segunda-feira, novembro 13

Eu, cidadão ingrato me confesso

Excelente intervenção do Ministro Correia de Campos. Finalmente claro, decidido, tranquilizador e definidor de um percurso de reforma coerente. Pena foi a hora do dia, longe dos "prime times". Relevemos, por isso, a ingratidão a que o exercício político é sujeito, particularmente pelos pares.
Contidos os desregramentos orçamentais, reorganizada a administração, regulada a procura e racionalizada a oferta, dificilmente alguém faria tanto em tão pouco tempo e com tão escassos recursos.
Revogado o plano de reorganização da farmácia hospitalar, liberalizadas as farmácias, criada mais uma missão para cuidados eternos, por 3 anos renováveis, o novo paradigma dos cuidados primários em velocidade de cruzeiro, a reforma da saúde pública em grande desempenho, ultrapassados os constrangimentos estruturais impostos pelos lóbis dos medicamentos e de outras tecnologias de saúde, validado o novo sistema de informação em saúde ("paper free", by the way), estabilizado o "turn over" dos recursos humanos e sem qualquer problema de maior na gestão, na produtividade e na eficiência do desempenho hospitalar, de que me posso queixar, afinal ?
Seguramente que não é dos dentistas. Seguramente que não é dos podologistas nem dos bombeiros.
Queixo-me de mim que, ingrato e demagogo, concentro as minhas amarguras corporativas e os meus inconfessáveis interesses instalados a verberar um ministro estratega, clarividentemente visionário e comprometido com objectivos sociais tangiveis.

Estou, finalmente, rendido. Por isso, e mesmo sabendo da inverosimelhança, lamento que o PS não possa fazer congressos nacionais de 6 em 6 meses.

Porque bem cedo, logo ao início dos trabalhos, lá estaria uma estrela redentora, qual Belchior a caminho de Belém, para nos sossegar e motivar.
guidobaldo