Privatização do SNS
Entre nós a reforma da Saúde avança -entre críticas contidas do pessoal da saúde e exercícios mediáticos relampejantes de CC - com encerramento de Maternidades e SAPs, aumento das taxas moderadoras e ameaços de alteração do modelo de financiamento.
No RU, a ministra da saúde, Patricia Hevitt (PH), face à próxima saída de Blair, tenta acelerar o processo de reforma, privatizando serviços (NHS Logistics), encerrando serviços de urgência (A&E - accident and emergency), ameaçando abater à rede 60 trusts com piores resultados (cá são apenas castigados com despromoção ao SPA), perante um cortejo de greves e críticas de quase todos os sectores.
Para o ministro sombra Andrew Lansley: “ Se o que Patricia Hevitt entende por reforma é o encerramento das urgências locais, a perda de mais de 20 mil postos de trabalho, enfermeiras que não conseguem colocação, cortes no NHS para obtenção de ganhos políticos e défices nunca antes atingidos, então não queremos estas reformas."
Por sua vez, o Dr Beverly Malone, secretário geral do Royal College of Nursing defende : nós não estamos contra as reformas. O que nós queremos é que a reforma seja testada e não prossiga sem uma consulta expressiva ao pessoal da saúde e aos cidadãos.
PH justifica a privatização de serviços com a necessidade de introduzir competitividade no sector da Saúde. Para a ministra o importante não é saber se a organização é publica, privada ou social, mas se pode fornecer os melhores serviços aos utentes do NHS. Esta é a razão, segundo PH, para que haja necessidade de introduzir competitividade no sistema de saúde.
Para PH as mudanças e reformas em curso são compatíveis com os valores tradicionais do NHS, cujo valor fundamental se exprime na fórmula: (core values of a tax-funded NHS) "free at the point of need", a qual, segundo PH, não é negociável (a ver vamos...).
A ver vamos como serão tratados os valores fundamentais do nosso Serviço Nacional de Saúde, após a discussão do novo modelo de financiamento.
Já estou a ver CC na TV, após ter autorizado o financiamento do SNS baseado em co-pagamentos dos cidadãos, enfatizar: “Se me perguntarem se estou a privatizar o SNS eu responder-vos-ei: Nunca!
Se me perguntarem se estou a transformar o SNS eu responder-vos-ei : Certamente !
Nota: Elaborado com base no artigo “Hewitt defends private involvement in NHS” publicado no do The Guardian, 19.09.06 link
2 Comments:
Interessante esta ideia do Xavier de tentar estabelecer paralelo entre o processo de reforma do NHS e do SNS.
Talvez por estas e por outras a popularidade de Blair está pelas ruas da amargura. Por cá...ainda é cedo mas lá chegaremos com a ajuda de ministros como CC.
A viagem ao Brasil deve lhe ter baralhado as ideias!
Taxas moderadoras nos internamentos e cirurgias do ambulatório só na cabeça de tão ilustre professor.
As consequências só poderão ser a degradação da qualidade e acesso dos Serviços de Saúde/SNS.
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