quinta-feira, agosto 17

Encerramento dos SAP

José Manuel Silva, presidente do Centro Regional do Centro da Ordem dos Médicos, bate forte e feio no programa de encerramento dos SAP, num artigo publicado no JN (15.08.06) link

"(...) De facto, o senhor ministro pretende encerrar todos os SAP's de Portugal. Já o começou a fazer, no Centro do país, mas ainda ninguém conhece a prometida rede de Unidades Básicas de Urgência, nem os respectivos critérios de localização e equipamento, muito menos o que significam exactamente e o regulamento das ditas "Consultas Abertas", que serão criadas em substituição. Na realidade, o senhor ministro prepara-se para fechar todos os SAP's, que funcionavam durante as 24h do dia (admitimos que alguns não se justificaria continuarem abertos), e abrir as "Consultas Abertas", apenas durante o dia. Como serão somente "Consultas Abertas", irão ter ainda menos recursos técnicos e humanos que os SAP's, se bem que, no terreno, irão desempenhar precisamente as mesmas funções… "

A região Centro, onde decorre presentemente o encerramento de SAP, foi a que registou menor adesão às USFs.
A resistência da classe médica a esta mudança terá sido correctamente avaliada pelo ministro da saúde?

O que aconselha o relatório do OPSS:

Torna-se assim decisivo para a requalificação dos cuidados de proximidade que seja ultrapassada a presente situação, aparecendo as UBU como uma alternativa mais vantajosa, quer ao fazerem crer na prestação de cuidados de urgência/emergência adequados, quer ao propiciarem condições para o aumento do acesso às consultas no médico de família.

Mas, para que tal aconteça há um quadro prévio de condições a cumprir por parte dos promotores da reforma:
a) O estudo para a sua implantação deverá ser rigoroso, incorporando os dados demográficos, de tempo de deslocação e de necessidades em saúde;
b) Não deverão ser encerrados serviços sem que antes se tenham criado melhores alternativas para os cidadãos, mesmo que um pouco mais longe, mas ainda e sempre em proximidade e tecnicamente mais apetrechadas;
c) Todo o processo deverá ser escrupulosamente transparente, criando-se um necessário espaço de pedagogia e de discussão sobre as propostas a implementar, nunca esquecendo autarcas, políticos e outras lideranças locais.

A não ser cumprido este quadro de condições corremos o risco de uma vez mais sermos confrontados com uma intervenção política assente em soundbytes, propiciadora do reaparecimento cíclico de contra-respostas de teor regionalista e populista e, como balanço final, com a impossibilidade de se reverter, pela positiva, a actual situação de proliferação dos SAP.

3 Comments:

Blogger Peliteiro said...

Quem diria, Dr. Pires, quem diria...

1:44 da manhã  
Blogger ORTOPÉDICO said...

Continuamos com uma política economicista de saúde, abandonou-se de vez a política de qualidade.
Vamos continuar a assistir ao desmantelamento do SNS no que ele tem de bom e de mau logo que isso signifique menor gasto e desgaste da classe médica.
Viva a economia fora com a saúde dirá o Ministro CC.

1:09 da tarde  
Blogger tambemquero said...

Se CC não muda de técnica e estilo, a reforma dos CSP e as USF arriscam-se a ser mais um estrondoso fracasso, depois de terem sido um estrondoso sucesso antes de começar a sua implementação.

4:57 da tarde  

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