sexta-feira, outubro 27

Em busca da Árvore das Patacas


(...) A tarefa revela-se tanto mais difícil quanto o sector público prestador, por não viver num ambiente concorrencial, não ter tensão criativa nem uma cultura de avaliação correlativa. Mais, no final do dia, mesmo que seja mal gerido o dinheiro desperdiçado acabará sempre por aparecer. As administrações até podem cair, mas o resto da organização fica e não é responsabilizada nem prejudica a sua carreira. Quem nunca ouviu a frase “ os Ministros vêm e vão, nós ficamos”.
Não fazer nada constitui uma verdadeira irresponsabilidade ética porque o risco de colapso financeiro do sistema é real e, se nada se fizer, este condicionará, a prazo, a capacidade de acesso dos menos favorecidos ao sistema. Antes disso, será lícito pedir à população activa do país que pague mais impostos não para financiar a equidade do acesso à saúde, mas para fazer face ao desperdício.(...)
link
isabel vaz, DE 24.10.06

A engenheira Isabel Vaz traça o habitual quadro de perdição do SNS: esbanjador, irresponsável, a afundar em desperdício, impostos a aumentar, corte do acesso aos mais desfavorecidos.
Felizmente há o BES para salvar o SNS. Se querem salvar o SNS, vão ao BES!
A reclamação é clara: O Estado deve dar hipótese aos privados de mostrar que são mais eficientes que o sector público. Com os privados a salvação acontece naturalmente, os impostos baixam e viveremos felizes para sempre.

A banha da cobra habitual. A desonestidade intelectual na incapacidade de demonstrar que o BES fará melhor. Basta ver os cuidados que o BES presta (e quem são os seus clientes) para nos apercebermos que tipo de cuidados está apta a prestar.
A oportunidade que IV reclama é a entrada num sector de reduzida concorrência, risco reduzido, rendimento assegurado durante largos anos, face a um Estado fraco regulador e à mercê dos ciclos políticos.
clara gomes

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11 Comments:

Blogger xavier said...

Para trabalhos de manutenção da Blogger estivemos parados a partir das 22.30 horas, pelo que apresentamos as nossas desculpas.

2:03 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Esta coisa de vez em quando não "entra" e lá se vai o trabalho de um comentário. Mais logo voltarei para repôr o comentário sobre este texto da Clara.
Agora e para que logo pela manhã os "amigos de CC" possam meditar, deixo a seguinte passagem do DN relacionada com a sondagem que publica:
"...Ainda pior que eles está o titular da pasta da Saúde, Correia de Campos, que já era o ministro mais impopular em Setembro e cai agora outros 13 por cento, atingindo uma cifra impressionante: 34 pontos negativos."
Ai António Fernando, António Fernando!...

2:05 da manhã  
Blogger saudepe said...

Isto são as mensagens periódicas do "pipe line" para CC.
A dizer que está vivo e de boa saúde pronto para assumir o que o Estado lhe quiser dar do prometedor sector da Saúde.

Acontece que há muita gente que acha piada a esta senhora.
Reconheço que a engenheira Isabel tem lata a falar do que não sabe. E isso é tido como um bom handicap para fazer o marketing necessário.

Como aqui já foi referido a empresa desta senhora tem-se apresentado nos concursos das parcerias disposta a ganhar a qualquer preço, na esperança que os ciclos políticos sejam propícios às necessárias correcções.

9:06 da manhã  
Blogger saudepe said...

Para o ex do comentário anterior:
Sobre CC tem-se dito aqui bem e mal de acordo com a sua actuacção governativa.
De si é que eu não tenho lido coisa nenhuma que se preste.
Será por causa de seu visível talento para envenenar que se autointitula de EX, qualquer coisa.

9:14 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Isabel vaz é o exemplo acabado da gestão giroflé. Muita ligeireza, marketing e análises rebuscadas.
E está bem.
Se o objectivo é fazer dinheiro, reproduzir o investimento o estilo Colgate é adequado.
Vamos ter, tudo o indica, a gestão coquepite no hospital universitário de Braga.
Triste destino.

9:31 da manhã  
Blogger tambemquero said...

Esta é para o EX:

VIVA o CC !

9:32 da manhã  
Blogger tonitosa said...

Este comentário, preciso e conciso, da Clara merece o nosso aplauso.
Sou dos que não defendem a exclusividade dos hospitais públicos, mas sou também um acérrimo defensor da existência de HH públicos que não têm o lucro com objectivo primeiro (e último) da sua actividade.
Na verdade Isabel Vaz faz parte daquele grupo de tecnocratas que acham que só eles são competentes e capazes e que o trabalhadores da Administração Pública são todos uns malandros e irresponsáveis. Mas frequentemente procuram mover influências junto desses mesmos trabalhadores da AP para atingirem objectivos de negócio.
Isabel Vaz, como outros, frequentemente fazem acusações de desperdício e falta de cultura de responsabilidade nos HH públicos. E fazem comparações com HH privados usando raciocínios intelectualmente desonestos. Eles sabem que nos HH privados o corpo clínico trabalha sobretudo por chamada. Eles sabem que nos "seus" hospitais não são asseguradas urgências por equipas médicas capazes de atender todo o tipo de doentes. E sabem que se um doente se dirige a um hospital particular tem que aguardar muitas vezes que o médico chegue ao hospital, depois de ser chamado. Mas sabem mais, como nós sabemos, se o caso não interessa economicamente ou é complicado o doente é remetido para os HH públicos. É isto que faz a diferença. Os HH privados não tem "obrigações" de serviço público e por isso a maior parte do seu trabalho corresponde a actividade programada. Os HH públicos que asseguram SU não se podem eximir das suas responsabilidades e estão obrigados a ter ao serviço equipas completas (médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares) durante 24 horas, sete dias por semana, para receber e tratar os doentes que se dirigem à Urgência.
Estes tecnocratas sabem também (ou se calahar nem sabem!...) que os seus hospitais vivem sobretudo do recurso a médicos e enfermeiros que não formaram, que não frequentam pos conta dos hospitais privados cursos e acções de formação; são os HH públicos que permitem que os seus hospitais (os privados) disponhem de técnicos altamente qualificados quase sempre formados nos HH públicos onde têm o seu principal emprego.
Mas...são estes tecnocratas que frequentemente acabam "asilados" na AP/HH públicos. E uma vez ali chegados não tardam a exigir o melhor gabinete, uma ou duas secretárias(os) pessoais, recrutam um batalhão de assessores (amigos contratados) e como não pode deixar de ser "o motorista" pessoal. Nas empresas conduziam o seu prórpio carro; nos HH públicos o motorista é sinal de estatuto. E ali vão eles, a caminho do Hospital, no banco de trás como convém, a ler o jornal que o motorista, solícito, logo pela manhã, recolheu na tabacaria da esquina.
E basta olharmos à nossa volta, para o nosso hospital ou para o hospital ali ao lado, para vermos que esta situação é real.
É isto que IV e outros se esquecem de referir nas suas apreciações prejorativas sobre os trabalhadores do Estado.

12:03 da tarde  
Blogger Xico do Canto said...

Permitam-me que cole um email que acabei de receber:
" Permitam-me que vos transcreva, de forma sintética, um artigo do Boletim Informativo do Clube de Campismo do Concelho de Almada, datado de Junho de 2005, da autoria de José Chitô.

Leiam, porque vale mesmo a pena!

Consta do seguinte:

Este senhor acordou um dia com um problema no olho direito.

Pareceu-lhe grave. Deslocou-se ao Hospital Garcia de Orta, em Almada (16 Abril 2005). Diagnóstico: deslocamento de retina. Só poderá recuperar com operação.

Segundo a opinião do oftalmologista a situação é grave e urgente.

Mas a lista de espera é muito grande: talvez 6 meses a um ano. O nosso amigo fica abismado, pois uma situação destas requer internamento imediato.Qual a solução que veio da boca do médico? A existência de um bom especialista em Setúbal, que ele próprio conhecia.

Lá vai o homem à consulta do referido especialista que lhe confirma o diagnóstico: tem que ser operado. Eu levo 3.000 euros por operar, mais 3.000 para a clínica e assistentes. TOTAL: 6.000 euros (1.200 contos). Por esta consulta

desembolsou 60 euros. Por achar este orçamento brutal, resolve marcar consulta para uma clínica em Badajoz. Devidoà urgência do caso, marcam-lha para o dia seguinte. É atendido meia hora depois de ter chegado.

Confirmam-lhe o diagnóstico. O especialista diz não haver tempo a perder,não tem datas livres, por isso vai ter de adiar operações menos urgentes para poder encaixar a dele.

Volta passado 10 minutos, com a data da operação: AMANHÃ ás 17 horas.

São1.200 euros (240 contos). Custo da consulta: 35 euros. A operação foi um um êxito! Nos 30 dias seguintes e sempre que se deslocou à Clínica, não pagou mais nada.

COMENTÁRIOS? Este país não tem salvação possível! E não sou daquelas que gostaria de ser espanhola, Deus me livre!

Reenviem para quantos amigos e conhecidos tenham, para que sejamos cidadãos informados e denunciantes deste SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE,completamente PODRE!"

Comentários, para quê?

3:49 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sim senhora engenheira...
Deve estar sempre à espera que as administrações caiam pelo seu mau desempenho e se acusem os profissionais de não colaborarem com os ojectivos da administração (são uns "galdérios estes funcionários públicos)
Já agora, também os Ministros que se forem embora que sejam substituídos por outros que confrontados com a "insustentabilidade" do SNS, modifiquem o regime empresarial do HH não a "conta-gotas" como até agora se tem feito, mas duma maneira radical e definitiva se acabe com os Hospitais públicos, privatizando-os totalmente, a exemplo do que se tem feito em outros sectores da economia.
O "lixo" é para deitar fora (despedimentos)mas alguns poucos ainda poderão ser reciclados (mobilização/requalificação)e com eles se evitarão os "desperdícios",se instituirá um ambiente concorrencional e a abundância nas mãos da srª.engenheira aparecerá.
Assim, estou certo que os mais desfavorecidos terão uma medicina de "gheto" gratuíta até morrerem da doença e os outros sobreviverão à custa duma medicina de excelência praticada nos Hospitais privados geridos pela sr.ª engenheira.

7:17 da tarde  
Blogger Clara said...

Caro Xico do Canto

Sabe muito bem que podemos apresentar centenas de casos idênticos ao seu.
Mas por cada mau exemplo, quantos casos exemplares de serviço público não poderemos apresentar. Muitos.
Mesmo Muitos.
É por isso que o nosso Serviço Nacional de Saúde é um dos melhores do mundo.
Analisar as coisas desta forma é pura demagogia. É uma forma pouco honesta de abordar os problemas.

O que está no futuro em causa é a troca do sistema que temos, com todos os seus defeitos e muitas virtudes, por um outro explorado por privados, naturalmente pago, porque na exploração privada não há borlas e onde o padrão de qualidade estará forçosamente dependente das margens de lucros planeadas.
Um abraço

8:27 da tarde  
Blogger tonitosa said...

Penso que a análise da Clara sobre o texto "inserido" pelo Xico do Canto merece alguma precisão. Na verdade o colega de blog limitou-se a "publicar" o email que recebeu, e de sua utoria surge apenas a expressão "comentários para quê".
Mas a situação merece comentários, porque sejam quais forem as razões, nada pode justificar que um Hospital Público onde todos os recursos existem, não dê rsposta a um caso que o médico diz ser grave e urgente. E todos sabemos que o deslocamento de retina é mesmo um dos casos "muito urgentes".
É verdade que felizmente, como diz a Clara, os casos positivos são muitos e muitos mais. É verdade. E também é verdade que esses não recebem da comunicação social (tb dum modo geral) o realce que devem ter. Mas um só caso como este é criticável e lamentável.
E não é isso que justifica o abandono do SNS. Pelo contrário, são estes caos que devem preocupar os responsáveis e em particular os governantes, levando-os a adoptar soluções que evitem a sua repetição no futuro.
Mas...correndo o risco de podermos ser injustos, no caso em apreço poderá sempre perguntar-se se a "falta de disponibilidade no Hospital de Almada" não terá sido um daqueles casos de angariação de clientes para a clínica privada.
Como quer que seja, do email que o Xico do Canto postou, não pode deixar de salientar-se a diferença entre o médico de Setúbal e a clínica de Badajoz (que possivelmente é privada). E isto faz parte, também dos problemas do SNS.
PS: São estas diferenças e esta forma de tratr dos problemas que o nosso amigo Dr. Pires deve ter presente quando fala de oferta e procura de serviços médicos.

11:39 da tarde  

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