De acordo com a Introdução, o HSG esteve durante mais de dois meses sem reunir o seu CA. Não sabemos se o facto de o CA não estar completo (?) era razão só por si impeditiva. Mas uma coisa parece certa: mais de dois meses sem reunir o CA é algo de anormal e que bem pode ter influenciado os resultados atingidos;
2. O modelo de financiamento é apontado como uma das razões para o “desequilíbrio entre custos e proveitos”. Parecendo haver razões para que o modelo de financiamento se altere, a verdade é que no exercício de 2004 o desequilíbrio em causa foi bem menos significativo;
3. O relatório do CA dá conta de uma redução da actividade em termos de doentes tratados (-4%) e cirurgias, tanto urgentes como programadas (-13,5%);
4. A consulta externa cresceu 9,8% não constando informação sobre primeiras consultas e segundas consultas e a urgência foi procurada por mais 2% de utentes;
5. Verifica-se uma degradação da demora média (+7,5%) em ligação com o maior número de dias de internamento (+3,5%) contrastando com a redução do número de doentes tratados;
6. Verifica-se, também um aumento do número de análise clínicas quer por doente tratado quer por doente em Urgência;
7. Houve um agravamento de custos com MCDT realizados no exterior (+3,29%);
8. Verificou-se ainda um aumento dos custos com medicamentos (+5%), com reagentes (+1,4%), com material de consumo clínico (+15,4%) e com serviços de apoio (+3,38%);
9. Destacam-se os aumentos com electricidade (+24%) e lavandaria (+45,8%);
10. Os custos totais tiveram um aumento de 9,38%, com expressão nos RH (+8,5%, nos FSE (+20,7%) nos CMVMC (+6,96%).Esta evolução torna-se mais expressiva quando comparada com a actividade desenvolvida;
11. O exercício de 2005 fica ainda assinalado pelo significativo aumento do absentismo (+60%) e pelo aumento do número de trabalhadores ao serviço da empresa (+ 9 unidades) apesar da “produção ter sido sensivelmente a mesma” (?), como refere o CA.
Enfim,
Estamos perante mais um caso em que os resultados atingidos são manifestamente maus representando, além disso, uma agravamento em relação ao exercício anterior (2004).
Com efeito, o Hospital de Amarante viu os seus resultados operacionais passarem de 1,051 milhões de euros (negativos ) para 2,248 milhões de euros (negativos) o que traduz um agravamento de 137% , contribuindo para o resultado negativo do exercício de 1,641 milhões de euros (-148 654 euros em 2004).
Os resultados dos quatro hospitais que até agora viram divulgados os seus Relatórios e Contas parecem-nos defacto traduzir um recuo em relação ao que vinham sendo as respectivas evoluções.
Será importante conhecerem-se as verdadeira razões das alterações ocorridas, quando era importante conter o crescimento dos custos.
Haverá certamente razões para explicar que os custos deste hospital tenham aumentado 9,38% enquanto os seus proveitos cresceram 1,5%.
Alguma notas finais para referir ainda:
1. Na página 37 do relatório existe erro nas percentagens indicadas de aumento dos custos com pessoal (60,3% em vez de 8,5%). De igual modo estão erradas as percentagens indicadas para FSE (35,22% em vez de 20,7%9 e CMVMC (9% em vez de 6,96%);
2. Ainda na página 37 aparece o capítulo 5.3 – Evolução dos principais indicadores de recursos humanos. O que surge a seguir, nada tem a ver com tais indicadores pois são, com efeito, indicadores económico-financeiros (lapso, como se depreende).
3. Na página 57 em vez de “repensado” por 998 acções deverá ser “representado” por 998 acções (novo lapso).
Excelente entrevista da senhora Bastonária.
Certeira quando afirma que
os enfermeiros das instituições
hospitalares têm demonstrado especial aptidão para a gestão dos hospitais, uma vez que "tradicionalmente, foram durante muito tempo os gestores operacionais dos serviços, dos recursos humanos. E também participaram directamente na gestão dos hospitais em termos de conselho de administração. Esta mais-valia do histórico da enfermagem em termos de gestão em coisas básicas de uma unidade…"
Quanto aos médicos a senhora bastonária entende que estes não têm a mesma noção.
"Só agora é que alguns começam a pensar que têm de perceber alguma coisa desta matéria".
Muito preparada esta semhora Bastonária.
Uma matéria em relação à qual a senhora Bastonária não manifestou interesse:
A prescerição de medicamentos pelos enfermeiros.
Em alguns países como o RU e o Canadá é prática corrente.
From 1 May 2006, the Nurse Prescribers Extended Formulary was discontinued and qualified Nurse Independent Prescribers (formerly known as Extended Formulary Nurse Prescribers) are now able to prescribe any licensed medicine for any medical condition within their competence, including some Controlled Drugs. Any additional training needs should be addressed through continued professional development
Relativamente à autonomia dos Enfermeiros para prescreverem medicamentos estão previstas as seguintes categorias:
Community Practitioner Nurse Prescribers
Community Practitioner Nurse Prescribers (formerly known as District Nurse/Health Visitor prescribers)
Supplementary Prescribers
nurses acting as supplementary prescribers can prescribe any medicine which could be prescribed by an NHS doctor including controlled drugs and unlicensed medicines as agreed by the patient and the doctor as part of a patient’s clinical management plan.
Many nurse prescribers already having a dual, independent prescribing and supplementary prescribing qualification
Nurse Independent Prescribers
These prescribers will be able to prescribe any licensed medicine including Prescription Only Medicines for any medical condition within their level of experience and competence. They will however only be able to prescribe a limited number of controlled drugs in accordance with restrictions imposed in the regulations.
Emergency supply requests
All four of the above types of prescriber may request in an emergency the supply of a prescription only medicine which is not a Schedule 1, 2 or 3 controlled drug, if they would otherwise be entitled to prescribe that drug. As with requests made by a doctor, the prescriber must give an undertaking to furnish a prescription within 72 hours.
Independent/Private Sector
All four types of prescriber can privately prescribe all medicines which they would be entitled to prescribe on the NHS (Nurses independent prescribers or supplementary prescribers prescribing controlled drugs privately will be required to use the new FP10PCD Form). Private prescribers are not prohibited from prescribing blacklisted medicines and are not bound by the SLS Provisions.
Acabo de ser "tocado" por uma notícia chocante.
Segundo a SIC-Notícias poderá ter surgido a primeira vítima do encerramento da Maternidade de Elvas.
Uma jóvem, grávida de 24 semanas, terá abortado ao fim da tarde de ontem depois de ter seguido de Elvas para Portalegre, por falta de obstetra.
Como de costume, a ARS do Alentejo terá já ordenado a abertura de um inquérito.
As razões a apurar, sejam quais foram, não deixarão de ser preocupantes, até porque, segundo a notícia, no percurso para Portalegre não houve acompanhamento clínico da doente.
Situações como esta todos os dias acontecem. Mas CC vai certamente ser apontado (pela opinião pública)como "um dos responsáveis deste caso" e certamente vai perder algumas noites de sono.
Dirão outros que o desenlace poderia ter sido o mesmo se a jóvem fôsse atendida em Elvas. Mas, (Senhor Ministro da Saúde) "é preciso ter "azar".Deus me livre de estar no seu lugar!
Os casos graves já eram transferidos para Portalegre e Évora.
Segundo a notícia, este caso não foi referênciado como grave pelos responsáveis do Hospital de Santa Luzia(transporte não acompanhado por enfermeiro ou médico).
O azar foi da jovem que morreu.
Evidentemente que há que apurar responsabilidades.
Evidentemente que o ministro não tem culpa nenhuma.
Evidentemente que é pouco ou nada ético estar a especular com estas situações.
Mas quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
Uma breve correcção
A jóvem não morreu. Houve um aborto e quem morreu foi o feto (penso que é isso que o tambemquero quer dizer).
Depois não se trata de especular. A verdade é que sempre ficará a dúvida de se saber se o aborto ocorreu por falta de assistência e se teria ocorrido caso pudesse ter havido acompanhamento imediato em Elvas.
Não disse que CC é culpado. Acho que a decisão de encerrar a maternidade é da sua responsabilidade e como tal, a opinião pública tenderá a imputar-lhe responsabilidade moral no ocorrido.
Eu no lugar de CC não deixaria de me sentir, no mínimo, incomodado. E logo por "azar" o caso surgiu no primeiro dia da entrada em vigor do encerramento.
Coloquemo-nos no lugar das vítimas...Quê diríamos?
Fica claro?!
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