domingo, outubro 22

Consulado de CC



Correia de Campos não teve oposição. A mais leve contestação foi sendo diferida para o PEC, o défice, a despesa pública e o orçamento. Governa tirando espaço ao PC, ao BE ao PSD e ao CDS. Notável. Vende, para a esquerda, que a decisão se apoia em estudos técnicos. E a esquerda compra. Para a direita, vende decisões determinadas pelo PEC. E a direita arremata, feliz. Tem frutos sem ter ónus.

Na administração pública nomeia, domina e ameaça.

Na clínica geral amalgamou inteligentemente a respectiva associação com a unidade de missão, anestesiou as lideranças e comprometeu as rebeldias. O jornal dos clínicos gerais prega o ecumenismo paroquial às USF's, com descaídas para noticiários tipo "Holla": "nos actuais centros de sáude as coisas são um pouco complicadas porque somos muitos e cada um tem uma maneira diferente de trabalhar. Em grupos mais pequenos é possível desenvolver trabalho em equipe" dizem as enfermeiras. Mas o ambiente de paradisíaca felicidade não termina por aqui: "com a autonomia que as USF vão gozar e as maiores responsabilidades que advêm para os profissinais da equipa, estes vão seguir critérios científicos de rigor na sua utilização (medicamentos e MCDT)".

A "inteligentzia" da política e da economia da saúde está em grupos de trabalho. Das parcerias. Da sustentabilidade. Do impacto financeiro.

É-me absolutamente irrelevante qualquer contestação a CC que hoje vive pendurado, mas não mais sustentado.

Pode ser ministro da saúde mais um dia ou mais dois anos. Pode ter a sua agenda própria, estudando a oportunidade dos momentos de saída, mais ou menos vitimizado.

CC é, objectivamente, uma peça política do primeiro ministro, arrotando margens de independência perante os fracos e subserviente dependência perante os fortes.

Traiu a esperança. Matou a expectativa. Desmobilizou recursos, vontades e saberes.

Pode deixar um defice contido. Pode passar à história como o fiel do orçamento. Mas esse foi um fim em si mesmo, ferindo a alavanca fundamental que, num país pobre, mais contribui para a inclusão e para a solidariedade entre os Homens: o SNS.
Guidobaldo

2 Comments:

Blogger tonitosa said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

2:19 da manhã  
Blogger tonitosa said...

A OM não vai certamente parar na defesa dos interesses da classe e o Senhor Ministro da Saúde vai acabar por ceder. Veja-se a posição da Ordem relativamente ao tratamento em farmácias de doentes com cancro, HIV e outros.
Vamos ter "guerra" pela certa. Veremos quem vence...mas há sempre alguém a perder que são os doentes.

2:20 da manhã  

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