Entrevista
Da entrevista de CC, publicada hoje no DE, seleccionámos os seguintes pontos link
Quanto vai receber o Estado com as novas taxas moderadoras nos internamentos?
Na totalidade, as taxas moderadoras, com os ajustamentos – isto é, a actualização de 5% –, representam um acréscimo de cerca de 2,5 milhões de euros. A criação da taxa de internamento dará qualquer coisa que não chega a dez milhões de euros.
É pouco dinheiro. Vale a pena?
É muito pouco, mas é simbólico, porque valoriza o acto, [médico], responsabiliza o paciente e o prestador. É qualquer coisa que torna os hospitais mais interessados na procura das receitas, quer nas taxas moderadoras, quer sobretudo nas receitas vindas de serviços prestados a companhias de seguros e subsistemas, onde tradicionalmente tem havido algum relaxamento, matéria que estamos obviamente a combater. Além disso, lamento que tenha passado despercebido na comunicação social que há uma enorme gama de pessoas isentas das taxas moderadoras: cerca de 55%.
Mas acha as taxas diferenciadas um bom princípio?
É possível e até desejável. Gostava de ter um instrumento que distinguisse entre a isenção total e o pagamento, que fizesse a separação por patamares, mas essa engenharia financeira é muito difícil porque torna o sistema inoperacional e muito sujeito a fraude. Isto acontece, aliás, já em nove países da UE.
Que áreas da despesa hospitalar o preocupam mais?
As horas extraordinárias e o descontrolo na aquisição de medicamentos e material de consumo clínico. Havia hospitais onde o reaprovisionamento de materiais de consumo clínico era feito pelos próprios laboratórios. Eram eles que visitavam as dispensas e as prateleiras dos hospitais. No passado recente isso acontecia. Este ano duvido.
Este ano deixaram de entrar novos medicamentos nos hospitais. A medida justificava-se?
Não é verdade, há apenas uma legislação aprovada sobre a necessidade de haver estudos prévios antes de entrarem nos hospitais. Os hospitais estavam a preparar desde 2005 protocolos de prescrição que estavam a aplicar e são eles que permitem uniformizar as terapêuticas. Não houve um congelamento. Houve um despacho de suspensão que vigorou 25 dias.
Prioridades de CC
Primeiro resolver um problema de disfunção congénita nos cuidados primários, que esbateram a relação personalizada entre o cidadão e o seu médico de família. Por outro lado, estamos a tapar um buraco negro de falta de meios de cuidados de saúde para os idosos e dependentes.
Avaliação dos novos Medicamentos
A entidade que vai avaliar os novos medicamentos que são propostos para compra dos hospitais já existe, há protocolos internacionais, há especialistas que têm vindo a Portugal, e o próprio Infarmed tem peritos altamente qualificados em economia da saúde.
Faltam Médicos em Portugal
Herdámos uma escassez considerável de pessoal médico. É uma situação ameaçadora nos próximos anos, devido ao envelhecimento dos profissionais. Estamos a fazer uma engenharia complexa para termos profissionais colocados nos locais onde a qualidade deve ser acrescentada.
Quanto vai receber o Estado com as novas taxas moderadoras nos internamentos?
Na totalidade, as taxas moderadoras, com os ajustamentos – isto é, a actualização de 5% –, representam um acréscimo de cerca de 2,5 milhões de euros. A criação da taxa de internamento dará qualquer coisa que não chega a dez milhões de euros.
É pouco dinheiro. Vale a pena?
É muito pouco, mas é simbólico, porque valoriza o acto, [médico], responsabiliza o paciente e o prestador. É qualquer coisa que torna os hospitais mais interessados na procura das receitas, quer nas taxas moderadoras, quer sobretudo nas receitas vindas de serviços prestados a companhias de seguros e subsistemas, onde tradicionalmente tem havido algum relaxamento, matéria que estamos obviamente a combater. Além disso, lamento que tenha passado despercebido na comunicação social que há uma enorme gama de pessoas isentas das taxas moderadoras: cerca de 55%.
Mas acha as taxas diferenciadas um bom princípio?
É possível e até desejável. Gostava de ter um instrumento que distinguisse entre a isenção total e o pagamento, que fizesse a separação por patamares, mas essa engenharia financeira é muito difícil porque torna o sistema inoperacional e muito sujeito a fraude. Isto acontece, aliás, já em nove países da UE.
Que áreas da despesa hospitalar o preocupam mais?
As horas extraordinárias e o descontrolo na aquisição de medicamentos e material de consumo clínico. Havia hospitais onde o reaprovisionamento de materiais de consumo clínico era feito pelos próprios laboratórios. Eram eles que visitavam as dispensas e as prateleiras dos hospitais. No passado recente isso acontecia. Este ano duvido.
Este ano deixaram de entrar novos medicamentos nos hospitais. A medida justificava-se?
Não é verdade, há apenas uma legislação aprovada sobre a necessidade de haver estudos prévios antes de entrarem nos hospitais. Os hospitais estavam a preparar desde 2005 protocolos de prescrição que estavam a aplicar e são eles que permitem uniformizar as terapêuticas. Não houve um congelamento. Houve um despacho de suspensão que vigorou 25 dias.
Prioridades de CC
Primeiro resolver um problema de disfunção congénita nos cuidados primários, que esbateram a relação personalizada entre o cidadão e o seu médico de família. Por outro lado, estamos a tapar um buraco negro de falta de meios de cuidados de saúde para os idosos e dependentes.
Avaliação dos novos Medicamentos
A entidade que vai avaliar os novos medicamentos que são propostos para compra dos hospitais já existe, há protocolos internacionais, há especialistas que têm vindo a Portugal, e o próprio Infarmed tem peritos altamente qualificados em economia da saúde.
Faltam Médicos em Portugal
Herdámos uma escassez considerável de pessoal médico. É uma situação ameaçadora nos próximos anos, devido ao envelhecimento dos profissionais. Estamos a fazer uma engenharia complexa para termos profissionais colocados nos locais onde a qualidade deve ser acrescentada.
3 Comments:
Quem legou a herança da falta de médicos a CC?
Herdamos...outra precisão que merece ser feita. Não pode passar a ideia que CC recebeu nesta matéria uma pesada herança.
Na verdade os vários e sucessivos governos não foram capazes de criar condições para o aumento da oferta de cursos de medicina.
E os aumentos com novos cursos foram também muito tímidos.
Não concordo com o ministro quando afirma que a prioridade da sua gvernação são os cuidados primários.
A sua primeira prioridade têm sido os cortes, o controlo da despesa, a visão economicista e tecnocrática da Saúde.
É preciso ter lata, senhor MS, para dizer que as taxas de punição não são co-pagamentos. Então o que são? São assaltos aos bolso dos doentes?! Eu diria que são uma coisa e outra.
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